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Um país assim não é para ninguém
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Um país assim não é para ninguém
O país não conta com todos porque quem nos governa não conta com parte do país
A maioria PSD/CDS passou os últimos anos a aprofundar uma lógica maniqueísta da governação que passou e passa por tentar pôr portugueses contra portugueses e gerar uma paleta de sentimentos do pior que pode haver na natureza humana: da inveja a um certo justicialismo por mãos alheias. São três anos de privado contra o público, de quem não tem contra os que têm e de permanente contradição entre o que é dito e o que é feito, entre o discurso e a realidade. Enquanto dividia para reinar, enquanto gerava o sentimento de que tudo poderia ser ainda pior, a maioria PSD/CDS assumiu a leitura mais radical do Memorando com a troika para pulverizar com mais abandono boa parte do território nacional e dos cidadãos que nele nasceram, vivem e trabalham. Por convicção ou por impulso alheio, a opção pelo aprofundamento das desigualdades, pela falta de oportunidades e pelo sublinhar das assimetrias regionais entre litoral e Interior projectou a ideia de que este país não conta com todos.
O país não conta com todos porque quem nos governa não conta com parte do país. É esse o sentimento que resulta da extinção de freguesias, do encerramento dos tribunais, do fecho das estações dos correios e das reorganizações de serviços do Estado que os afastam das pessoas. É certo que este ajustamento das soluções ao espaço, ao território, não é novo e verdadeiramente nunca teve em conta ao tempo. O tempo e as condições de acesso dos cidadãos a um determinado serviço do Estado. A unidade de conta do “esforço de racionalização”, leia-se abandono, é sempre tocada a folha de Excel e centrada no espaço. Uma percurso em linha recta ou uma estrada de montanha têm a mesma ponderação. Essa percepção de dispensa tem de ser combatida. Certamente com rigor e com sentido de sustentabilidade, mas com o bom senso que manda a gestão das opções políticas que mexem com o sentimento de pertença a uma nação, com a dignidade humana e com a coesão social e territorial.
A conjugação da falta de senso, da falta de oportunidades e da percepção de que o país prescinde de boa parte dos seus, criou um caldo de cultura propício à debandada de milhares de portugueses para o exterior, à resignação de muitos perante o abandono pelo Estado e ao alheamento dos cidadãos em relação à participação, à política e aos políticos.
Quando precisávamos de capacidade de mobilização para construir, para unir, para estruturar a sociedade com base num sentido de justiça social, com bom senso e com esperança no futuro, sucedem-se as situações gelatinosas que em nada ajudam ao rigor, à clareza, à coesão e ao sentido de humanismo de que o país precisa.
A ministra da Justiça fala em sabotagem do programa Citius na adaptação ao novo mapa judiciário, a Procuradoria-Geral da República não embarca no julgamento sumário da ministra e arquiva o processo.
O ministro Pires de Lima, do CDS, que já foi dos Contribuintes, assume-se agora dos Comediantes, para questionar a coerência entre o enunciado há meses e o concretizado agora em matéria de taxas municipais no território do concelho de Lisboa. É como se não tivesse tido nada com o brutal aumento da carga fiscal concretizado pela maioria PSD/CDS nos últimos anos: do IVA na restauração à taxação do trabalho.
O Presidente da República resolve invocar a Constituição para não agir na marcação de eleições antecipadas, depois de não ter agido para a defender em vários diplomas do governo que foram chumbados pelo Tribunal Constitucional. E pelo meio ainda questiona a actuação de gestores que há meses eram agraciados por si com comendas de mérito empresarial.
Já se disse que o país não é para jovens. Já se evidenciou com as extinções de serviços que o país não é para as gentes do Interior. Já se concretizam tantas alterações das perspectivas na vida das pessoas que também parece não ser para os trabalhadores, para os reformados e para os pensionistas. Afinal, como proliferam os exemplos de ziguezague, de injustiça social, de falta de senso, de conformismo com o desmantelamento do Estado, em especial nas regiões do Interior, e de défice de esperança, a mensagem que se espalha como surto epidémico é a de que um país assim não é para ninguém. Precisamos de um país com e para todos.
Político (PS)
Por António Galamba
publicado em 13 Nov 2014 - 05:00
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