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A casa delas
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A casa delas
É um dos temas mais controversos da noite e, ao mesmo tempo, aquele que suscita mais conversas de bastidores mas pouco alarido. Por tudo o que envolve, pelo negócio em si, pelas pessoas que aderem, mas que não querem ser expostas, pela temática sensível e pela forma como tudo se passa sem que se queira tocar no tema.
O que é certo é que a prostituição em Portugal é há muitos anos assunto tabu, e por muito que não se queira falar continua a ser dos negócios mais lucrativos e estáveis que conheço. Vejo muitas discotecas, bares e restaurantes a abrirem e fecharem portas constantemente, enquanto algumas casas frequentadas por ‘meninas de negócios próprios’ se mantêm num registo muito equilibrado, sem grandes oscilações e, aparentemente, sem dificuldades económicas de maior.
Não querendo opinar sobre o conteúdo em si nem sobre a moralidade da dita ‘profissão mais antiga do mundo’, aquilo que me parece claro é que preferimos manter a cabeça enfiada na areia do que debater o assunto de frente. É que embora a crise e os propalados escândalos económicos tenham tomado conta da agenda, na ordem do dia continua a haver muito por justificar neste negócio, por pagar e por esclarecer.
Sempre fui apologista da legalização do negócio em si mas, das duas uma, ou se legaliza ou se acaba: não pode haver meio termo nem meias medidas perante tema tão fracturante. Acho que continuam a existir muitas ‘meninas’ a ganhar fortunas sem que o Estado exija o seu quinhão de impostos. Ora, se eu por escrever ou por organizar eventos pago os meus impostos, estas cidadãs não terão que ter os mesmos direitos e deveres? Mas não são afinal cidadãs? Ou será que por ser uma questão sensível é preferível fechar os olhos, fingir que nada existe, enquanto se promove uma economia paralela com todos os riscos que isso implica?
Além da questão dos impostos (que não deve ser desvalorizada), a segurança e a saúde pública estarão sempre de braços dados nesta discussão. Acredito que uma legislação mais séria sobre a matéria permitiria também que certas ruas fossem mais seguras, que certos espaços fossem mais vigiados, que os riscos de contágio de doenças fossem menores e que as próprias ‘fornecedoras de serviços’ pudessem estar menos expostas a redes internacionais e, por isso mesmo, mais protegidas de abusos e violência.
Embora, hoje em dia, o sexo seja visto de uma outra forma, o que leva a que as pessoas não procurem tanto satisfazer as suas ‘necessidades’ porque têm facilidade em conseguir uma relação mais descomprometida e menos onerosa numa discoteca ou bar, acho que era importante definirmos as regras do jogo... na casa delas!
Sugestões:
Espaço: Zouk (Kuala Lumpur, Malásia)
Músicas: Step Up (Jamie Lewis Main Mix) – Jamie Lewis & Michelle Weeks
Captain (Original Mix) – Andhim
José Paulo do Carmo | 28/01/2015 19:45:52
SOL
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