Ordem dos Engenheiros e Governo divergem sobre terminal no Barreiro

Bastonário defende mais estudos comparativos entre as várias localizações possíveis. Governo replica que Setúbal não interessa aos privados.


A escolha da localização do Barreiro para construir o novo terminal de contentores da área da Grande Lisboa demonstrou ontem que a Ordem dos Engenheiros e o Governo têm visões distintas sobre esta matéria. Enquanto Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), sublinhou, em declarações ao Diário Económico, que "não pode haver nada de precipitações neste projecto, porque se trata de um investimento que não se pode depois retirar de um ponto para o outro".

"Temos de garantir que, daqui a cerca de um ano, com novas eleições e um novo Governo, destes ou de outros partidos, a primeira coisa a decidir não será o abandono do projecto", defende Carlos Matias Ramos. O bastonário da OE. Carlos Matias Ramos advoga "uma análise sustentada em termos técnicos, financeiros e de ordenamento do território, uma análise de custo-benefício, uma análise SWOT [forças, fraquezas, oportunidades e ameaças], não só em relação ao Barreiro, mas em também em relação a todas as outras soluções possíveis, em particular em relação a Setúbal". AOE organizou ontem ao final da tarde um debate sobre esta matéria, em que participou o secretário Estado das Infra-estruturas, Sérgio Silva Monteiro. 


Apesar de não ter sido possível recolher as suas declarações a tempo do fecho desta edição, o Diário Económico sabe que o governante entende que o pedido de mais estudos serve para impedir a entrada no mercado de novos ‘players'. Sobre a possibilidade de localizar o novo terminal de contentores no porto de Setúbal, onde existe muito espaço disponível, Sérgio Monteiro não vê qualquer obstáculo desde que surjam investidores interessados nesse projecto. Até ao momento, as manifestações de interesses de operadores privados neste investimento centraram-se apenas na área do porto de Lisboa, ressalvou o secretário de Estado, um aspecto no seu entender fundamental, uma vez que está previsto que este investimento seja integralmente assumido por grupos privados.

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Económico

Setúbal não é opção para novo terminal de contentores de Lisboa porque nenhum privado quer ali investir, defendeu o secretário de Estado dos Transportes. A questão não se coloca porque a infra-estrutura já existe, contrapôs o ex-presidente da APDL.
 
Sérgio Monteiro da Silva e João Pedro Matos Fernandes “enfrentaram-se” na conferência promovida em Lisboa pela Ordem dos Engenheiros sobre o proposto novo terminal de contentores da capital.
 
O secretário de Estado dos Transportes reafirmou que o Governo não faz finca-pé em qualquer localização, insistindo que cabe ao mercado decidir. Mas descartou a hipótese de Setúbal (cada vez mais falada) porque, disse, nunca um privado manifestou interesse em investir no porto sadino. E porque Setúbal não integra a rede “core” da RTE-T, o que dificultaria o acesso aos fundos comunitários dos CEF.
 
O ex-presidente da APDL (que, recorde-se, bateu com a porta em Leixões em ruptura com a tutela) contrapôs sublinhando que os privados já investiram em Setúbal, que já ali existe um terminal de contentores pronto a ser desenvolvido e potenciado. Para Matos Fernandes, as hipóteses de futuro dos contentores em Lisboa passam, ou por um terminal na margem norte ou por Setúbal.
 
A Comunidade Portuária de Setúbal tem insistido no aproveitamento da capacidade instalada no porto sadino como alternativa, mais barata e mais rápida, para aumentar o movimento de contentores nos portos nacionais e servir o hinterland de Lisboa. O tema será objecto de uma conferência, a 4 de Dezembro.

05/11/2014