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Arquitectura para o Ensino
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Arquitectura para o Ensino
A escola primária do Porto Santo, projectada em 1959 por Chorão Ramalho é outro belo, e maltratado, exemplo de arquitectura moderna
Reza a história que, na Grécia Antiga, Aristóteles gostava de ensinar deambulando sob as copas das árvores que rodeavam o Lyceum de Atenas. As sociedades contemporâneas pouco herdaram desta sofisticada itinerância (só possível, talvez, porque não existiam na Grécia Antiga nem carreiras docentes nem Ministério da Educação...). Hoje, professores e alunos exigem condições: uns para ensinar, outros para aprender. Aos arquitectos cabe desenhar os espaços que melhor se adequem a estas práticas, tornando-as mais eficazes e, se possível, mais felizes as vidas de quem educa e quem aprende.
É sabido que a arquitectura, por si só, não educa nem traz felicidade a ninguém. Sou testemunha disso: a escola primária que frequentei, projectada pelo arquitecto Ruy d’Athouguia na primeira metade dos anos 50 do século passado - um belo exemplar do que de melhor nos legou o Movimento Moderno em Portugal - era uma festa de espaço e de luz, um lugar onde havia tudo para uma criança aprender com alegria a tabuada. A verdade, porém, é que não consigo hoje relembrá-la sem reviver o regime de terror que ali imperava, a bordoada que eu e os meus companheiros de infortúnio apanhamos de professores (irremediavelmente) primários. Não, a arquitectura, por si só, dificilmente traz felicidade a alguém.
Mas pode ajudar muito os professores que gostam de ensinar e os alunos mais distraídos. Por isso tem de ser preocupação de todos a qualidade dos espaços onde crianças e jovens crescem estudando. A Madeira tem boa arquitectura escolar e devia acarinhá-la: a Francisco Franco e a Jaime Moniz são dois excelentes exemplos da solidez e sobriedade com que se desenhavam e construíam os antigos liceus (nesta última, uma promessa de “renovação” que se propõe substituir caixilhos de madeira com quase 80 anos por alumínio faz temer o pior...). A escola primária do Porto Santo, projectada em 1959 por Chorão Ramalho é outro belo, e maltratado, exemplo de arquitectura moderna com, imagine-se!, “cobertura de salão” - a cobertura em terra tradicional naquela ilha.
Nos últimos 40 anos, porém, a mediocridade proliferou. Projectos de escolas importados e mal adaptados aos lugares onde se implantam tornam a frequência destes estabelecimentos uma experiência dolorosa para alunos e professores: errada exposição solar das salas de aula; ausência de espaços verdes; acessos caóticos. A sua desadaptação faz lembrar a das escolas do continente de finais dos anos 70, inspiradas em modelos dos países nórdicos: junto à entrada dos alunos tinham até lugar para os encaixes dos skis...
Tudo isto são razões mais do que suficientes para que, na comemoração anual do Dia da Arquitectura, a Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos vá levar a efeito, em Outubro deste ano, uma conferência internacional intitulada “Arquitectura Para o Ensino”. Estamos já a convidar um variado painel de especialistas no tema, e nela contamos com a participação de todos: professores, educadores, pais, alunos, decisores políticos e todos os interessados no ensino e nos seus problemas.
RUI CAMPOS MATOS , ARQUITECTO /13 MAR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
Reza a história que, na Grécia Antiga, Aristóteles gostava de ensinar deambulando sob as copas das árvores que rodeavam o Lyceum de Atenas. As sociedades contemporâneas pouco herdaram desta sofisticada itinerância (só possível, talvez, porque não existiam na Grécia Antiga nem carreiras docentes nem Ministério da Educação...). Hoje, professores e alunos exigem condições: uns para ensinar, outros para aprender. Aos arquitectos cabe desenhar os espaços que melhor se adequem a estas práticas, tornando-as mais eficazes e, se possível, mais felizes as vidas de quem educa e quem aprende.
É sabido que a arquitectura, por si só, não educa nem traz felicidade a ninguém. Sou testemunha disso: a escola primária que frequentei, projectada pelo arquitecto Ruy d’Athouguia na primeira metade dos anos 50 do século passado - um belo exemplar do que de melhor nos legou o Movimento Moderno em Portugal - era uma festa de espaço e de luz, um lugar onde havia tudo para uma criança aprender com alegria a tabuada. A verdade, porém, é que não consigo hoje relembrá-la sem reviver o regime de terror que ali imperava, a bordoada que eu e os meus companheiros de infortúnio apanhamos de professores (irremediavelmente) primários. Não, a arquitectura, por si só, dificilmente traz felicidade a alguém.
Mas pode ajudar muito os professores que gostam de ensinar e os alunos mais distraídos. Por isso tem de ser preocupação de todos a qualidade dos espaços onde crianças e jovens crescem estudando. A Madeira tem boa arquitectura escolar e devia acarinhá-la: a Francisco Franco e a Jaime Moniz são dois excelentes exemplos da solidez e sobriedade com que se desenhavam e construíam os antigos liceus (nesta última, uma promessa de “renovação” que se propõe substituir caixilhos de madeira com quase 80 anos por alumínio faz temer o pior...). A escola primária do Porto Santo, projectada em 1959 por Chorão Ramalho é outro belo, e maltratado, exemplo de arquitectura moderna com, imagine-se!, “cobertura de salão” - a cobertura em terra tradicional naquela ilha.
Nos últimos 40 anos, porém, a mediocridade proliferou. Projectos de escolas importados e mal adaptados aos lugares onde se implantam tornam a frequência destes estabelecimentos uma experiência dolorosa para alunos e professores: errada exposição solar das salas de aula; ausência de espaços verdes; acessos caóticos. A sua desadaptação faz lembrar a das escolas do continente de finais dos anos 70, inspiradas em modelos dos países nórdicos: junto à entrada dos alunos tinham até lugar para os encaixes dos skis...
Tudo isto são razões mais do que suficientes para que, na comemoração anual do Dia da Arquitectura, a Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos vá levar a efeito, em Outubro deste ano, uma conferência internacional intitulada “Arquitectura Para o Ensino”. Estamos já a convidar um variado painel de especialistas no tema, e nela contamos com a participação de todos: professores, educadores, pais, alunos, decisores políticos e todos os interessados no ensino e nos seus problemas.
RUI CAMPOS MATOS , ARQUITECTO /13 MAR 2017 / 02:00 H.
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