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Crónica de um novo banco à deriva
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Crónica de um novo banco à deriva
Um banco comercial ou de retalho é um ponto de encontro estabelecido entre um conjunto de recursos financeiros, materializados em depósitos, empréstimos interbancários, obrigações, obrigações subordinadas ou capital, e um conjunto de aplicações financeiras materializadas em créditos às sociedades financeiras e não financeiras, créditos à habitação, ao consumo e outros fins, créditos às diversas formas de administração pública, ou em outros ativos, nomeadamente imobiliários ou financeiros, ponto de encontro esse, animado por um propósito, projeto ou missão.
Por mais simplista que possa ser esta definição, serve apenas para afirmar categoricamente que um banco é fruto da conjunção de duas dimensões: a dimensão de balanço e de demonstração de resultados, expressa em números estáticos e visíveis, e a dimensão da sua alma, do seu movimento, do seu andar na direção de uma determinada realidade.
É este andar que convida os depositantes, os detentores de capital ou outras instituições financeiras, a confiarem os seus recursos a um banco, certos que fruto desse mesmo andar serão aplicados de acordo com um conjunto de princípios financeiros, económicos, sociais, culturais, e éticos com os quais se identificam.
Nesse sentido, um banco é um conjunto de cartas de procuração, através das quais recursos das mais diversas origens são emprestados a uma equipa de gestão para serem aplicados numa determinada realidade. Por isso mesmo, um banco tem como principais ativos a confiança e a solidez, sem os quais nunca poderá sobreviver. Tudo o resto é emprestado… ao banco e pelo banco.
Como temos vindo a presenciar nos últimos meses, as várias equipas de gestão do Banco Espírito Santo têm vindo a destruir sistematicamente toda a possível confiança que nelas era depositada, bem como qualquer métrica de solidez económica e financeira do próprio banco. Alegadamente, foram cometidos todo um conjunto de práticas lesivas para a sustentabilidade desta instituição financeira, cujos contornos ainda estão na maior parte dos casos por definir e por entender, como é nomeadamente o(s) escândalo(s) BES/BESA.
Atónitos e por detrás de uma cortina de fumo opaca, um vasto público de clientes, de fornecedores, de acionistas, de obrigacionistas, de concorrentes (chamados a assumir a responsabilidade de erros que não os seus), e de portugueses, que apesar de nada terem a ver com este banco poderão vir a ser tremendamente prejudicados pelas suas práticas, assistem a um espetáculo macabro de irresponsabilidade e de incompetência por um lado, e alegadamente de criminalidade massificada por outro.
Como cereja estragada no topo de um bolo amargo e fora de prazo, a recém-proposta comissão executiva do Novo Banco, alegadamente constituída por um conjunto de membros de outras instituições financeiras em períodos de licença sem vencimento e com o mandato de o vender no mais curto período de tempo, são pela própria especificação do seu mandato a inexistência completa de alma, de movimento, ou de um andar numa determinada direção, que não seja a própria extinção do banco.
E, claramente, o Novo Banco deveria pressupor a existência de um novo projeto ao nível da banca de retalho nacional, fruto de um novo paradigma de entendimento, que fosse catalisador da confiança do público em geral e garante de solidez e de sustentabilidade próprias. Sem esse projeto, o Novo Banco não passa de uma aberração jurídica, mais um BPN navegando à deriva, mas desta vez carregado com cinco vezes mais dinamite e material radioativo, ameaçando naufragar a qualquer instante, lançando ainda bem mais fundo toda uma economia e toda uma sociedade sobejamente cansadas de tanta insanidade.
JOÃO GIL PEDREIRA, PARTNER DA BRIDGES ADVISORS
2014/09/19 00H00
OJE.pt
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