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Uma ilusão
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Uma ilusão
Este texto é dedicado a todos os que, em tempo eleitoral, por preconceito, medo ou desinteresse, perdem subitamente a memória e entregam o seu voto sem critério, exigência ou crítica.
Agem como se o seu voto não fosse algo único e precioso, como se não fosse uma das raras vezes - não a única - que, em democracia, a sua voz e vontade podem efectivamente pôr em causa a correlação de forças.
Não impõem a sua vontade, entregam--se à vontade de outros. Resignam-se e demitem-se de pensar. Oferecem o voto, quando o deveriam entregar caro a quem dele necessita para exercer o poder.
Vem isto a propósito de mais um grande exercício de ilusão que passa por anunciar e fazer crer que agora sim, desta vez é que é: o PS, se ganhar as eleições, vai governar à esquerda.
Claro que tudo não passa da reposição da clássica acção de marketing que os astutos (na experimentada arte do embuste) dirigentes do Largo do Rato executam de cada vez que o acto eleitoral se anuncia e que tem como único objectivo ganharem as eleições à esquerda para depois, de forma "pragmática" e com todo o sentido de Estado, governarem à direita.
Nem sequer vale a pena, por fastidioso, relembrar o percurso político do PS ao longo destes 40 anos. Governou dividindo o espaço e o tempo com o PSD, esteve no apoio ou na produção de toda a legislação contra o trabalho, invariavelmente escolhendo o lado dos interesses do capital, recuperou banqueiros e ministros do antigo regime, aceitou em 1975 as nacionalizações dos sectores económicos essenciais para, em 1976, arrependido, iniciar o seu desmantelamento.
Lutou contra a revolução, facto que nem Carlucci e Kissinger, agradecidos, nem Soares, orgulhoso, nos deixam esquecer.
Optou pelas alianças governativas com o CDS em 1978 e com o PSD em 1983, criando o famigerado Bloco Central. Meteu o socialismo na gaveta, coisa em que foi pioneiro. Hoje, o partido socialista francês prepara um debate liderado por Manuel Valls, primeiro-ministro. Em nome da modernidade, nem a designação "socialista" se salva de ir para o caixote do lixo da história.
E por fim, com muita persistência e imaginação, gerou o centrão dos interesses. Como João Soares referiu num comício, em Lisboa, de apoio a António José Seguro: "Há, de facto, temos de reconhecer, um centrão de negócios em Portugal. É contra esse centrão que Seguro avança."
Como se viu, organizaram-se e não permitiram que nem por brincadeira fosse posto em causa aquilo que tanto lhes custou a montar.
É também nesta lógica que apadrinham publicamente e sem pudor o Livre, que é o único partido que, antes de o ser, já não o é.
Esperam que cumpra o papel de levar, sem sobressaltos de consciência, um eleitorado de esquerda desorientado - Rui Tavares incluído, cansado e preso a retóricas e ressentimentos de vários percursos - a depositar o seu voto num instrumento político completamente inútil, em vez de criar ou reforçar alternativas em defesa radical da democracia.
A mesma esquerda que, na Aula Magna, se ergueu a aplaudir, emocionada, o seu "camarada" e ideólogo do cavaquismo, Pacheco Pereira.
Pensar que a história e os interesses instalados no PS a favor de uma coligação de direita, já abençoada pelos notáveis de ambos os partidos, mais a pressão dos lóbis económicos e financeiros, conjuntamente com a brutal coacção europeia, alemã, para a convergência, terão na hora de decidir menos peso que uma assumida governação e política de esquerda é de uma ingenuidade celestial.
Os maus políticos são eleitos pelas boas pessoas que não vão votar... ou que votam sem pensar.
Consultor de comunicação
Escreve às quintas-feiras
Por Artur Pereira
publicado em 8 Jan 2015 - 08:00
Jornal i
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