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Notas de uma viagem aos antípodas
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Notas de uma viagem aos antípodas
tivemos a oportunidade que é, como diz amigo meu, a de aprender e de, assim, lavar a alma
Circunstâncias de ordem diversa permitiram-nos, este ano, ter a felicidade de cumprir um dos sonhos de vida. Uma viagem (com tempo !) à Austrália e à Nova Zelândia, países por onde cirandámos durante quase 6 semanas.
Países novos, mau grado habitados há milhares de anos, são hoje (nomeadamente após a implementação de políticas de reconciliação com os povos aborígenes iniciadas nos anos 80 do século passado) territórios em que a dinâmica cultural é a que com que muitos sonhamos, de fusão entre os muitos traços dos diferentes povos que os habitam.
Qual parêntesis, importa referir que as citadas políticas passaram, naturalmente, por um pedido formal de desculpas, ao qual se sobrepõe, porém e qual ação concreta diária, a tentativa de ressarcir aqueles povos das mais diversas formas, de que as maiores são, indiscutivelmente, a exaltação e propagação, em muitos planos, dos seus valores culturais (entre os quais tem cabimento referir, um, simbólico mas pertinente, qual seja o da existência de bandeiras aborígenes que flutuam também em edifícios públicos) para além de compensações financeiro-económicas de diversa ordem.
Em termos organizacionais e apesar da inegável preponderância ocidental no plano institucional mais formal, nomeadamente no âmbito do sistema político-económico (se bem que a valorização da agricultura e da pecuária tenha uma dimensão muito própria), a realidade é que, também a este nível, se nota já alguma miscigenação, com o reconhecimento, no debate de matérias em que a gestão territorial-ambiental tem alguma predominância, do papel de líderes comunitários tradicionais, circunstância que está, aliás, em linha com os fundamentos das políticas encetadas no final do século XX.
Noutros planos do quotidiano, o referido processo de aculturação é evidente a todos os níveis, entre outros e nos que são mais marcantes, da arte à gastronomia passando pela arquitetura, percebendo-se também no desporto a integração de práticas que acrescentam valor a todos os cidadãos e às sociedades como um todo.
A sublinhar ainda neste vivenciar diário de desconstruções e de reconstrução social e cultural, constata-se o envolvimento generalizado de todos sem exceção, tão mais acentuado quanto o viver e o contacto informalizados permitem relações muito mais próximas e imediatas entre todas as pessoas, não sujeitas, como a generalidade nas sociedades europeias (em especial as continentais e de que a portuguesa é também “exemplo”), à distância “construída” que se denota nos mais simples gestos, distância essa que induz tanta parcimónia que o formal se acaba por sobrepor à substância e, como o refere autor americano da área da Educação, se limitam (e matam mesmo nalguns casos) as capacidades criativa e de inovação.
Foi, portanto, neste plano, que é o mais interessante de qualquer viagem, o da imersão no viver quotidiano, que tivemos a oportunidade de estar durante cerca de um mês e meio, oportunidade que é, como diz amigo meu, a de aprender e de, assim, lavar a alma.
Tendo falado de aspetos gerais que têm afinidades nos dois países, há, obviamente, especificidades que os diferenciam, mas, sinceramente, “não há que tirar de um para pôr no outro”. Dito isto, a finalizar e só para que melhor se perceba o impacto que referimos da (quase obrigatoriedade da) fusão cultural, terminaria com um dado estatístico sobre Queenstown, cidade de cerca de 20 mil habitantes e onde vivem cidadãos com mais de 60 nacionalidades, inclusive e como é também natural, portugueses.
Termino com um dado que não me parece despiciendo, em especial por ser matéria em aberto na nossa terra. As nove viagens de avião que fizemos (na Emirates e na Qantas, ambas companhias de renome e qualidade superior) tiveram um custo médio de 5 cêntimos por Km, o mesmo é dizer 3 vezes menos do que a média das últimas viagens de avião entre o Funchal e Lisboa ... e 6 vezes menos do que o meu neto de 2 anos pagou, o verão passado, entre Lisboa e o Porto Santo, numa companhia que está obrigada a serviço público de transporte e a contribuir para o desenvolvimento da economia do país (e de todas as suas regiões !).
FRANCISCO SANTOS / 04 ABR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
Circunstâncias de ordem diversa permitiram-nos, este ano, ter a felicidade de cumprir um dos sonhos de vida. Uma viagem (com tempo !) à Austrália e à Nova Zelândia, países por onde cirandámos durante quase 6 semanas.
Países novos, mau grado habitados há milhares de anos, são hoje (nomeadamente após a implementação de políticas de reconciliação com os povos aborígenes iniciadas nos anos 80 do século passado) territórios em que a dinâmica cultural é a que com que muitos sonhamos, de fusão entre os muitos traços dos diferentes povos que os habitam.
Qual parêntesis, importa referir que as citadas políticas passaram, naturalmente, por um pedido formal de desculpas, ao qual se sobrepõe, porém e qual ação concreta diária, a tentativa de ressarcir aqueles povos das mais diversas formas, de que as maiores são, indiscutivelmente, a exaltação e propagação, em muitos planos, dos seus valores culturais (entre os quais tem cabimento referir, um, simbólico mas pertinente, qual seja o da existência de bandeiras aborígenes que flutuam também em edifícios públicos) para além de compensações financeiro-económicas de diversa ordem.
Em termos organizacionais e apesar da inegável preponderância ocidental no plano institucional mais formal, nomeadamente no âmbito do sistema político-económico (se bem que a valorização da agricultura e da pecuária tenha uma dimensão muito própria), a realidade é que, também a este nível, se nota já alguma miscigenação, com o reconhecimento, no debate de matérias em que a gestão territorial-ambiental tem alguma predominância, do papel de líderes comunitários tradicionais, circunstância que está, aliás, em linha com os fundamentos das políticas encetadas no final do século XX.
Noutros planos do quotidiano, o referido processo de aculturação é evidente a todos os níveis, entre outros e nos que são mais marcantes, da arte à gastronomia passando pela arquitetura, percebendo-se também no desporto a integração de práticas que acrescentam valor a todos os cidadãos e às sociedades como um todo.
A sublinhar ainda neste vivenciar diário de desconstruções e de reconstrução social e cultural, constata-se o envolvimento generalizado de todos sem exceção, tão mais acentuado quanto o viver e o contacto informalizados permitem relações muito mais próximas e imediatas entre todas as pessoas, não sujeitas, como a generalidade nas sociedades europeias (em especial as continentais e de que a portuguesa é também “exemplo”), à distância “construída” que se denota nos mais simples gestos, distância essa que induz tanta parcimónia que o formal se acaba por sobrepor à substância e, como o refere autor americano da área da Educação, se limitam (e matam mesmo nalguns casos) as capacidades criativa e de inovação.
Foi, portanto, neste plano, que é o mais interessante de qualquer viagem, o da imersão no viver quotidiano, que tivemos a oportunidade de estar durante cerca de um mês e meio, oportunidade que é, como diz amigo meu, a de aprender e de, assim, lavar a alma.
Tendo falado de aspetos gerais que têm afinidades nos dois países, há, obviamente, especificidades que os diferenciam, mas, sinceramente, “não há que tirar de um para pôr no outro”. Dito isto, a finalizar e só para que melhor se perceba o impacto que referimos da (quase obrigatoriedade da) fusão cultural, terminaria com um dado estatístico sobre Queenstown, cidade de cerca de 20 mil habitantes e onde vivem cidadãos com mais de 60 nacionalidades, inclusive e como é também natural, portugueses.
Termino com um dado que não me parece despiciendo, em especial por ser matéria em aberto na nossa terra. As nove viagens de avião que fizemos (na Emirates e na Qantas, ambas companhias de renome e qualidade superior) tiveram um custo médio de 5 cêntimos por Km, o mesmo é dizer 3 vezes menos do que a média das últimas viagens de avião entre o Funchal e Lisboa ... e 6 vezes menos do que o meu neto de 2 anos pagou, o verão passado, entre Lisboa e o Porto Santo, numa companhia que está obrigada a serviço público de transporte e a contribuir para o desenvolvimento da economia do país (e de todas as suas regiões !).
FRANCISCO SANTOS / 04 ABR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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