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Ética empresarial
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Ética empresarial
O discreto exemplo de Ricardo Salgado permite desde já listar algumas das vantagens mais tangíveis da defesa da boa moral e da boa religião no mundo dos negócios, pelo menos enquanto a coisa durou.
Portugal pode ter muitas penas, mas não se pode queixar da falta de defensores da ética empresarial e do empreendedorismo cristão. Veja-se o caso de Ricardo Salgado. Todo o seu depoimento à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES foi uma invocação da enorme honra que lhe assiste (mas não da vergonha), assim como da sua condição de católico e leitor das "Memórias" de Santo Agostinho, um livro tão inexistente como a "Ontologia do Ser", de Jean-Paul Sartre, que inspirou o pensamento mais secular de Passos Coelho.
Uma simples pesquisa na internet permite confirmar que o interesse de Ricardo Salgado pela ética empresarial e pelo empreendedorismo cristão vêm de longe. Por um lado, ele era membro destacado da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), tendo subscrito documentos que instavam o Governo ao seu alinhamento pelos valores cristãos. Entretanto, o seu nome já não consta do site dessa associação. Por outro lado, as empresas do universo Espírito Santo davam particular centralidade aos códigos de conduta ética dos seus colaboradores. Alguns desses códigos estão ainda online, para especial deleite dos leitores interessados.
Duvido que Salgado tocasse órgão na igreja ou fosse um reconhecido defensor dos fracos, como Duarte Lima, esse outro poço profundo de bons sentimentos. Mas o discreto exemplo de Salgado permite desde já listar algumas das vantagens mais tangíveis da defesa da boa moral e da boa religião no mundo dos negócios, pelo menos enquanto a coisa durou:
a) Ser ético e crente potencia a clientela e os lucros - os clientes e o público em geral confiam com maior facilidade em quem tem essas características. Por isso não faz mal nenhum apregoá-las e ser membro de todas as organizações que as promovem. Quanto mais vezes o nome do empresário for associado à boa religião e à boa moral melhor;
b) Ser ético e crente permite também exercer com mais eficácia o poder no seio da empresa. Quando algum colaborador não nos agrada é sempre possível atacá-lo, ou dispensá-lo, devido a falhas óbvias na sua conduta ética. A primeira obrigação de um colaborador com boa moral é saber quem manda;
c) Ser ético e crente permite assumir a autoridade moral para exortar os outros à boa conduta, para elaborar códigos nesse sentido, e assim também para se excluir desses mesmos códigos e exortações. Se alguém é a própria fonte da autoridade moral e espiritual na empresa, então é lógico que não esteja submetido a ela.
Não nego que o empreendedorismo cristão e a ética empresarial não possam ter outras - e bem mais sérias - vantagens. Mas as que estão aqui listadas são garantidas.
PS: Um abraço ao Francisco Assis pela sua tentativa de criticar no "Público" a minha crónica da semana passada.
João Cardoso Rosas
00.05 h
Económico
Portugal pode ter muitas penas, mas não se pode queixar da falta de defensores da ética empresarial e do empreendedorismo cristão. Veja-se o caso de Ricardo Salgado. Todo o seu depoimento à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES foi uma invocação da enorme honra que lhe assiste (mas não da vergonha), assim como da sua condição de católico e leitor das "Memórias" de Santo Agostinho, um livro tão inexistente como a "Ontologia do Ser", de Jean-Paul Sartre, que inspirou o pensamento mais secular de Passos Coelho.
Uma simples pesquisa na internet permite confirmar que o interesse de Ricardo Salgado pela ética empresarial e pelo empreendedorismo cristão vêm de longe. Por um lado, ele era membro destacado da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), tendo subscrito documentos que instavam o Governo ao seu alinhamento pelos valores cristãos. Entretanto, o seu nome já não consta do site dessa associação. Por outro lado, as empresas do universo Espírito Santo davam particular centralidade aos códigos de conduta ética dos seus colaboradores. Alguns desses códigos estão ainda online, para especial deleite dos leitores interessados.
Duvido que Salgado tocasse órgão na igreja ou fosse um reconhecido defensor dos fracos, como Duarte Lima, esse outro poço profundo de bons sentimentos. Mas o discreto exemplo de Salgado permite desde já listar algumas das vantagens mais tangíveis da defesa da boa moral e da boa religião no mundo dos negócios, pelo menos enquanto a coisa durou:
a) Ser ético e crente potencia a clientela e os lucros - os clientes e o público em geral confiam com maior facilidade em quem tem essas características. Por isso não faz mal nenhum apregoá-las e ser membro de todas as organizações que as promovem. Quanto mais vezes o nome do empresário for associado à boa religião e à boa moral melhor;
b) Ser ético e crente permite também exercer com mais eficácia o poder no seio da empresa. Quando algum colaborador não nos agrada é sempre possível atacá-lo, ou dispensá-lo, devido a falhas óbvias na sua conduta ética. A primeira obrigação de um colaborador com boa moral é saber quem manda;
c) Ser ético e crente permite assumir a autoridade moral para exortar os outros à boa conduta, para elaborar códigos nesse sentido, e assim também para se excluir desses mesmos códigos e exortações. Se alguém é a própria fonte da autoridade moral e espiritual na empresa, então é lógico que não esteja submetido a ela.
Não nego que o empreendedorismo cristão e a ética empresarial não possam ter outras - e bem mais sérias - vantagens. Mas as que estão aqui listadas são garantidas.
PS: Um abraço ao Francisco Assis pela sua tentativa de criticar no "Público" a minha crónica da semana passada.
João Cardoso Rosas
00.05 h
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