Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 277 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 277 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Percepção
Página 1 de 1
Percepção
O desenvolvimento de tecnologia de encriptação e registo dos pagamentos é um mundo novo ainda desconhecido, mas com efeitos que já são reais.
Em Dezembro de 2015, e após sete anos de taxas zero e de 4 mil milhões de dólares em compras de dívida pública e privada, a Reserva Federal (FED) deu início a uma subida sustentável dos juros. Este processo deverá ser agora acelerado tendo em conta as perspectivas de investimento público e crescimento americanos. O BCE, que normalmente segue o caminho da FED com quatro anos de atraso, irá também alterar a sua política monetária, o que implica uma subida gradual das taxas de juro a partir de 2018. Para os governos endividados este será um entrave ao crescimento, uma vez que os custos com o serviço da dívida e os juros pagos tenderão a aumentar.
No caso dos EUA, por cada 1% de aumento na taxa de juro o governo terá de pagar mais 200 mil milhões de dólares em juros. Em Portugal, um aumento desta natureza implicaria pagar mais 2,4 mil milhões de euros por ano, ou seja, metade do défice de 2016. Fica claro que os orçamentos dos países muito endividados não aguentam um ritmo acelerado na subida dos juros, uma vez que consume recursos destinados ao investimento. No entanto, se esta subida for percepcionada como uma alteração da política monetária pode trazer efeitos positivos no curto prazo, visto os consumidores anteciparem a compra de bens e, por esta via, os pedidos de crédito, garantindo uma taxa, ou spread, mais baixa. Dois exemplos: a venda de imóveis para arrendamento ou a compra de automóveis.
A subida dos juros dará também origem a uma discussão profunda acerca da capacidade de pagamento da dívida actual e de um perdão global. Aqui, as moedas virtuais têm tido um papel essencial. As alterações significativas que irão ocorrer no sector financeiro ao nível dos pagamentos nos próximos cinco anos, a incerteza quanto às consequências dos juros baixos, a busca de anonimato ou, simplesmente, a constituição de um sistema alternativo de pagamentos têm vindo a atrair muito dinheiro para as moedas electrónicas, percepcionadas como uma alternativa ao dinheiro físico. O desenvolvimento de tecnologia de encriptação e registo dos pagamentos é um mundo novo ainda desconhecido, mas com efeitos que já são reais. A euforia chegou a moedas como o Ethereum, que triplicou de preço desde o início do ano, valendo mais de 25 euros cada, e ao Bitcoin, que já vale mais do que uma onça de ouro.
O mundo irá mudar radicalmente e tanto os governos e como o sector financeiro não poderão escapar a esta onda de inovação. Entretanto, procuramos culpados em vez de discutirmos o sistema em si, nomeadamente os conflitos de interesse instalados e, sobretudo, o futuro.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Pedro Lino, Economista
00:11
Jornal Económico
Em Dezembro de 2015, e após sete anos de taxas zero e de 4 mil milhões de dólares em compras de dívida pública e privada, a Reserva Federal (FED) deu início a uma subida sustentável dos juros. Este processo deverá ser agora acelerado tendo em conta as perspectivas de investimento público e crescimento americanos. O BCE, que normalmente segue o caminho da FED com quatro anos de atraso, irá também alterar a sua política monetária, o que implica uma subida gradual das taxas de juro a partir de 2018. Para os governos endividados este será um entrave ao crescimento, uma vez que os custos com o serviço da dívida e os juros pagos tenderão a aumentar.
No caso dos EUA, por cada 1% de aumento na taxa de juro o governo terá de pagar mais 200 mil milhões de dólares em juros. Em Portugal, um aumento desta natureza implicaria pagar mais 2,4 mil milhões de euros por ano, ou seja, metade do défice de 2016. Fica claro que os orçamentos dos países muito endividados não aguentam um ritmo acelerado na subida dos juros, uma vez que consume recursos destinados ao investimento. No entanto, se esta subida for percepcionada como uma alteração da política monetária pode trazer efeitos positivos no curto prazo, visto os consumidores anteciparem a compra de bens e, por esta via, os pedidos de crédito, garantindo uma taxa, ou spread, mais baixa. Dois exemplos: a venda de imóveis para arrendamento ou a compra de automóveis.
A subida dos juros dará também origem a uma discussão profunda acerca da capacidade de pagamento da dívida actual e de um perdão global. Aqui, as moedas virtuais têm tido um papel essencial. As alterações significativas que irão ocorrer no sector financeiro ao nível dos pagamentos nos próximos cinco anos, a incerteza quanto às consequências dos juros baixos, a busca de anonimato ou, simplesmente, a constituição de um sistema alternativo de pagamentos têm vindo a atrair muito dinheiro para as moedas electrónicas, percepcionadas como uma alternativa ao dinheiro físico. O desenvolvimento de tecnologia de encriptação e registo dos pagamentos é um mundo novo ainda desconhecido, mas com efeitos que já são reais. A euforia chegou a moedas como o Ethereum, que triplicou de preço desde o início do ano, valendo mais de 25 euros cada, e ao Bitcoin, que já vale mais do que uma onça de ouro.
O mundo irá mudar radicalmente e tanto os governos e como o sector financeiro não poderão escapar a esta onda de inovação. Entretanto, procuramos culpados em vez de discutirmos o sistema em si, nomeadamente os conflitos de interesse instalados e, sobretudo, o futuro.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Pedro Lino, Economista
00:11
Jornal Económico
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin