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Missão do FMI em Lisboa diz que portugueses são fracos a gerir
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Missão do FMI em Lisboa diz que portugueses são fracos a gerir
Por que é tão difícil aumentar a competitividade do país? Missão em Lisboa aponta dedo à qualidade dos gestores, sobretudo no Estado
Portugal vai ter uma grande dificuldade em sair da crise e em aumentar a competitividade externa porque o sector público tem "constrangimentos agudos nas suas competências de gestão" e os sectores exportadores vão no mesmo caminho, estando aparentemente capturados num ciclo vicioso de falta de investimento e de qualificações na área da gestão.
O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Lisboa, Albert Jaeger, foi a Madrid explicar - http://www.imf.org/external/country/PRT/rr/2014/111814.pdf por que razão é tão difícil a reabilitação económica de Portugal, mesmo depois da aplicação de um programa de ajustamento que durou três anos. Desta vez, o diagnóstico foi centrado na falta de competências da gestão nacional.
Na apresentação que fez na escola de gestão IE Business School no passado dia 14, Jaeger, o economista austríaco que ocupa o lugar de residente permanente do FMI em Portugal, tentou responder à pergunta "Por que é tão difícil melhorar a competitividade externa?"
A resposta veio em quatro pontos. As ferramentas de política ao dispor do país são "limitadas", começou por dizer.
Primeiro, a economia não pode fazer desvalorização cambial por estar no euro e a opção da desvalorização fiscal, e porque a redução da Taxa Social Única (TSU) paga pelas empresas por conta dos trabalhadores - medida defendida pelo Fundo e por Vítor Gaspar, na altura ministro das Finanças - foi "rejeitada".
Assim, a desvalorização interna terá de ser "via preços do sector não transacionável [as empresas que não exportam e vivem do mercado doméstico]", mas este caminho é "difícil, especialmente num ambiente de baixa inflação", admitiu.
No entanto, os problemas não acabam aqui. O técnico torna a apontar o dedo aos "interesses instalados no sector não transacionável" e ao facto de "as rendas [excessivas] serem difíceis de reduzir".
Este comentário surge numa altura em que duas das empresas visadas pela contribuição extraordinária sobre o sector energético - Galp e REN - contestam a legalidade da medida e recusam fazer o respetivo pagamento. A EDP, que protestou contra a taxa, já pagou.
Mas foi relativamente à gestão e às competências que Jaeger se mostrou mais descrente. "O sector público impõe pesados custos de transação." Apesar da reforma do Estado tantas vezes anunciada, Portugal continua a precisar de "uma reforma de baixo para cima". No entanto, isso está a revelar-se difícil pois existe "uma restrição aguda nas competências de gestão no sector público".
O FMI e a Comissão Europeia já falaram disso algumas vezes, defendendo que é preciso atrair pessoas mais qualificadas para a função pública e afastar as menos qualificadas.
A crítica do economista do FMI terá mais a ver com o facto da alegada reforma do Estado anunciada pelo Governo ter assentado, sobretudo, na privatização de serviços e outsourcings. Além de cortes diretos nos rendimentos de trabalhadores e pensionistas, claro.
Já em março deste ano, Poul Thomsen, hoje subdiretor do departamento europeu do Fundo e ex-chefe de missão (o primeiro) do FMI em Portugal neste terceiro programa de ajustamento, disse que os portugueses "merecem serviços públicos melhores", tendo em conta o que pagam em impostos. E que para isso é preciso chamar os mais qualificados, "em particular pessoas com fortes competências de gestão".
O problema é "agudo" no Estado, mas o sector privado também aparece na equação. Para Albert Jaeger, os sectores transacionáveis [exportadores] "têm competências de gestão limitadas". "O investimento direto estrangeiro [IDE] é uma solução potencial, mas tende a ser capturado pelo sector não transacionável em forma de rendas", lamentou na aula madrilena.
Outro travão à competitividade é o enorme endividamento das empresas. Este já é um tema recorrente nas análises e avisos do FMI por ser um fator que deprime o investimento. "Por que é tão difícil reduzir a alavancagem?"
Para o economista austríaco, "faltam mecanismos que forcem as empresas a reestruturar dívida", muito embora reconheça que tal representa um risco para a banca se mal gerido. Em todo o caso, a solução passa por aí, por haver mais IDE ou pela retenção interna de fundos.
O FMI sempre foi, das instituições da troika, o mais cético em relação à capacidade de Portugal se tornar uma economia de proa a nível global. Por diversas vezes denunciou que o desejado modelo de base exportadora poderá não ser sustentável porque o país não tem estruturas à altura, nem financeiras, nem tecnológicas, nem de qualificações.
A instituição de Washington fará avaliações regulares ao pós-programa português durante os próximos dez anos ou mais. O país deve ao Fundo 26 mil milhões de euros no âmbito do pacote financeiro disponibilizado entre 2011 e este ano em parceria com a União Europeia.
24/11/2014 | 00:01 | Dinheiro Vivo
Assunção Cristas e Pedro Passos Coelho
Jorge Carmona/Global Imagens
Portugal vai ter uma grande dificuldade em sair da crise e em aumentar a competitividade externa porque o sector público tem "constrangimentos agudos nas suas competências de gestão" e os sectores exportadores vão no mesmo caminho, estando aparentemente capturados num ciclo vicioso de falta de investimento e de qualificações na área da gestão.
O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Lisboa, Albert Jaeger, foi a Madrid explicar - http://www.imf.org/external/country/PRT/rr/2014/111814.pdf por que razão é tão difícil a reabilitação económica de Portugal, mesmo depois da aplicação de um programa de ajustamento que durou três anos. Desta vez, o diagnóstico foi centrado na falta de competências da gestão nacional.
Na apresentação que fez na escola de gestão IE Business School no passado dia 14, Jaeger, o economista austríaco que ocupa o lugar de residente permanente do FMI em Portugal, tentou responder à pergunta "Por que é tão difícil melhorar a competitividade externa?"
A resposta veio em quatro pontos. As ferramentas de política ao dispor do país são "limitadas", começou por dizer.
Primeiro, a economia não pode fazer desvalorização cambial por estar no euro e a opção da desvalorização fiscal, e porque a redução da Taxa Social Única (TSU) paga pelas empresas por conta dos trabalhadores - medida defendida pelo Fundo e por Vítor Gaspar, na altura ministro das Finanças - foi "rejeitada".
Assim, a desvalorização interna terá de ser "via preços do sector não transacionável [as empresas que não exportam e vivem do mercado doméstico]", mas este caminho é "difícil, especialmente num ambiente de baixa inflação", admitiu.
No entanto, os problemas não acabam aqui. O técnico torna a apontar o dedo aos "interesses instalados no sector não transacionável" e ao facto de "as rendas [excessivas] serem difíceis de reduzir".
Este comentário surge numa altura em que duas das empresas visadas pela contribuição extraordinária sobre o sector energético - Galp e REN - contestam a legalidade da medida e recusam fazer o respetivo pagamento. A EDP, que protestou contra a taxa, já pagou.
Mas foi relativamente à gestão e às competências que Jaeger se mostrou mais descrente. "O sector público impõe pesados custos de transação." Apesar da reforma do Estado tantas vezes anunciada, Portugal continua a precisar de "uma reforma de baixo para cima". No entanto, isso está a revelar-se difícil pois existe "uma restrição aguda nas competências de gestão no sector público".
O FMI e a Comissão Europeia já falaram disso algumas vezes, defendendo que é preciso atrair pessoas mais qualificadas para a função pública e afastar as menos qualificadas.
A crítica do economista do FMI terá mais a ver com o facto da alegada reforma do Estado anunciada pelo Governo ter assentado, sobretudo, na privatização de serviços e outsourcings. Além de cortes diretos nos rendimentos de trabalhadores e pensionistas, claro.
Já em março deste ano, Poul Thomsen, hoje subdiretor do departamento europeu do Fundo e ex-chefe de missão (o primeiro) do FMI em Portugal neste terceiro programa de ajustamento, disse que os portugueses "merecem serviços públicos melhores", tendo em conta o que pagam em impostos. E que para isso é preciso chamar os mais qualificados, "em particular pessoas com fortes competências de gestão".
O problema é "agudo" no Estado, mas o sector privado também aparece na equação. Para Albert Jaeger, os sectores transacionáveis [exportadores] "têm competências de gestão limitadas". "O investimento direto estrangeiro [IDE] é uma solução potencial, mas tende a ser capturado pelo sector não transacionável em forma de rendas", lamentou na aula madrilena.
Outro travão à competitividade é o enorme endividamento das empresas. Este já é um tema recorrente nas análises e avisos do FMI por ser um fator que deprime o investimento. "Por que é tão difícil reduzir a alavancagem?"
Para o economista austríaco, "faltam mecanismos que forcem as empresas a reestruturar dívida", muito embora reconheça que tal representa um risco para a banca se mal gerido. Em todo o caso, a solução passa por aí, por haver mais IDE ou pela retenção interna de fundos.
O FMI sempre foi, das instituições da troika, o mais cético em relação à capacidade de Portugal se tornar uma economia de proa a nível global. Por diversas vezes denunciou que o desejado modelo de base exportadora poderá não ser sustentável porque o país não tem estruturas à altura, nem financeiras, nem tecnológicas, nem de qualificações.
A instituição de Washington fará avaliações regulares ao pós-programa português durante os próximos dez anos ou mais. O país deve ao Fundo 26 mil milhões de euros no âmbito do pacote financeiro disponibilizado entre 2011 e este ano em parceria com a União Europeia.
24/11/2014 | 00:01 | Dinheiro Vivo
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