Justiça forte só com os fracos

Já aqui disse (acompanhado por muito poucos comentadores, de que destaco, por os ter lido no DN, Ferreira Fernandes e Pedro Tadeu) achar um dos maus exemplos da Justiça a condenação a 6 anos de prisão efectiva de uma professora, acusada de dar uns tabefes e umas caroladas nos alunos, enquanto verdadeiros criminosos (ainda há dias vi anulado o julgamento do assassino de uma mulher à facada, e vi que Duarte Lima esconde obras de arte valiosíssimas para não ser obrigado a pagar dívidas, só para dar 2 entre muitos exemplos) são tratados com a maior bonomia. Não defendo o tratamento dos alunos à carolada, como se fazia no meu tempo: mas duvido que uma professora, mãe de um filho bem tratado (só falta tirarem-lho), defendida por algumas mães dos seus alunos bem significativas, merecesse uma mão tão disparatadamente pesada mão da Justiça, sempre pronta a ser branda com os verdadeiros criminosos.

Agora reparo que uma mãe no Algarve, aparentemente drogada, fugira com um filho do hospital em que o acabara de o ter, para evitar que lho tirassem – como efectivamente vieram a fazê-lo, mal a tiveram à mão (o que comprova a razão dela). A Polícia não foi capaz de a prender. A própria voltou pelo seu pé, com a criança bem tratada, porque percebeu precisar de tratamento hospitalar (parece que os filhos de drogados nascem já com síndrome de abstinência grave). E lá temos um juiz armado em mauzão, a limitar os contactos da mãe com o filho, provavelmente na antecâmara de outras condenações.

Pessoalmente, parecer-me-ia pior e mais desnaturada uma mãe que aceitasse pacificamente ver um filho acabado de nascer ser-lhe retirado. E admiro mais esta, que tentou lutar por ele, contra a iníqua (in)Justiça portuguesa. Isto não significa que não desejasse uma Justiça melhor, para fazer frente a casos em que os recém-nascidos precisam também de defesas relativamente aos pais. Mas, por cá, já desesperei de esperar isso.

Pedro d´Anunciação | 03/08/2015 13:27
SOL