Irresponsabilidades políticas

Desafortunadamente há quem ainda no séc. XXI entenda que as políticas boas para nos transformar têm de ter uma conotação política de esquerda ou de direita. Antes da responsabilidade para com o País, preferem perseguir fidelidades ideológicas e partidárias.
 
A FRASE...
 
"Só há duas saídas: criar emprego ou cortar pensões."
 
Mário Centeno, Negócios, 4 de Maio de 2015
 
A ANÁLISE...
 
Só o trabalho existente, ou o que formos capazes de criar, poderá pagar as pensões de uma sociedade que se pensou como de crescimento eterno, produtividades crescentes e de pirâmides etárias permanentemente jovens.
 
Já não será tão óbvio quem irá criar o emprego: o Estado, a iniciativa privada e/ou os próprios trabalhadores. Vamos precisar de modelos de compromisso cruzados e estáveis até que a larga maioria das empresas sejam produtivas, rentáveis e auto-sustentáveis.
 
Não há porém criação de emprego sustentável, se não houver destruição em paralelo. Basta-nos, no entanto, que aquela seja maior do que esta. A corporação sindical preocupa-se com o emprego existente, e não quer a destruição das empresas actuais, custe o que custar, nem que isso se transforme numa desgraça colectiva: esse é o seu modelo de incentivos. Os capitalistas de hoje não querem os do futuro. Os agentes económicos (empresários, trabalhadores e corporações sindicais e outras) respondem a incentivos privados, ou aos públicos que induzem aqueles.
 
Desafortunadamente há quem ainda no séc. XXI entenda que as políticas boas para nos transformar têm de ter uma conotação política de esquerda ou de direita. Antes da responsabilidade para com o País, preferem perseguir fidelidades ideológicas e partidárias. Qual o escape a tanta irresponsabilidade?
 
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

06 Maio 2015, 19:20 por Jorge Marrão
Negócios