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Sempre foi assim
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Sempre foi assim
Uma certa cultura entranhada em diversas organizações tem sido das piores barreiras ao fomento de uma cultura de criatividade e inovação.
A típica resposta, sempre pronta nos mais diversos órgãos de chefias a técnicos emperra qualquer nova ideia que possa surgir. Quantos de nós já não ouviram o célebre isto sempre se fez assim?
Presos em procedimentos, regulamentos e preenchimentos, vivemos de burocracias e culturas cada vez mais estáticas e esclerosadas.
Não renego que a história importa e que o histórico merece sempre reflexão, para aprendizagem futura. São muitas as frases de ocasião a apelar "à aprendizagem com o erro". Nada mais certeiro. Mas para se errar é preciso cortar amarras.
É esta a esperança que nos deve fazer acreditar no futuro. Esse conceito longínquo, já dizia o outro, no longo prazo estamos todos mortos. Mas, nos dias de hoje é cada vez mais urgente cortar com esta inércia. Não, não tem que ser sempre assim.
Não temos que dizer sempre o mesmo e ser apenas e só politicamente correctos ou apenas e meramente certinhos.
O mundo mudou, ouvimos isto em 9 de cada 10 discursos políticos. Mas será que mudou assim tanto?
Sempre foi assim que gerimos a nossa empresa. Sempre aplicamos os nossos fluxos de tesouraria no papel comercial daquele grupo ou empresa. Sempre se cumpriu o beija-mão ao banqueiro certo, sempre se entronizaram candidatos a Primeiro-Ministro ou Presidentes da República nos almoços e jantares, e que sorte era ter uma refeição tão repleta e tão poderosa.
Sempre foi assim. E tem que ser. Qual lei férrea que nos inibe de mudar. Qual lei que nos obriga a correr o caminho que os outros, antes de nós, trilharam. Mas que vida triste é esta em que devemos sempre e inexoravelmente seguir a estrada dos outros. E a nossa? E sermos nós a dizer, sempre foi assim, mas não tem de ser?
Pois.
Não é fácil e logo recebemos as devidas "reacções" de quem gosta de preservar o status quo. A dívida de gratidão, a cobrança de favores e a dependência.
Sempre foi assim. Mas não tem de ser.
Recentemente, um estudo, apresentado na Conferência Anual da Reserva Federal de Boston, revelava que "Mesmo que os jovens pobres façam tudo certo, não vão safar-se tão bem como os ricos que fazem tudo errado." Mais uma para anotar e mais uma para reforçar a tendência.
Fala-se muito de meritocracia, mais um chavão pomposo para adornar os discursos, mas vemos que sempre foi assim, o berço conta e muito.
Mas enganem-se os que acham que o sempre foi assim durará para sempre.
Nos últimos tempos, temos visto as grandes certezas da nossa vida económica, financeira e política a ruir quais gigantes com pés de barro.
Os grandes empresários e banqueiros, tirados a papel químico dos gurus dos manuais de gestão, bem-falantes e bem vestidos, foram perdendo a pose e a influência.
Enquanto nos salões se decidem os grandes planos para a conquista de mercados internacionais, por baixo do tapete vemos grandes organizações afundarem e milhares de pessoas, que com brio se entregaram dando o melhor de si às seus empregadores, a irem por arrasto.
Não. Não tem de ser assim só porque alguns querem. Não temos que ceder, baixar a cabeça e acriticamente respeitar os senhores sem questionar.
Se há grito de revolta a dar, se há revolução a fazer, sim, já temos muitas portuguesas e portugueses da geração pós-25 de Abril que podem e devem dizer o que pensam. Temos que acabar de vez com a cultura do respeitinho.
Não desafiar e não questionar, racional e civilizadamente, é meio caminho andado para continuarmos neste marasmo, dependentes de Troikas e afins.
Não temos que governar sempre igual. Não temos que ir "à Europa" obedecer, se isso não serve os nossos interesses nacionais. Não temos que gerir as nossas empresas apenas pelos manuais desses gurus de rendibilidade fixa. Não temos que ficar amarrados a fornecedores e stakeholders, que não evoluem só porque temos um histórico com eles. Podemos desafiar os nossos parceiros, podemos ousar fazer além do vulgar.
É por ver este estado de sítio, esta forma de agir e pensar politicamente correcto, dentro da caixa, sempre em sintonia com os que se arrogam donos da razão, sempre com os mesmos comentários dos comentadores do costume, que é preciso dizer: Se sempre foi assim, não precisa de ser. Há mais mundo lá fora.
DIOGO AGOSTINHO | 7:00 Segunda feira, 27 de outubro de 2014
Expresso
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