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É política, não geopolítica
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É política, não geopolítica
A tentativa de associar, ou não, Portugal à situação grega é um exercício de sociologia recreativa de alto nível.
A iniciativa grega de renegociar a dívida pública tem provocado posturas e opiniões encontradas também em relação a Portugal. É inegável o impacto do resultado dessa experiência no relacionamento de Portugal com o seu entorno, dado o elevadíssimo nível da dívida externa do país. Mas agrupar os países por áreas geográficas e extrapolar situações é uma simplificação útil para determinadas análises que, obviamente, dilui realidades muito heterogéneas e encerra, com frequência, intenções pouco claras.
Pessoalmente acho o processo grego uma experiência sociológica muito interessante, com independência dos filtros morais que cada um de nós aplicar sobre a maior ou menor irresponsabilidade de quem empresta sem análises rigorosas de crédito ou de quem recebe os empréstimos sem a solvência para os devolver. A verdade é que o programa de ajuda à Grécia é um resgate direto a quem assumiu responsabilidades além das suas capacidades financeiras e um resgate indireto aos bancos, principalmente franceses e alemães, que contraíram dívidas de forma irresponsável e que, depois, a ‘troik' encarregou-se de mutualizar entre todos os estados da União.
A tentativa de associar, ou não, Portugal à situação grega é também um exercício de sociologia recreativa de alto nível. Por um lado, estão algumas forças locais que exigem a colagem direta à postura do novo governo grego, numa análise que, pela sua aparente ligeireza, parece reduzir-se a sacudirmos as responsabilidades, desta vez à custa da geografia. No extremo oposto, ouvimos com estupefacção algumas análises externas que, pelo simples facto de Portugal ser um estado do Sul da Europa, associam-nos de forma irreflexiva à situação grega. E, finalmente, temos o optimismo interessado dos governos ibéricos, que nos bombardeiam com uma imagem botoximizada do país, típica do início da trajetória parabólica do ciclo eleitoral.
Portugal é, na atualidade, um doente grave mas estável, com os seus problemas e soluções específicas que não podem nem devem associar-se a posturas e receitas de outros estados com base num critério tão superficial, para este propósito, como é a geografia. Não há soluções expeditas, não há vudu económico para uma crise que é sistémica e, por isso, requer mudanças estruturais, com novos ritmos e novas formas, que assumam que o excesso de dívida é um limite real desse crescimento tão necessário para a conseguir devolver.
Xavier Rodríguez Martín
00.05 h
Económico
A iniciativa grega de renegociar a dívida pública tem provocado posturas e opiniões encontradas também em relação a Portugal. É inegável o impacto do resultado dessa experiência no relacionamento de Portugal com o seu entorno, dado o elevadíssimo nível da dívida externa do país. Mas agrupar os países por áreas geográficas e extrapolar situações é uma simplificação útil para determinadas análises que, obviamente, dilui realidades muito heterogéneas e encerra, com frequência, intenções pouco claras.
Pessoalmente acho o processo grego uma experiência sociológica muito interessante, com independência dos filtros morais que cada um de nós aplicar sobre a maior ou menor irresponsabilidade de quem empresta sem análises rigorosas de crédito ou de quem recebe os empréstimos sem a solvência para os devolver. A verdade é que o programa de ajuda à Grécia é um resgate direto a quem assumiu responsabilidades além das suas capacidades financeiras e um resgate indireto aos bancos, principalmente franceses e alemães, que contraíram dívidas de forma irresponsável e que, depois, a ‘troik' encarregou-se de mutualizar entre todos os estados da União.
A tentativa de associar, ou não, Portugal à situação grega é também um exercício de sociologia recreativa de alto nível. Por um lado, estão algumas forças locais que exigem a colagem direta à postura do novo governo grego, numa análise que, pela sua aparente ligeireza, parece reduzir-se a sacudirmos as responsabilidades, desta vez à custa da geografia. No extremo oposto, ouvimos com estupefacção algumas análises externas que, pelo simples facto de Portugal ser um estado do Sul da Europa, associam-nos de forma irreflexiva à situação grega. E, finalmente, temos o optimismo interessado dos governos ibéricos, que nos bombardeiam com uma imagem botoximizada do país, típica do início da trajetória parabólica do ciclo eleitoral.
Portugal é, na atualidade, um doente grave mas estável, com os seus problemas e soluções específicas que não podem nem devem associar-se a posturas e receitas de outros estados com base num critério tão superficial, para este propósito, como é a geografia. Não há soluções expeditas, não há vudu económico para uma crise que é sistémica e, por isso, requer mudanças estruturais, com novos ritmos e novas formas, que assumam que o excesso de dívida é um limite real desse crescimento tão necessário para a conseguir devolver.
Xavier Rodríguez Martín
00.05 h
Económico
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