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Aquelas verdades! ai Deus, e u é!
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Aquelas verdades! ai Deus, e u é!
Fez 690 anos que morreu D. Dinis e a sua lírica trovadoresca continua fresca. Perguntava ele nas suas célebres cantigas medievais se saberíamos novas de um certo amigo :
- "aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é?"
- "aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é?"
Pois bem, a poesia continua nova, mas os factos ficaram velhos. Vamos sempre a tempo de apurar verdades e de inquirir juramentos. É que foi também D. Dinis que introduziu em Portugal a instituição universitária (em 1290 ) e isso faz com que seja importante honrar esse legado através do uso da razão e do apuramento da verdade.
No Expresso do último sábado (21 de Março de 2015), escrito no suplemento Economia (página 30), apareceu um texto que vale a pena não deixar passar sem exame justamente por questões de rigor e prestação de contas. Esse texto foi escrito por Pedro Rebelo de Sousa, evocando os 12 anos do "Instituto Português de Corporate Governance" (IPCG).
Há 10 anos dizia o mesmo Pedro Rebelo de Sousa que o IPCG era uma entidade que surgia no âmbito da governança societária tendo:
- "exclusivamente por preocupação abordar a temática de uma forma tripla ... no sentido de diagnóstico, acção e prevenção."
Pois bem, a lírica continua bem enunciada mas as boas intensões ficaram velhas. O IPGC não honrou essas três promessas. Estes foram os dez anos com mais escândalos societários, com mais inércia perante más práticas e com mais incapacidade de antecipar falhas sistémicas e pessoais nos sistemas de deliberação empresarial.
E o IPCG está implicado nesta falha. Em inícios de 2010 o IPCG conheceu a sua maior crise pois um projecto de "Código de Bom Governo das Sociedades" viria a ser bloqueado levando à demissão dos seus proponentes (justamente as pessoas que Rebelo de Sousa curiosamente agora louva no seu texto: Rui Vilar, João Talone e António Borges). A imprensa competente (em particular pela mão de jornalistas de renome como Cristina Ferreira do Público) mostrou na altura como foi Ricardo Espírito Santo Salgado que tirou o tapete à iniciativa (levando na sua esteira as então igualmente recomendáveis lideranças corporativas da PT, da EDP ou da Jerónimo Martins). Também este jornal por várias vezes fez apurar dados e levantar prescientes interpretações (veja-se por exemplo o suplemento de Economia do Expresso, 6 de Fevereiro de 2010, ou a então revista Única de 26 de Junho de 2010), para o qual contribuiu de maneira exemplar Nicolau Santos (jornalista que Pedro Rebelo de Sousa resolve atacar no seu artigo de opinião).
Assim, e até nova prova, e ao contrário do que pretende Pedro Rebelo de Sousa, o que a entidade por si chefiada tem conseguido demonstrar não é a sua independência, nem sequer a sua irrelevância. Pior que isso. O que a evidência sugere é que o IPGC tem feito parte do sistema nacional de inércia governativa que não se auto-critica nem se deixa criticar. Pergunte-se então: este IPCG para quê?!
... E entretanto no mundo da reflexão, da iniciativa e da cultura ...
Nem só de establishment vive este país. E é por isso que vale a pena sublinhar quando gente de ideias, estudo e cultura decide abrir caminho por entre as sombras e as mentiras. Destaquem-se três recomendáveis bons exemplos:
Sandro Mendonça |
7:00 Quinta feira, 26 de março de 2015
Expresso
- "aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é?"
- "aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é?"
Pois bem, a poesia continua nova, mas os factos ficaram velhos. Vamos sempre a tempo de apurar verdades e de inquirir juramentos. É que foi também D. Dinis que introduziu em Portugal a instituição universitária (em 1290 ) e isso faz com que seja importante honrar esse legado através do uso da razão e do apuramento da verdade.
No Expresso do último sábado (21 de Março de 2015), escrito no suplemento Economia (página 30), apareceu um texto que vale a pena não deixar passar sem exame justamente por questões de rigor e prestação de contas. Esse texto foi escrito por Pedro Rebelo de Sousa, evocando os 12 anos do "Instituto Português de Corporate Governance" (IPCG).
Há 10 anos dizia o mesmo Pedro Rebelo de Sousa que o IPCG era uma entidade que surgia no âmbito da governança societária tendo:
- "exclusivamente por preocupação abordar a temática de uma forma tripla ... no sentido de diagnóstico, acção e prevenção."
Pois bem, a lírica continua bem enunciada mas as boas intensões ficaram velhas. O IPGC não honrou essas três promessas. Estes foram os dez anos com mais escândalos societários, com mais inércia perante más práticas e com mais incapacidade de antecipar falhas sistémicas e pessoais nos sistemas de deliberação empresarial.
E o IPCG está implicado nesta falha. Em inícios de 2010 o IPCG conheceu a sua maior crise pois um projecto de "Código de Bom Governo das Sociedades" viria a ser bloqueado levando à demissão dos seus proponentes (justamente as pessoas que Rebelo de Sousa curiosamente agora louva no seu texto: Rui Vilar, João Talone e António Borges). A imprensa competente (em particular pela mão de jornalistas de renome como Cristina Ferreira do Público) mostrou na altura como foi Ricardo Espírito Santo Salgado que tirou o tapete à iniciativa (levando na sua esteira as então igualmente recomendáveis lideranças corporativas da PT, da EDP ou da Jerónimo Martins). Também este jornal por várias vezes fez apurar dados e levantar prescientes interpretações (veja-se por exemplo o suplemento de Economia do Expresso, 6 de Fevereiro de 2010, ou a então revista Única de 26 de Junho de 2010), para o qual contribuiu de maneira exemplar Nicolau Santos (jornalista que Pedro Rebelo de Sousa resolve atacar no seu artigo de opinião).
Assim, e até nova prova, e ao contrário do que pretende Pedro Rebelo de Sousa, o que a entidade por si chefiada tem conseguido demonstrar não é a sua independência, nem sequer a sua irrelevância. Pior que isso. O que a evidência sugere é que o IPGC tem feito parte do sistema nacional de inércia governativa que não se auto-critica nem se deixa criticar. Pergunte-se então: este IPCG para quê?!
... E entretanto no mundo da reflexão, da iniciativa e da cultura ...
Nem só de establishment vive este país. E é por isso que vale a pena sublinhar quando gente de ideias, estudo e cultura decide abrir caminho por entre as sombras e as mentiras. Destaquem-se três recomendáveis bons exemplos:
- O livro de Luís Reis Pires com Nuno Martins "Segredos de Estado " acaba de ser publicado. Estes jornalistas procuram deixar às claras "movimentações que não vieram a público". Trata-se de mais um contributo importante de uma jovem geração de jornalistas para quem a precariedade da sua condição não é razão suficiente para se deixarem esmagar pela força dos poderes políticos e a arrogância do autoritarismo económico. Fortemente recomendado!
- O Projecto de Paula Cordeiro "http://www.urbanista.biz/ " foi lançado com a estação da Primavera. Este é um projecto de empreendedorismo de media por parte de uma Professora do ISCSP (ULisboa) que mostra ao mesmo tempo duas coisas: o negócio da comunicação social pode ser re-inventado e as capacidades emergentes das universidades públicas dão um contributo inovador e efectivo mesmo em indústrias com o seu modelo de negócio fortemente em crise como os media. Fortemente recomendado!
- O julgamento de Rafael Marques, autor de "Diamantes de Sangue ", começou à porta fechada. O jornalista angolano que já conheceu a cadeia sem ter tido acusação formulada e que tem algo a dizer sobre pessoas que estranhamente aparecem suicidadas ou espontaneamente espancadas no seu país é um caso exemplar de resiliência. O livro foi agora libertado para acesso livre pela sua editora, a Tinta-da-China. Fortemente recomendado!
Sandro Mendonça |
7:00 Quinta feira, 26 de março de 2015
Expresso
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