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Mensagem por Admin Ter Jul 15, 2014 2:33 pm

Algo que está a escapar à relevância dada pelas estatísticas oficiais na divulgação dos números de criação de empregos é o facto de mais de noventa por cento dos postos de trabalho conseguidos através da intervenção do Instituto do Emprego e Formação Profissional serem subsidiados pelo Estado.

Em primeiro lugar, há os estágios profissionais, cuja duração atual vai até um ano, e onde o Estado paga entre 80% e 100% do salário contratado pelas empresas. Em segundo lugar temos trabalhos obtidos através do programa Contratos Emprego-Inserção, para atividades geridas por entidades sem fins lucrativos e em que o Estado contribui com valores que variam entre 335 e 560 euros. E em terceiro lugar temos o programa Estímulo Emprego, através do qual o Estado paga às empresas 50% a 60% do salário dos empregados, por um período até 18 meses.

Há ainda outras iniciativas governamentais de apoio à criação de emprego que a opinião pública considerará corretas e obrigatórias nos tempos que correm. O que será mais discutível é apresentar estatísticas de descida do desemprego como se os 161 868 empregados através deste tipo de apoios correspondessem a uma real recuperação da dinâmica empresarial portuguesa e não a uma distorção deliberadamente provocada pelo Estado na economia, através destes programas de assistência aos empresários.

O efeito destas medidas será socialmente positivo, mas mascarar a realidade nunca será a atitude mais eficaz para a sociedade consciencializar as dificuldades que atravessa e para traçar o caminho que deve percorrer para as resolver. A taxa de desemprego está oficialmente contabilizada em 15,1% da população ativa, mas, se retirássemos os valores deste "emprego artificial", subiria para 18,2%. Este valor ainda exclui os 61 700 portugueses com menos de 34 anos que saíram, nos primeiros três meses deste ano, do País.

A comunicação pelo Estado das suas estatísticas oficiais não pode ficar subordinada ao interesse político conjuntural. A interpretação diversificada pelos atores políticos e pelos analistas é um ato democrático. A escamoteação de realidades objetivas é uma manipulação da democracia.

Nova gestão do BES

Apressão sobre a imagem do Banco Espírito Santo, a queda impressionante do seu valor nas ações, o contágio ao PSI 20 e, até, aos restantes índices das bolsas europeias, e os danos colaterais previsíveis em pontos nevrálgicos do sistema financeiro português obrigaram o Banco de Portugal a atuar mais depressa do que eventualmente desejaria, contornando os formalismos que apontavam para a nomeação da nova equipa de gestão do banco apenas a 31 de julho. A equipa liderada por Vítor Bento, no entanto, só resolve, ao começar a trabalhar hoje, um problema: o vazio de poder no BES. Todos os outros estão, ainda, por tratar.

14-07-2014
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