Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 41 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 41 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Uma longa caminhada
Página 1 de 1
Uma longa caminhada
Dados publicados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelaram 2014 como o ano recorde para as exportações portuguesas de bens – um total de 48,2 mil milhões de euros.
Mas, ao mesmo tempo, revelaram também a menor taxa de crescimento anual dos últimos cinco anos, e o primeiro ano durante esse mesmo período em que as exportações cresceram menos que as importações. É, pois, caso para perguntar: está o copo meio cheio ou meio vazio? A resposta não é fácil, embora, tudo considerado, me pareça que é caso para dizer que o copo continua meio cheio. É claro que, por um lado, continuamos ainda distantes da capacidade exportadora de outros países da nossa dimensão, mormente no espaço europeu. Porém, por outro lado, nunca a economia portuguesa esteve tão internacionalmente competitiva quanto hoje.
Historicamente, a economia portuguesa sempre evidenciou uma fragilidade estrutural na sua balança comercial, em especial na balança de bens. Assim, o crescimento das exportações de bens e serviços para o nível actual de sensivelmente 40% do PIB - comparado com os cerca de 30% do PIB de há uns anos a esta parte - só pode ser de saudar. Sem surpresa, a dependência comercial de Portugal face ao exterior diminuiu consideravelmente, ao ponto de hoje existir até um excedente comercial. É certo que no comércio internacional de bens Portugal continua a exibir um défice - o rácio de cobertura de importações por exportações de bens atingiu em 2014 o nível de 82% -, mas com a inclusão dos serviços, designadamente do todo poderoso sector do turismo, chega-se a um saldo positivo - o que é muito bom.
Qual é então a reserva que os dados divulgados esta semana nos podem merecer? A resposta prende-se essencialmente com o insucesso em 2014 na diversificação geográfica das nossas exportações. Assim, ao contrário de 2013, em que as exportações de bens para o espaço extra-comunitário cresceram 7,1%, em 2014 esse crescimento foi nulo. Na realidade, também as importações a partir de países do espaço extra-comunitário foram menores, resultando globalmente, entre importações e exportações, numa menor abertura comercial de Portugal aos países não europeus - precisamente numa altura em que seria importante diversificar para fora da Europa. Ou seja, a nossa dependência e interligação com a Europa aumentaram, o que, sendo natural em face da nossa disposição continental, nos prejudica no imediato. A razão é muito simples: as empresas do espaço comunitário, em geral, tendem a ser mais competitivas do que as nossas.
Portugal é hoje um país cada vez mais continental, porém, não deve descurar a sua posição atlântica nem a sua capacidade de servir como entreposto entre culturas diferentes - uma qualidade que tão bem nos serviu noutras épocas da História. A Europa permite-nos estar expostos a ambientes altamente concorrenciais, desafiando e incentivando as empresas privadas, e também as entidades do sector público, a tornarem-se progressivamente mais produtivas e competitivas. Mas dadas as diferenças de produtividade e de competitividade entre as tipologias empresariais do sul e do norte, não esquecendo os próprios problemas de uma Europa desarticulada e mal construída, o caminho será longo, e frequentemente penoso. Diversificar para fora do continente europeu é, pois, essencial.
Ricardo Arroja
00.05 h
Económico
Mas, ao mesmo tempo, revelaram também a menor taxa de crescimento anual dos últimos cinco anos, e o primeiro ano durante esse mesmo período em que as exportações cresceram menos que as importações. É, pois, caso para perguntar: está o copo meio cheio ou meio vazio? A resposta não é fácil, embora, tudo considerado, me pareça que é caso para dizer que o copo continua meio cheio. É claro que, por um lado, continuamos ainda distantes da capacidade exportadora de outros países da nossa dimensão, mormente no espaço europeu. Porém, por outro lado, nunca a economia portuguesa esteve tão internacionalmente competitiva quanto hoje.
Historicamente, a economia portuguesa sempre evidenciou uma fragilidade estrutural na sua balança comercial, em especial na balança de bens. Assim, o crescimento das exportações de bens e serviços para o nível actual de sensivelmente 40% do PIB - comparado com os cerca de 30% do PIB de há uns anos a esta parte - só pode ser de saudar. Sem surpresa, a dependência comercial de Portugal face ao exterior diminuiu consideravelmente, ao ponto de hoje existir até um excedente comercial. É certo que no comércio internacional de bens Portugal continua a exibir um défice - o rácio de cobertura de importações por exportações de bens atingiu em 2014 o nível de 82% -, mas com a inclusão dos serviços, designadamente do todo poderoso sector do turismo, chega-se a um saldo positivo - o que é muito bom.
Qual é então a reserva que os dados divulgados esta semana nos podem merecer? A resposta prende-se essencialmente com o insucesso em 2014 na diversificação geográfica das nossas exportações. Assim, ao contrário de 2013, em que as exportações de bens para o espaço extra-comunitário cresceram 7,1%, em 2014 esse crescimento foi nulo. Na realidade, também as importações a partir de países do espaço extra-comunitário foram menores, resultando globalmente, entre importações e exportações, numa menor abertura comercial de Portugal aos países não europeus - precisamente numa altura em que seria importante diversificar para fora da Europa. Ou seja, a nossa dependência e interligação com a Europa aumentaram, o que, sendo natural em face da nossa disposição continental, nos prejudica no imediato. A razão é muito simples: as empresas do espaço comunitário, em geral, tendem a ser mais competitivas do que as nossas.
Portugal é hoje um país cada vez mais continental, porém, não deve descurar a sua posição atlântica nem a sua capacidade de servir como entreposto entre culturas diferentes - uma qualidade que tão bem nos serviu noutras épocas da História. A Europa permite-nos estar expostos a ambientes altamente concorrenciais, desafiando e incentivando as empresas privadas, e também as entidades do sector público, a tornarem-se progressivamente mais produtivas e competitivas. Mas dadas as diferenças de produtividade e de competitividade entre as tipologias empresariais do sul e do norte, não esquecendo os próprios problemas de uma Europa desarticulada e mal construída, o caminho será longo, e frequentemente penoso. Diversificar para fora do continente europeu é, pois, essencial.
Ricardo Arroja
00.05 h
Económico
Tópicos semelhantes
» O irrevogável drama do desemprego de longa duração
» A longa marcha para Paris
» De Damasco até Lyon: A longa viagem de Sohaib
» A longa marcha para Paris
» De Damasco até Lyon: A longa viagem de Sohaib
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin