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“Cachaça Não É Água Não”
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“Cachaça Não É Água Não”
Sempre fui do tipo careta, daquelas que só experimentou um trago de bebida alcoólica depois de entrar na Faculdade. Durante vários anos, confesso que não entendia o fascínio de beber um líquido amargo e azedo. Isso ainda é válido para – perdoem-me os apreciadores – cerveja, por exemplo. Naturalmente, ao longo dos anos fui aprendendo a gostar de algumas coisas, mas continuo a ser picuinhas, não haja equívocos.
Sendo eu a pessoa acima descrita, dá para imaginar a minha reação quando ouvi, no início da semana, que “um jovem tinha morrido por beber demais numa festa universitária”. Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, morreu depois de consumir entre 25 a 30 doses de álcool durante um evento da Unesp. Acrescente-se ao seu espanto, após ler esta última frase, mais um facto: as três dezenas de doses foram tomadas em apenas 30 minutos. É que o desafio era beber uma dose a cada 60 segundos. A pergunta é: Como consegue alguém beber 30 doses de vodca pura e não vomitar algures no meio?
“Melhor morrer de vodca do que de tédio” é uma das frases que, ironicamente ou não, constam do ainda ativo perfil de Facebook da vítima mortal. Será realmente melhor morrer de vodca do que de tédio? Eu diria que é melhor viver do que morrer, ponto.
Odeio soar a paternalismo porque sei que quando estamos na Faculdade cometemos inúmeros erros. Mas é preciso parar para refletir sobre o tema.
Este tipo de concurso alcoólico, chamemos-lhe assim, não é caso isolado, nem exclusivo do Brasil. O famoso Rally das Tascas em Portugal, onde os caloiros são convidados a ver quem bebe mais, quem é o mais “cool”, quem é o mais divertido ou o mais “choninhas”, ainda existe. Ao decidir escrever sobre este assunto, fiz uma pesquisa sobre este rally e confesso que me deparei com uma explicação do evento – na página de Facebook de uma famosa faculdade portuguesa – que a iniciativa era um “evento tradicional da vida académica da cidade de Lisboa no qual o objetivo é obter um resultado maior sobre as equipas adversárias no que diz respeito ao consumo e a tempos registados no fim da participação.” Dou por mim a achar que vou ser uma mãe extremamente chata, mas não é absurdo que isto exista oficialmente como atividade de integração na vida universitária?
Facto é que a juventude resume-se a tentar provar aos outros que afinal somos as pessoas que gostaríamos de ser ou, pior, que os outros gostariam que fossemos.
O caso do aluno brasileiro fez rolar bastante tinta, esta semana. Além da sua morte, outros três estudantes foram hospitalizados em estado grave. Entre eles, duas mulheres. Perante a tragédia, a sociedade brasileira levantou inúmeras questões, a principal “quem é o responsável pela situação?” A resposta é difícil de elaborar. A festa foi realizada fora das instalações da Universidade, portanto a instituição não tem nada a ver com a situação; os alunos não foram obrigados a beber, todos sabiam que estavam numa competição alcoólica e, por fim, eram todos maiores de idade.
O caso recordou-me, também, a tragédia dos universitários portugueses que perderam a vida num fim-de-semana académico muito mal contado. Quem tem culpa afinal? Quem deve ser responsabilizado?
A juventude encerra em si uma ilusão universal, a da eternidade. Quem nunca se sentiu invencível com 20 anos de idade? É contra a natureza humana, tendo a vida inteira pela frente, questionar o tempo. Mas acredito convictamente que alcançamos um ponto do qual precisamos recuar um pouco. Espero que um dia seja “cool” ser consciente e que para isso não tenhamos, necessariamente, que ser o “nerd” da turma.
Juliana Pereira Martins
Jornalista
Correspondente no Brasil
6 Março, 2015 00:20
OJE.pt
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