Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 353 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 353 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
O que fazer com a nossa história?
Página 1 de 1
O que fazer com a nossa história?
Esta história de tipo modelar corre o risco de servir também como condenação permanente – que o digam os alemães...
Para que nos pode servir a nossa história colectiva enquanto país?
Ao longo dos séculos, a história dos povos tradicionalmente foi usada como ensinamento aos vindouros. Fazer o presente era impossível sem conhecer o passado. Agir hoje implicava o conhecimento das acções anteriores. Boa parte da base filosófica e política da Europa dos últimos três séculos está assente nessa visão da história, mediatizada na sua época largamente por exemplo por Montesquieu, e por muitos outros. As virtudes e os erros dos antigos serviriam para melhorar o presente, fosse regressando ao passado, fosse afastando-o idilicamente para sempre. Esta história de tipo modelar corre o risco de servir também como condenação permanente – que o digam os alemães… – se não for devidamente usada. Mas existe esse bom uso da história?
Veja-se o nosso caso. Os dois traços fortes que caracterizam a nossa história, tal como a contamos a nós próprios, são profundamente contraditórios. A grandeza épica e a pequenez amedrontada. O fim da história-propaganda do Estado Novo e os anos mais recentes de empobrecimento têm acentuado esta última visão, como se compreende. Mas a esquizofrenia permanece e o uso que dela é feito parece sempre pouco proveitoso para o presente, já que a narrativa é sempre acompanhada do nosso grande lugar comum da inevitabilidade. A própria história da história devolve-se a si própria, portanto.
Acresce que hoje é extraordinariamente forte a pulsão para ver na história uma inutilidade, em sentido próprio. Algo sem uso e sem função. O presente não será mais que um início permanente, o novo total. Ultrapassar a história é assim verdadeiramente a finalidade do tempo presente, um tempo fora do tempo, porque nosso e não dos outros que por aqui passaram. O discurso corporativo actual, feito apenas de futuro e inovação, ou a atitude generalizada das entidades públicas face às ciências humanas e à história, parecendo realidades desligadas, são apenas duas faces dessa mesma moeda. Só o futuro vende. Só o presente vota. O passado aos mortos pertence.
Professor da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira
Por Miguel Romão
publicado em 26 Ago 2014 - 05:00
Tópicos semelhantes
» Que compromisso tem a nossa geração com a história?
» Fazer força para que a nossa vida melhore
» A nossa Europa
» Fazer força para que a nossa vida melhore
» A nossa Europa
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin