O preço da civilização

Países do Norte deviam pagar para aprender a viver.

Um burocrata holandês acusou os países do sul da Europa de gastarem o dinheiro em copos e mulheres. Sim, eu sei: não disse exactamente isso, mas vamos fazer de conta. 

Duas ‘escolas’ de pensamento formaram-se de imediato: de um lado, a quadrilha patrioteira, com António Costa à cabeça, que consegue sempre ser mais grosseira do que os grosseiros; e, do outro, a brigada puritana, que aplaude o burocrata (por ‘dizer as verdades’) e que até gostaria de transformar Portugal numa espécie de Holanda mediterrânica. 

Eu, confesso, ouvi as palavras deliciado e murmurei por dentro: ‘Copos e mulheres: e não é uma bela vida?’ Claro que, racionalmente falando, admito que é feio fazer essa vida com dinheiro dos outros. 

Mas, aqui entre nós, há momentos em que penso que é do interesse dos países do Norte financiarem esta forma de civilização. Para a desfrutarem, claro, e para aprenderem alguma coisa com ela. 

Por João Pereira Coutinho|00:30
Correio da Manhã