Porto de Lisboa quer reforçar exportações da Cimpor e Siderurgia

Mega-projecto engloba terminal no Barreiro, recuperação do terminal do Seixal e navegabilidade até Alenquer.

Os novos projectos de investimento para a modernização do porto de Lisboa, ontem apresentados em sessão pública por Marina Ferreira, presidente da Administração do Porto de Lisboa (APL), ao ministro da Economia, António Pires de Lima, têm por horizonte o ano de 2020 e incluem a navegabilidade do rio Tejo até Alenquer e a recuperação do terminal da Siderurgia Nacional, no Seixal.

Quer Pires de Lima, quer Marina Ferreira sublinharam ontem que esses dois projectos de investimento irão proporcionar o reforço da capacidade de exportação de cimentos, por parte da Cimpor, e de produtos siderúrgicos reconvertidos a partir da sucata, pelo lado da antiga Siderurgia Nacional.

Os dois projectos, cada um avaliado em cerca de 50 milhões de euros já estavam incluídos no PETI - Plano estratégico de Transportes e Infra-estruturas, mas o referente à navegabilidade do rio Tejo estava apenas previsto até Alhandra, sendo agora estendido até Alenquer, incluindo a possibilidade de potenciar a comercialização e operação da plataforma logística de Castanheira do Ribatejo. Um projecto lançado pelos Governos de José Sócrates e que tem sido um fracasso até ao momento. No plano ontem apresentado estão ainda incluídos o novo terminal de cruzeiros de Lisboa, cuja construção deverá arrancar no segundo trimestre deste ano, e a marina do Tejo, que inclui a concessão das docas de Pedrouços e do Bom Sucesso.

"Este projecto não é contra ninguém. É complementar a outros projectos de desenvolvimento portuário em Sines, Aveiro, Setúbal, Figueira da Foz, Viana do Castelo e, muito especialmente, em Leixões", garantiu ontem António Pires de Lima. E sublinhou que os projectos de investimento previstos para o porto da capital - recuperação do terminal do Seixal, navegabilidade até Alenquer, novo terminal de contentores no Barreiro e acessos rodo e ferroviários - têm "as condições para reiniciar um surto de industrialização".

"Estes projectos visam recentrar a actividade da economia na via navegável do Tejo e unir as margens após o consenso gerado pelas 11 autarquias na área de influência do porto de Lisboa", assinalou Pires de Lima.

"Queremos criar as condições para que o porto de Lisboa seja um parceiro competitivo em toda a área metropolitana de Lisboa e se afirmar como um eixo estratégico para o reforço das exportações para África, a América do Sul e a América do Norte", assumiu Marina Ferreira, em declarações aos jornalistas após a apresentação dos projectos de reordenamento da plataforma multimodal do porto de Lisboa.

A presidente da APL prevê que os estudos e as análises de impacto ambiental estejam todos concluídos até 2017, mas revelou que alguns estarão já prontos no próximo Verão. Marina Ferreira acredita que será possível lançar o concurso público internacional para este conjunto de investimentos no ano de 2016. O Diário Económico apurou junto de diversas fontes ligadas ao processo que o conjunto de investimentos, a ser maioritariamente financiado por operadores privados, será sempre superior a 600 milhões de euros, podendo chegar aos 800. Cerca de 500 milhões de euros serão canalizados especificamente para a construção do novo terminal de contentores no Barreiro. Ontem, o Governo entregou em Bruxelas a candidatura aos fundos comunitários para a realização dos diversos estudos necessários para avançar com estes projectos de investimento, orçados em cerca de 5,5 milhões de euros.

Nuno Miguel Silva
00.05 h
Económico