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Erro de percepção
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Erro de percepção
A promoção turística é responsável por criar no potencial visitante uma fantasia que tenha correspondência com a realidade. Não se pode vender o que não se tem.
Em Outubro de 2015, a Playboy anunciou o desaparecimento das fotografias de nu integral da revista. Com a queda nas vendas, a publicação da coelhinha sentiu a necessidade de se reinventar. Querendo inclusivamente chegar a um público mais jovem, decidiu que a célebre desculpa do “comprei para ler os artigos” ia tornar-se verdade. A semana passada inverteu este caminho. Cooper Hefner admitiu o erro estratégico e disse-se determinado a recuperar a identidade da marca que dirige.
Este exemplo ilustra quão desafiante é acompanhar a evolução dos tempos mantendo a fidelidade àquilo que se é. Um desafio que o turismo conhece particularmente bem. Aliás, a Playboy podia ter aprendido com o exemplo de Las Vegas. Nos anos 90, a “Sin City” quis conquistar o segmento familiar. Surgiram, assim, novos parques temáticos, espectáculos, restaurantes e atracções várias pensados para as crianças. E a cidade promoveu-se como um destino para casais com filhos. Convenhamos: não foi para isso que o Bugsy Siegel criou a Strip. Por isso, uns anos depois, Las Vegas estava a reassumir a sua identidade de cidade para maiores de 21 e a garantir que “what happens in Vegas stays in Vegas” – sim, a frase icónica é um slogan turístico.
Em muitos aspectos, a actividade turística não se distingue das demais. Como nos outros negócios, há que atrair clientes, agradar-lhes, fidelizá-los. Só que neste sector as expectativas têm um papel especial. Quem compra um iogurte não sonha com o momento de ingeri-lo. Mas o turista fantasia a sua viagem, imagina-se no destino que escolheu ainda antes de lá chegar. E é importante que, quando chega, não se decepcione. Significa isto que nos devemos conformar à imagem que de nós fizerem? De todo. Significa, sim, que a promoção turística é responsável por criar no potencial visitante uma fantasia que tenha correspondência com a realidade. Não se pode vender o que não se tem.
Perceber isto é tão mais importante quanto o turista actual busca crescentemente experiências feitas de autenticidade. Em boa medida o produto turístico é determinado por características como a localização geográfica, o clima, o relevo, a paisagem ou os monumentos históricos. Mas ser autêntico não é sinónimo de ser imutável. Num sector que tem conhecido profundas mudanças – tendência que se prevê continuar –, há que encontrar o difícil equilíbrio entre seguir aquilo para que se tem vocação, mantendo a flexibilidade para ajustar ao que o mercado pede. A Playboy reintroduziu o nu integral, mas sem a frase “entretenimento para homens”.
A autora escreve segundo a antiga ortografia.
Disclaimer: As opiniões expressas neste artigo são pessoais e vinculam apenas e somente a sua autora.
Vera Gouveia Barros, Economista
01:04
Jornal Económico
Em Outubro de 2015, a Playboy anunciou o desaparecimento das fotografias de nu integral da revista. Com a queda nas vendas, a publicação da coelhinha sentiu a necessidade de se reinventar. Querendo inclusivamente chegar a um público mais jovem, decidiu que a célebre desculpa do “comprei para ler os artigos” ia tornar-se verdade. A semana passada inverteu este caminho. Cooper Hefner admitiu o erro estratégico e disse-se determinado a recuperar a identidade da marca que dirige.
Este exemplo ilustra quão desafiante é acompanhar a evolução dos tempos mantendo a fidelidade àquilo que se é. Um desafio que o turismo conhece particularmente bem. Aliás, a Playboy podia ter aprendido com o exemplo de Las Vegas. Nos anos 90, a “Sin City” quis conquistar o segmento familiar. Surgiram, assim, novos parques temáticos, espectáculos, restaurantes e atracções várias pensados para as crianças. E a cidade promoveu-se como um destino para casais com filhos. Convenhamos: não foi para isso que o Bugsy Siegel criou a Strip. Por isso, uns anos depois, Las Vegas estava a reassumir a sua identidade de cidade para maiores de 21 e a garantir que “what happens in Vegas stays in Vegas” – sim, a frase icónica é um slogan turístico.
Em muitos aspectos, a actividade turística não se distingue das demais. Como nos outros negócios, há que atrair clientes, agradar-lhes, fidelizá-los. Só que neste sector as expectativas têm um papel especial. Quem compra um iogurte não sonha com o momento de ingeri-lo. Mas o turista fantasia a sua viagem, imagina-se no destino que escolheu ainda antes de lá chegar. E é importante que, quando chega, não se decepcione. Significa isto que nos devemos conformar à imagem que de nós fizerem? De todo. Significa, sim, que a promoção turística é responsável por criar no potencial visitante uma fantasia que tenha correspondência com a realidade. Não se pode vender o que não se tem.
Perceber isto é tão mais importante quanto o turista actual busca crescentemente experiências feitas de autenticidade. Em boa medida o produto turístico é determinado por características como a localização geográfica, o clima, o relevo, a paisagem ou os monumentos históricos. Mas ser autêntico não é sinónimo de ser imutável. Num sector que tem conhecido profundas mudanças – tendência que se prevê continuar –, há que encontrar o difícil equilíbrio entre seguir aquilo para que se tem vocação, mantendo a flexibilidade para ajustar ao que o mercado pede. A Playboy reintroduziu o nu integral, mas sem a frase “entretenimento para homens”.
A autora escreve segundo a antiga ortografia.
Disclaimer: As opiniões expressas neste artigo são pessoais e vinculam apenas e somente a sua autora.
Vera Gouveia Barros, Economista
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