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A política das joelheiras
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A política das joelheiras
O que mais temem os nossos governantes é que a política de dignidade do governo grego se revele mais eficiente que a sua orientação subserviente com a Alemanha
A posição alemã é demagógica: as dívidas dos países do Sul da Europa nunca serão pagas. O negócio da crise é aliás este, continuar a usura até ao infinito. A arte está na folga da corda. Se ela é demasiado apertada, o devedor morre e é uma chatice para o credor. Os gregos devem hoje muito mais que no início da crise, assim como os portugueses. Se a dívida pública de Atenas é hoje mais de 320 mil milhões de euros, esse laço liga tanto credores com devedores. Diz-se que se a Grécia não pagar vai para o buraco, escamoteia-se que se o não fizer não são os únicos que vão pela ribanceira abaixo. Aliás, é mais provável que os gregos se safem mudando de moeda do que a Europa safar-se amarrada ao euro alemão.
Na sua coluna no "The New York Times", o economista Paul Krugman defende que as propostas do Syriza são perfeitamente razoáveis e que, se a posição alemã é que a dívida grega deve ser paga na totalidade, "então essa posição é basicamente louca, e todas as afirmações de que a Alemanha entende a realidade são desmentidas", e, frisa o economista, "todos sabem que a dívida grega não pode ser paga na totalidade".
Os principais apostados num eventual falhanço do Syriza nem são os alemães, mas os seus capatazes coloniais que impuseram uma política de escravatura aqui junto ao Tejo. É vê-los, depois de terem dado muitos milhares de milhões aos bancos e aos grupos económicos que lhes vão dar emprego quando saírem da sua comissão de serviço no governo, gritarem que são portugueses e estão preocupados com os 1500 milhões de euros que Portugal foi obrigado, pela troika, a emprestar à Grécia. Se os partidos fossem obrigados a ter um nome que os associasse às suas verdadeiras práticas, estes cultores da diplomacia das joelheiras chamar-se-iam Partido Social dos Especuladores Alemães e Partido Popular dos Agiotas Germânicos. O problema deste governo de colaboracionistas é que, se o Syriza provar que ter dignidade dá melhores resultados económicos que andar a lamber os pés da chanceler Merkel, a irracionalidade dos sacrifícios imbecis que nos obrigaram a fazer vai ficar completamente visível, até para o menos esclarecido habitante do Cavaquistão.
O filósofo Slavoj Zizek afirmou, num comício do Syriza, que a derrota dos gregos seria a vitória dos chamados "valores asiáticos, que nada têm que ver com a Ásia, mas com a tendência do capitalismo asiático de suspender a democracia". De facto, ao Syriza falta a experiência governativa de levar um país à bancarrota através da mentira e do roubo. Não é por acaso que Christine Lagarde, actual directora-geral do FMI, afirmou ter mais pena dos habitantes de África que dos gregos e aconselhou estes últimos a ajudarem-se a sim mesmo pagando os seus impostos. Sábio conselho, para quem como ela não paga impostos. Do mal o menos, pode sempre dizer-se que ela é uma melhoria do ponto de vista ético para a instituição que dirige; pelo menos ainda não foi acusada de lenocínio, só é suspeita de corrupção no caso Tapie. Conclui Zizek que, como todos os liberais, ela gosta de pobres impotentes que suscitem apenas a compaixão e a caridade. Para essa gente, o lugar dos pobres é na rua, mas não a lutar e sim a dormir, para serem eventualmente alvo de preocupação, a exemplo da governante francesa que aquando de uma recente vaga de frio se saiu com estas cândidas palavras: "Aconselhava os sem-abrigo a não saírem de casa." O problema dos gregos é que não são vítimas passivas: resistem e lutam. E isso é imperdoável.
Editor-executivo
Escreve à quarta-feira
Por Nuno Ramos de Almeida
publicado em 4 Fev 2015 - 08:00
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