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Investidor cidadão
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Investidor cidadão
Aplicar as poupanças em Certificados do Tesouro e outras dívidas do Estado é uma falta de senso absoluto! O cidadão preocupado com a utilidade económica das suas poupanças deverá procurar intervir diretamente (...) no desenvolvimento das empresas.
Se os governos deixaram parte das suas prerrogativas nas mãos de entidades como a União Europeia, o BCE, a OMC ou o FMI, os cidadãos descobrem que têm poderes para além dos que decorrem do seu voto. Decidem como consomem e aplicam as suas poupanças!
O campo pro-Trump lançou recentemente um apelo ao boicote das cervejas Budweiser, depois da difusão de um anúncio que mostrava a caminhada épica e comovente do seu fundador Adolphus Busch, um emigrante alemão que fundou em 1876 aquilo que se tornou uma das maiores empresas de cerveja mundial. Dias depois, a cadeia de vestuário Nordstrom terminou a sua parceria com Ivanka Trump, desencadeando a fúria via Twitter do seu pai presidente. Nordstrom estava no topo de uma lista de marcas a boicotar, publicada no site "Grab your Wallet" que referencia empresas de bens e serviços com ligações ao império Trump.
A polarização do debate político nos Estados Unidos traz-nos exemplos diários de apelos como estes, a um "consumo cidadão" que procura influenciar as empresas nas suas escolhas de fornecedores, de locais de investimento e de mensagens promovidas. Essa influência é amplificada pela ressonância das redes sociais, que é reforçada quando as mensagens são enviadas ou reencaminhadas pelo próprio presidente dos Estados Unidos!
Esse poder de influência do cidadão não se limita ao que consome. A forma como poupa e investe tem um impacto superior, apesar de mais discreto. Se o cidadão americano tivesse poupado e investido como o português, teria sido provável que o desempenho da economia americana fosse próximo do nosso: entre 2000 e 2015, o PIB em dólares por habitante em Portugal estagnou, enquanto progredia cerca de 15% nos Estados Unidos. Esta divergência é ainda mais grave se considerarmos o facto de Portugal partir de um nível baixo, correspondendo a cerca de metade do americano: os portugueses continuam pobres, enquanto os americanos estão, em média, cada vez mais ricos.
Felizmente esta constatação do passado não é sinónimo de um futuro inelutável! O cidadão português pode mudar a forma como poupa e investe para transformar a dinâmica de criação de riqueza do país. Aqui vêm algumas pistas!
Em primeiro lugar, parece trivial, mas para investir é preciso poupar. Com taxas de poupança próximas de 0% em Portugal, ou mesmo negativas se considerarmos apenas a poupança financeira, o nosso país tornou-se o pior aluno da OCDE nessa matéria. O período "pos-troïka" ficou marcado com a restituição de salários na função pública, a diminuição das retenções extraordinárias e a queda significativa da taxa de desemprego, ao mesmo tempo que caía a taxa de poupança! Difícil de entender…
Enquanto cidadão investidor, quero que a minha poupança sirva para "gerar riqueza". Aplicá-la em Certificados do Tesouro e outras dívidas do Estado é uma falta de senso absoluto! É oportuno duvidar da capacidade da despesa pública, mesmo bem gerida, em gerar crescimento. E quanto mais os cidadãos forem reticentes a financiar o Estado de olhos fechados, maior será o incentivo para uma gestão prudente da despesa pública.
Se formos mais longe, o cidadão preocupado com a utilidade económica das suas poupanças deverá procurar intervir o mais diretamente possível no desenvolvimento das empresas. Depósitos bancários não são a solução, já que servem principalmente para financiamento imobiliário e consumo, pouco ou nada produtivo. E quando por sorte os bancos financiam empresas, os "casos" e os valores exorbitantes de crédito malparado sofridos pela banca portuguesa mostram-nos que os critérios de seleção nem sempre são os mais adequados. Financiar "empresas zombie" ou "empresas estratégicas" não é do interesse do investidor cidadão.
Que soluções é que restam para quem quer investir utilmente? Com a bolsa portuguesa a servir de espantalho para os mais atrevidos, promover o investimento em ações não é tarefa fácil. Ainda mais quando não existe do lado dos empresários portugueses a vontade de abrir o capital das suas empresas, de investir numa expansão nacional ou internacional, e de uma forma mais geral, de deixar de considerar as empresas que gerem como uma extensão do seu património individual.
Enquanto não existirem condições para um investimento cidadão eficaz em Portugal, resta-nos alargar o círculo de possibilidades e apostar em empresas europeias. Nos últimos 8 anos, o índice de médias empresas francesas cresceu 18% ao ano, enquanto o PSI20 perdia 4,2% ao ano. E a sua poupança, quanto é que rendeu?
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Diogo Santos Teixeira | Optimize
13 de fevereiro de 2017 às 10:47
Negócios
Se os governos deixaram parte das suas prerrogativas nas mãos de entidades como a União Europeia, o BCE, a OMC ou o FMI, os cidadãos descobrem que têm poderes para além dos que decorrem do seu voto. Decidem como consomem e aplicam as suas poupanças!
O campo pro-Trump lançou recentemente um apelo ao boicote das cervejas Budweiser, depois da difusão de um anúncio que mostrava a caminhada épica e comovente do seu fundador Adolphus Busch, um emigrante alemão que fundou em 1876 aquilo que se tornou uma das maiores empresas de cerveja mundial. Dias depois, a cadeia de vestuário Nordstrom terminou a sua parceria com Ivanka Trump, desencadeando a fúria via Twitter do seu pai presidente. Nordstrom estava no topo de uma lista de marcas a boicotar, publicada no site "Grab your Wallet" que referencia empresas de bens e serviços com ligações ao império Trump.
A polarização do debate político nos Estados Unidos traz-nos exemplos diários de apelos como estes, a um "consumo cidadão" que procura influenciar as empresas nas suas escolhas de fornecedores, de locais de investimento e de mensagens promovidas. Essa influência é amplificada pela ressonância das redes sociais, que é reforçada quando as mensagens são enviadas ou reencaminhadas pelo próprio presidente dos Estados Unidos!
Esse poder de influência do cidadão não se limita ao que consome. A forma como poupa e investe tem um impacto superior, apesar de mais discreto. Se o cidadão americano tivesse poupado e investido como o português, teria sido provável que o desempenho da economia americana fosse próximo do nosso: entre 2000 e 2015, o PIB em dólares por habitante em Portugal estagnou, enquanto progredia cerca de 15% nos Estados Unidos. Esta divergência é ainda mais grave se considerarmos o facto de Portugal partir de um nível baixo, correspondendo a cerca de metade do americano: os portugueses continuam pobres, enquanto os americanos estão, em média, cada vez mais ricos.
Felizmente esta constatação do passado não é sinónimo de um futuro inelutável! O cidadão português pode mudar a forma como poupa e investe para transformar a dinâmica de criação de riqueza do país. Aqui vêm algumas pistas!
Em primeiro lugar, parece trivial, mas para investir é preciso poupar. Com taxas de poupança próximas de 0% em Portugal, ou mesmo negativas se considerarmos apenas a poupança financeira, o nosso país tornou-se o pior aluno da OCDE nessa matéria. O período "pos-troïka" ficou marcado com a restituição de salários na função pública, a diminuição das retenções extraordinárias e a queda significativa da taxa de desemprego, ao mesmo tempo que caía a taxa de poupança! Difícil de entender…
Enquanto cidadão investidor, quero que a minha poupança sirva para "gerar riqueza". Aplicá-la em Certificados do Tesouro e outras dívidas do Estado é uma falta de senso absoluto! É oportuno duvidar da capacidade da despesa pública, mesmo bem gerida, em gerar crescimento. E quanto mais os cidadãos forem reticentes a financiar o Estado de olhos fechados, maior será o incentivo para uma gestão prudente da despesa pública.
Se formos mais longe, o cidadão preocupado com a utilidade económica das suas poupanças deverá procurar intervir o mais diretamente possível no desenvolvimento das empresas. Depósitos bancários não são a solução, já que servem principalmente para financiamento imobiliário e consumo, pouco ou nada produtivo. E quando por sorte os bancos financiam empresas, os "casos" e os valores exorbitantes de crédito malparado sofridos pela banca portuguesa mostram-nos que os critérios de seleção nem sempre são os mais adequados. Financiar "empresas zombie" ou "empresas estratégicas" não é do interesse do investidor cidadão.
Que soluções é que restam para quem quer investir utilmente? Com a bolsa portuguesa a servir de espantalho para os mais atrevidos, promover o investimento em ações não é tarefa fácil. Ainda mais quando não existe do lado dos empresários portugueses a vontade de abrir o capital das suas empresas, de investir numa expansão nacional ou internacional, e de uma forma mais geral, de deixar de considerar as empresas que gerem como uma extensão do seu património individual.
Enquanto não existirem condições para um investimento cidadão eficaz em Portugal, resta-nos alargar o círculo de possibilidades e apostar em empresas europeias. Nos últimos 8 anos, o índice de médias empresas francesas cresceu 18% ao ano, enquanto o PSI20 perdia 4,2% ao ano. E a sua poupança, quanto é que rendeu?
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Diogo Santos Teixeira | Optimize
13 de fevereiro de 2017 às 10:47
Negócios
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