O estado de graça foi-se

António Costa completa no próximo dia 2 de Março três meses de liderança do PS e, depois de tantas expectativas criadas, dentro e fora do partido, não deixa de ser uma ironia que tenha perdido o estado de graça precisamente agora.


O  episódio com a comunidade de investidores chineses em Portugal foi a gota de água e a forma como passou o dia de ontem a justificar-se por causa da anunciada demissão de Alfredo Barroso mostra que está perdido na sua própria estratégia.

O fundador do PS vale pouco mais do que isso, o pin de fundador, não representa mais ninguém além de si mesmo, nem sequer uma sensibilidade minoritária dentro dos socialistas. Costa apressou-se a fazer saber que vai procurar explicar pessoalmente a Barroso o que disse, coisa estranha e que demonstra que, nesta altura, está com medo da própria sombra. Foi pior a emenda - as justificações públicas e o sms privado aos militantes - do que o soneto - o discurso no casino sobre o país que está muito diferente daquele que existia há quatro anos .

O líder do PS continua à frente nas sondagens, e continua a ser o mais bem colocado para ganhar as eleições, com a informação que existe hoje. Mas já perdeu a primeira oportunidade para causar uma primeira boa impressão. E os avanços e recuos - dos quais o discurso do casino é o menor dos problemas - tornam críticas as próximas semanas.

Ainda ninguém percebeu o que Costa quer e a dúvida que começa a instalar-se é se o próprio líder do PS também já percebeu.

António Costa 
14.30 h 
Económico