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Tratar bem dos nossos melhores
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Tratar bem dos nossos melhores
Estamos cada vez mais velhos, mas não sabemos tratar de quem tem mais idade. É o que demonstra o primeiro retrato feito à realidade europeia e o que se vê é coisa capaz de nos envergonhar. Desnutrição, solidão e depressão são as palavras mais usadas, sobretudo quando se olha para os velhinhos que vivem em lares. E Portugal, onde um quinto da população tem mais de 65 anos - uma das proporções mais altas do mundo - está no fim da tabela dos cuidados que dedica aos mais velhos.
É aqui que eles são mais abandonados e têm menos profissionais dedicados ao seu bem-estar (0,4 por cada 100 idosos, enquanto em Espanha são 2,9, segundo um estudo da Organização Mundial de Trabalho sobre proteção continuada, em 46 países). E é também aqui, de acordo com o ranking mundial da Global AgeWatche, que lhes dedicamos a menor fatia orçamental (pior, só em Malta e na Grécia): 0,1% do PIB, o que significa que, enquanto cada norueguês contribui com 8 mil dólares para garantir os melhores cuidados continuados, aqui dispensamos o equivalente a 136 dólares.
E no entanto, Portugal é o quinto país mais envelhecido da Europa: por cada miúdo com menos de 10 anos, há duas pessoas com mais de 65.
Nos últimos pouco mais que cem anos, a esperança média de vida na Europa praticamente duplicou. Nos primeiros anos do século passado, vivia-se em média até aos 50; a mais recente análise da Lancet, cujos resultados foram agora apresentados, aponta para que vamos atingir os 90 na próxima década.
No entanto, as diferenças culturais entre as diferentes regiões do mundo na forma de lidar os seus velhinhos são dramáticas. Se em África ou na Ásia os mais velhos são tratados com respeito e reverência, por estas bandas, na maioria das vezes eles são vistos como empecilhos. Já não trabalham, mas esgotam os recursos da segurança social; entopem centros de saúde e hospitais; tornam-se dependentes e maçadores.
Se a forma como tratamos os mais frágeis é o melhor retrato que podemos ter de uma sociedade, estamos mesmo muito mal nesta fotografia. Em África, onde os níveis de analfabetismo estão ainda no nível dos milhões de pessoas, em muitos países ainda se repete as palavras do poeta do Mali Amadou Hampaté-Bâ: "Quando morre um velho, é como se tivesse ardido toda uma biblioteca". A experiência é valorizada, a sabedoria considerada, a antiguidade respeitada. Mesmo quando a fragilidade física e/ou mental já não permite grande partilha, os mais velhos vivem integrados e são bem cuidados pela comunidade.
Também na Ásia, fruto da tradição confucionista da dedicação filial, os mais velhos têm tratamento e cuidados especiais. No país onde em 1950 havia já 5% da população com idades acima dos 65 - hoje é mais de um quarto dos japoneses -, três em cada quatro idosos vivem com os filhos. Na China, a Lei dos Direitos dos Idosos determina que, independentemente de quão longe vivam, os filhos estão obrigados a visitar frequentemente os pais - uma regra semelhante foi adotada há uma década em França, para combater a alta taxa de suicídios de idosos. O papel dos mais velhos nas sociedades asiáticas é aliás extraordinariamente relevante, o que também se justifica pelo hábito enraizado de se manterem ativos - ajudam os mais jovens em trabalhos e funções específicas, fazem exercício, movimentam-se - até serem fisicamente incapazes de se mexer.
Bons exemplos que devíamos copiar, antes de sermos nós próprios velhinhos.
23 DE FEVEREIRO DE 2017
00:03
Joana Petiz
Diário de Notícias
É aqui que eles são mais abandonados e têm menos profissionais dedicados ao seu bem-estar (0,4 por cada 100 idosos, enquanto em Espanha são 2,9, segundo um estudo da Organização Mundial de Trabalho sobre proteção continuada, em 46 países). E é também aqui, de acordo com o ranking mundial da Global AgeWatche, que lhes dedicamos a menor fatia orçamental (pior, só em Malta e na Grécia): 0,1% do PIB, o que significa que, enquanto cada norueguês contribui com 8 mil dólares para garantir os melhores cuidados continuados, aqui dispensamos o equivalente a 136 dólares.
E no entanto, Portugal é o quinto país mais envelhecido da Europa: por cada miúdo com menos de 10 anos, há duas pessoas com mais de 65.
Nos últimos pouco mais que cem anos, a esperança média de vida na Europa praticamente duplicou. Nos primeiros anos do século passado, vivia-se em média até aos 50; a mais recente análise da Lancet, cujos resultados foram agora apresentados, aponta para que vamos atingir os 90 na próxima década.
No entanto, as diferenças culturais entre as diferentes regiões do mundo na forma de lidar os seus velhinhos são dramáticas. Se em África ou na Ásia os mais velhos são tratados com respeito e reverência, por estas bandas, na maioria das vezes eles são vistos como empecilhos. Já não trabalham, mas esgotam os recursos da segurança social; entopem centros de saúde e hospitais; tornam-se dependentes e maçadores.
Se a forma como tratamos os mais frágeis é o melhor retrato que podemos ter de uma sociedade, estamos mesmo muito mal nesta fotografia. Em África, onde os níveis de analfabetismo estão ainda no nível dos milhões de pessoas, em muitos países ainda se repete as palavras do poeta do Mali Amadou Hampaté-Bâ: "Quando morre um velho, é como se tivesse ardido toda uma biblioteca". A experiência é valorizada, a sabedoria considerada, a antiguidade respeitada. Mesmo quando a fragilidade física e/ou mental já não permite grande partilha, os mais velhos vivem integrados e são bem cuidados pela comunidade.
Também na Ásia, fruto da tradição confucionista da dedicação filial, os mais velhos têm tratamento e cuidados especiais. No país onde em 1950 havia já 5% da população com idades acima dos 65 - hoje é mais de um quarto dos japoneses -, três em cada quatro idosos vivem com os filhos. Na China, a Lei dos Direitos dos Idosos determina que, independentemente de quão longe vivam, os filhos estão obrigados a visitar frequentemente os pais - uma regra semelhante foi adotada há uma década em França, para combater a alta taxa de suicídios de idosos. O papel dos mais velhos nas sociedades asiáticas é aliás extraordinariamente relevante, o que também se justifica pelo hábito enraizado de se manterem ativos - ajudam os mais jovens em trabalhos e funções específicas, fazem exercício, movimentam-se - até serem fisicamente incapazes de se mexer.
Bons exemplos que devíamos copiar, antes de sermos nós próprios velhinhos.
23 DE FEVEREIRO DE 2017
00:03
Joana Petiz
Diário de Notícias
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