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A natureza é sábia, democracia limitada
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A natureza é sábia, democracia limitada
A natureza, os gatos, dão soberbas lições de vida.
Não sou amigo de gatos. Quando miúdo divertia-me a metê-los em barris de água da chuva para os ver saltar como uma mola e fugir como uma seta. Mas da última vez que estive em Goa, um gato deixou-me intranquilo e pensativo, trazendo à mente um fluxo interminável de ideias e imagens.
A gata-mãe tinha uma cria de 2 meses, que foi dada a uma pessoa amiga. A mãe desatou a miar sem cessar, procurando o filhote. Com um miar lancinante e contínuo, nada a parava e a lembrança do filho não a largava.
Para a calar ou distrair deram-lhe comida; nada comeu, nada! E apenas retirou um peixinho, agarrando-o com os dentes e continuou a miar mais forte, como na ânsia de dá-lo ao filhote. Ao observar esta cena, comovi-me e ainda sugeri que a cria voltasse para junto da mãe ou fosse ela para junto do filhote…
Impressionou-me esta cena de de angústia e sofrimento pelo filho desaparecido, que procurava sem parar, sem se cansar, sem comer. Veio-me à mente um filme Amazing Grace, uma Graça espantosa, sobre o fim da escravatura no Reino Unido. E desfilaram na imaginação, acompanhados do miar suplicante, uma série infinda de factos tenebrosos:
Talvez 16 milhões de escravos, indefesos, apanhados numa cilada, organizada pelos senhores anafados, locais, sem escrúpulos nem sentimentos, desumanizados com o dinheiro ganho com o tráfico dos seus conterrâneos, tráfico intensamente alimentado pelos compradores estrangeiros, em busca de ‘robots’ humanos, de mão-de-obra. Os estrangeiros, que lá foram para levar a ‘sua civilização’, superior…
16 milhões de mães inconsoláveis, à procura do filho que não deixara rasto; que dariam tudo para o voltar a ver. Será que o branco civilizado o raptou?
16 milhões de famílias desfeitas, perdendo todo o interesse pela vida, porque quem muito amavam desapareceu. Onde estará? Nalguma reserva à espera de encher o barco para terras da América? Poderá ser libertado? Como, se só branco civilizado tem armas de fogo… mortíferas?
…Toda a organização social africana desmoronada, em completo desabamento, com o desaparecer de pessoas valiosas e fortes, muitos com capacidades de chefia que viriam a dar unidade e coesão à sociedade!
De cada barco com escravos, transportados em condições horrorosas, como gado, boa parte morria pelo caminho, com disenterias e outras doenças não tratadas, chegando menos de um terço ao destino.
Porque pensavam os colonizadores que pessoas de pele escura eram seres sem alma, inferiores, quase animais? Eram eles tão ignorantes? De facto, quem são os marinheiros/colonizadores ingleses? Muitos, piratas, que roubavam e matavam e, por isso, eram feitos ‘sirs’. Gananciosos, em busca de riqueza a qualquer preço.
É precisa ‘mão-de-obra’ para trabalhar em plantações de algodão e cana-de-açúcar, de tabaco e café, nas minas das Américas e da África do Sul? Fácil: aprova-se uma lei – feita em Londres, ou qualquer capital europeia –, a tornar legal a escravatura, votando, por maioria, que os não-brancos são animais, como em muitos documentos dos colonizadores ingleses, que apresentam os indianos com cabeça de cão!…. Não custa nada votar e dá fabulosos lucros!
É a mesma atitude de hoje: legaliza-se o aborto, por voto da maioria, fazendo convencer que ‘aquilo’ que se esquarteja não é vida humana. Porque assim convém, para exterminar vidas indefesas, sem que ‘pese’ na consciência.
A natureza, os gatos, dão soberbas lições de vida. Quando não se quer entender surgem, sem saber donde e por vezes por vias democráticas, os hitlers, stalins, maos, pol-pots, etc. que saltam para o topo da governação, aterrorizando e liquidando vidas inocentes aos milhões.
Professor da AESE e Dirigente da AAPI
EUGÉNIO VIASSA MONTEIRO
25/05/2015 - 06:15
Público
Não sou amigo de gatos. Quando miúdo divertia-me a metê-los em barris de água da chuva para os ver saltar como uma mola e fugir como uma seta. Mas da última vez que estive em Goa, um gato deixou-me intranquilo e pensativo, trazendo à mente um fluxo interminável de ideias e imagens.
A gata-mãe tinha uma cria de 2 meses, que foi dada a uma pessoa amiga. A mãe desatou a miar sem cessar, procurando o filhote. Com um miar lancinante e contínuo, nada a parava e a lembrança do filho não a largava.
Para a calar ou distrair deram-lhe comida; nada comeu, nada! E apenas retirou um peixinho, agarrando-o com os dentes e continuou a miar mais forte, como na ânsia de dá-lo ao filhote. Ao observar esta cena, comovi-me e ainda sugeri que a cria voltasse para junto da mãe ou fosse ela para junto do filhote…
Impressionou-me esta cena de de angústia e sofrimento pelo filho desaparecido, que procurava sem parar, sem se cansar, sem comer. Veio-me à mente um filme Amazing Grace, uma Graça espantosa, sobre o fim da escravatura no Reino Unido. E desfilaram na imaginação, acompanhados do miar suplicante, uma série infinda de factos tenebrosos:
Talvez 16 milhões de escravos, indefesos, apanhados numa cilada, organizada pelos senhores anafados, locais, sem escrúpulos nem sentimentos, desumanizados com o dinheiro ganho com o tráfico dos seus conterrâneos, tráfico intensamente alimentado pelos compradores estrangeiros, em busca de ‘robots’ humanos, de mão-de-obra. Os estrangeiros, que lá foram para levar a ‘sua civilização’, superior…
16 milhões de mães inconsoláveis, à procura do filho que não deixara rasto; que dariam tudo para o voltar a ver. Será que o branco civilizado o raptou?
16 milhões de famílias desfeitas, perdendo todo o interesse pela vida, porque quem muito amavam desapareceu. Onde estará? Nalguma reserva à espera de encher o barco para terras da América? Poderá ser libertado? Como, se só branco civilizado tem armas de fogo… mortíferas?
…Toda a organização social africana desmoronada, em completo desabamento, com o desaparecer de pessoas valiosas e fortes, muitos com capacidades de chefia que viriam a dar unidade e coesão à sociedade!
De cada barco com escravos, transportados em condições horrorosas, como gado, boa parte morria pelo caminho, com disenterias e outras doenças não tratadas, chegando menos de um terço ao destino.
Porque pensavam os colonizadores que pessoas de pele escura eram seres sem alma, inferiores, quase animais? Eram eles tão ignorantes? De facto, quem são os marinheiros/colonizadores ingleses? Muitos, piratas, que roubavam e matavam e, por isso, eram feitos ‘sirs’. Gananciosos, em busca de riqueza a qualquer preço.
É precisa ‘mão-de-obra’ para trabalhar em plantações de algodão e cana-de-açúcar, de tabaco e café, nas minas das Américas e da África do Sul? Fácil: aprova-se uma lei – feita em Londres, ou qualquer capital europeia –, a tornar legal a escravatura, votando, por maioria, que os não-brancos são animais, como em muitos documentos dos colonizadores ingleses, que apresentam os indianos com cabeça de cão!…. Não custa nada votar e dá fabulosos lucros!
É a mesma atitude de hoje: legaliza-se o aborto, por voto da maioria, fazendo convencer que ‘aquilo’ que se esquarteja não é vida humana. Porque assim convém, para exterminar vidas indefesas, sem que ‘pese’ na consciência.
A natureza, os gatos, dão soberbas lições de vida. Quando não se quer entender surgem, sem saber donde e por vezes por vias democráticas, os hitlers, stalins, maos, pol-pots, etc. que saltam para o topo da governação, aterrorizando e liquidando vidas inocentes aos milhões.
Professor da AESE e Dirigente da AAPI
EUGÉNIO VIASSA MONTEIRO
25/05/2015 - 06:15
Público
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