O mal que nos espera

Não sei se deram conta, presumo que sim, do frenesim que a corrida a Belém tem suscitado. Candidatos são mais que muitos, protocandidatos idem e lançadores de candidatos também. Bem sei que parece que não vive lá ninguém e que, talvez por isso, o rol de interessados esbraceje com toda a energia que têm mostrando que estão vivos e assim se manterão se para lá forem morar. Mas, com a breca... já cansa. Pior, cansa e deixa antever um cenário dantesco. Na ala da direita (se é que se podem fazer distinções), as picardias e o fel exaltam-se de forma desmedida. Tenta-se ocupar o maior espaço possível para limitar uma eventual cavalgada vitoriosa do ex-senhor Europa. Tudo isto assume um quadro de desespero, como se da "última coca-cola no deserto" se tratasse. E efectivamente para alguns deve ser.

À esquerda espera-se um messias que tarda em aparecer e enquanto isso gerem-se as agendas mediáticas empurrando com a barriga uma segunda opção. Que será sempre uma segunda opção.

O que me preocupa é que no meio de tanta abundância voltemos a ficar com uma mão-cheia de nada, com um Presidente que olhe para Belém como uma alternativa à sua falta de espaço político, uma progressão na carreira ou uma oportunidade de levar a sua Maria a destinos exóticos e alternativos.

Se houve período da história da nossa República em que ficou clara a importância de ter um Presidente respeitado (e não temido), conciliador (e não vingativo) e justo (e não tendencioso), estes últimos quatro anos foram esse

período.

Os tempos próximos não serão um mar de rosas e tudo o que nos deixou esta Presidência foi um enorme eucaliptal.

Secretário da ARCTEL-CPLP

Escreve ao sábado

Por Filipe Baptista
publicado em 21 Fev 2015 - 08:00
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