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Mensagem por Admin Ter Jan 20, 2015 5:25 pm

A economia portuguesa não pode assentar a sua fonte de vantagem competitiva nos baixos custos salariais. A saída é a diferenciação.


Talvez tenha sido para apaziguar os votantes em vésperas de eleições (o que é pratica muito comum em quem governa), mas em Outubro passado o Governo marcou o fim da austeridade com um aumento para os trabalhadores que auferem o Salário Mínimo Nacional (SMN).

Este aumento já pôs a nu reivindicações de mais aumentos, que nos chegam pela voz dos Sindicatos. Reivindicações de aumentos têm sempre várias motivações.

As que agora se fazem sentir vêm principalmente de trabalhadores com remunerações próximas do SMN (este aumento elimina a diferença salarial que alguns conseguiram com mérito, e que por mais pequena que for é valorizada pelos trabalhadores pois representa reconhecimento face a colegas que só agora entram nas empresas, e que ainda não tendo provado nada logo ficam a ganhar o mesmo que outros mais antigos), e nas empresas com mão-de-obra intensiva (onde predominam remunerações nesta banda salarial). 

A contenda é intemporal. Os trabalhadores procuram aumentos, os patrões tentam evitar os mesmos. Há no entanto nesta discussão uma verdade mas profunda que importa refletir.

É sabido que a economia portuguesa não pode assentar a sua fonte de vantagem competitiva nos baixos custos salariais. A saída é a diferenciação. Mas isto não quer dizer que não é importante ter, em particular nalgumas tarefas, custos salariais baixos.

Mesmo nas propostas diferenciadas (que apostam no design, tecnologia, inovação, qualidade, durabilidade, marcas reconhecidas, customização, etc.) existem partes do processo de "produção", isto é trabalhos, que não acrescentam valor diferenciador. 


Ora, estes trabalhos indiferenciados (que são os mesmo que comandam o salário mais baixo, os que mais facilmente se eliminam, deslocam para outras paragens, ou substituem por automação), são percecionados apenas como custo, e como qualquer custo, em qualquer lado, devem ser o mais baixo possível. Os trabalhadores diferenciados são valorizados, cobiçados e bem pagos. Os indiferenciados não. Esta é uma verdade intemporal.

Luís Vilariça 
00.04 h
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