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A espargata
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A espargata
Há meros dois anos, a caminho da crise política que quase liquidou o Governo no Verão de 2013, poucos diriam que em cima das legislativas o papel mais difícil caberia ao líder da oposição.
Mas este tem sido um ciclo político peculiar e dois anos é muito tempo. Hoje, em Maio de 2015, quem tem o osso mais duro de roer é António Costa.
É sobre Costa que pesam expectativas altas, as mesmas que fizeram vingar o seu assalto tardio à liderança do PS - expectativas que seriam brutalmente desfeitas com uma derrota perante a coligação de direita, que executou com convicção o programa de austeridade.
Para evitar este destino, o líder dos socialistas recorre ao equilibrismo político: promete q.b. para cumprir a matriz assistencialista do partido, consolidando o seu eleitorado e tentando roubar algum mais à esquerda; e, ao mesmo tempo, procura afastar a imagem do despesismo e dos "interesses" do último governo PS, para não perder eleitores ao centro e à direita desiludida.
O fantasma de Sócrates é uma dificuldade acrescida para Costa, mas deixemos isso de lado. No campo da economia, onde se jogam as próximas eleições, há um elemento além da restrição financeira que limita o discurso: uma parte indeterminada do eleitorado está em stress pós-traumático, céptica sobre palavras doces. Passos Coelho tem apostado aqui para combater o PS, agitando o preço das "ilusões" e defendendo o modesto crescimento actual como "sustentável".
António Costa apercebeu-se da mudança - e adaptou-se. O relatório dos peritos, liderado por um investigador do Banco de Portugal, foi um passo inicial para se "credibilizar" e distanciar de devaneios mais radicais. Ontem veio o primeiro pedaço do programa eleitoral (o PS vai fazer render o peixe), com a mensagem de que "não é um programa de facilitismos, é um programa que faz escolhas".
Opedaço de programa é, na verdade, a corporização da estratégia "uma no cravo, outra na ferradura" de Costa. Há uma ideia de pacto de regime para as obras públicas, o recuo na baixa da TSU das empresas (medida subfinanciada), a eliminação agora "gradual" da sobretaxa de IRS. Logo ao lado há as promessas para o seu eleitorado típico: mais centros de saúde, regresso ao Novas Oportunidades, reposição de prestações sociais, 35 horas no Estado e a recriação do ministério da Cultura.
Agradar a toda a gente é uma tarefa cansativa - e que, nesta era de desinteresse e hostilidade sobre a política, pode terminar no desagrado de muitos (como se viu no acolhimento à esquerda ao relatório dos peritos). Mas num contexto eleitoral e financeiro ainda adverso à esquerda moderada europeia, a espargata política é a forma encontrada para conquistar o poder. Costa tem flexibilidade suficiente para isso - veremos se o eleitorado gosta.
00:05 h
Bruno Faria Lopes
Económico
Mas este tem sido um ciclo político peculiar e dois anos é muito tempo. Hoje, em Maio de 2015, quem tem o osso mais duro de roer é António Costa.
É sobre Costa que pesam expectativas altas, as mesmas que fizeram vingar o seu assalto tardio à liderança do PS - expectativas que seriam brutalmente desfeitas com uma derrota perante a coligação de direita, que executou com convicção o programa de austeridade.
Para evitar este destino, o líder dos socialistas recorre ao equilibrismo político: promete q.b. para cumprir a matriz assistencialista do partido, consolidando o seu eleitorado e tentando roubar algum mais à esquerda; e, ao mesmo tempo, procura afastar a imagem do despesismo e dos "interesses" do último governo PS, para não perder eleitores ao centro e à direita desiludida.
O fantasma de Sócrates é uma dificuldade acrescida para Costa, mas deixemos isso de lado. No campo da economia, onde se jogam as próximas eleições, há um elemento além da restrição financeira que limita o discurso: uma parte indeterminada do eleitorado está em stress pós-traumático, céptica sobre palavras doces. Passos Coelho tem apostado aqui para combater o PS, agitando o preço das "ilusões" e defendendo o modesto crescimento actual como "sustentável".
António Costa apercebeu-se da mudança - e adaptou-se. O relatório dos peritos, liderado por um investigador do Banco de Portugal, foi um passo inicial para se "credibilizar" e distanciar de devaneios mais radicais. Ontem veio o primeiro pedaço do programa eleitoral (o PS vai fazer render o peixe), com a mensagem de que "não é um programa de facilitismos, é um programa que faz escolhas".
Opedaço de programa é, na verdade, a corporização da estratégia "uma no cravo, outra na ferradura" de Costa. Há uma ideia de pacto de regime para as obras públicas, o recuo na baixa da TSU das empresas (medida subfinanciada), a eliminação agora "gradual" da sobretaxa de IRS. Logo ao lado há as promessas para o seu eleitorado típico: mais centros de saúde, regresso ao Novas Oportunidades, reposição de prestações sociais, 35 horas no Estado e a recriação do ministério da Cultura.
Agradar a toda a gente é uma tarefa cansativa - e que, nesta era de desinteresse e hostilidade sobre a política, pode terminar no desagrado de muitos (como se viu no acolhimento à esquerda ao relatório dos peritos). Mas num contexto eleitoral e financeiro ainda adverso à esquerda moderada europeia, a espargata política é a forma encontrada para conquistar o poder. Costa tem flexibilidade suficiente para isso - veremos se o eleitorado gosta.
00:05 h
Bruno Faria Lopes
Económico
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