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Financiamento e produtividade - (XLIX)
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Financiamento e produtividade - (XLIX)
Além do desfecho do drama grego e do seu impacto sobre a Europa do euro (…) a nossa economia está, como sabemos, a beneficiar de um contexto muito favorável - aquisições maciças de dívida soberana pelo BCE, queda do valor externo do euro e baixa do preço do petróleo.
1. O maior obstáculo a um desfecho favorável das negociações entre os credores oficiais e a Grécia parece decorrer da resistência deste país em aceitar o excedente primário negociado no âmbito do anterior acordo, -4,5% a partir de 2016. A verdade é que além dos erros políticos e técnicos cometidos pelo novo governo grego, verifica-se um consenso entre a generalidade dos economistas de que se trata de um valor irrealista, em particular numa economia que desde 2008 viu o seu produto recuar mais de 25%.
Num artigo anterior já referi que sou de opinião que um "default" grego seguido se uma saída do euro - mesmo que controlada - teria um impacto muito negativo sobre a coesão da Europa do euro, com dificuldades crescentes para as economias devedoras periféricas. Assim como permaneço convencido de que, a acontecer, tal saída forçaria uma aceleração do movimento de integração financeira da Zona Euro, com um avanço na direcção de uma união financeira - monetária, bancária e de capitais. A alternativa, na ausência de condições políticas capazes de sustentar tal avanço, seria uma intensificação das pressões sobre as economias mais frágeis e um risco crescente de fragmentação da Zona Euro.
2. Além do desfecho do drama grego e do seu impacto sobre a Europa do euro - permaneço aliás convencido de que a Grécia não vai sair no âmbito das presentes negociações - a nossa economia está, como sabemos, a beneficiar de um contexto muito favorável - aquisições maciças de dívida soberana pelo BCE, queda do valor externo do euro e baixa do preço do petróleo.
Trata-se, no entanto, de uma conjuntura excepcional e como tal temporária, que não nos deve desviar das questões de que depende uma evolução favorável da nossa economia e a que deixei uma referência num artigo anterior. Verificando-se um consenso sobre a importância crucial do crescimento - tanto para a absorção do desemprego como para a sustentabilidade do Estado social - considero que um programa que se proponha relançar a nossa economia deve ter duas preocupações centrais: estabilizar a situação financeira e impulsionar um movimento de melhoria da produtividade global da economia.
Sabemos que a evolução da produtividade tende a ser lenta e que depende sobretudo de três tipos de factores: investimento em capital; educação e formação profissional; qualidade empresarial e de gestão.
Trata-se de uma questão que, pela sua importância central, devia mobilizar tanto o poder político como a sociedade civil - organizações empresariais, sindicatos e universidades - em torno de um programa global e articulado, dirigido à ultrapassagem de bloqueamentos que têm travado a produtividade e afectado negativamente o crescimento potencial da nossa economia.
A estabilidade financeira - que condiciona o acesso aos mercados financeiros e o financiamento da actividade económica - depende, por sua vez, de um complexo conjunto de factores, que vão desde a evolução do "stock" da dívida e do seu serviço, até à consolidação do nosso sistema bancário e ao lançamento de um processo de reorganização dos mercados financeiros.
Dado o peso já atingido pelo "stock" da dívida, a capacidade para nos continuarmos a financiar nos mercados depende fortemente da adopção de um programa credível de reequilíbrio orçamental que, por um lado, assegure a interrupção do círculo vicioso insustentável - acumulação de mais dívida para financiar novos deficits - e, por outro, não estrangule o relançamento da actividade económica. O que inevitavelmente nos reconduz à reforma do Estado e à reconfiguração gradual da política fiscal.
Quanto ao interesse em consolidar o sistema bancário e em reorganizar os nossos mercados financeiros, este decorre de dois tipos de considerações: por um lado, da necessidade de preservar a confiança dos aforradores no sistema bancário e de normalizar a oferta de crédito, reduzindo a aversão ao risco que ainda condiciona a generalidade dos principais bancos; por outro, do interesse em criar condições - institucionais, jurídico/regulamentares e fiscais - favoráveis à reorganização do mercado de capitais.
Assume aqui particular importância a reorganização do mercado doméstico da dívida pública e a diversificação das fontes e dos instrumentos de financiamento das PME, questões que me proponho abordar outro dia.
Economista
01 Junho 2015, 20:30 por João Costa Pinto
Negócios
1. O maior obstáculo a um desfecho favorável das negociações entre os credores oficiais e a Grécia parece decorrer da resistência deste país em aceitar o excedente primário negociado no âmbito do anterior acordo, -4,5% a partir de 2016. A verdade é que além dos erros políticos e técnicos cometidos pelo novo governo grego, verifica-se um consenso entre a generalidade dos economistas de que se trata de um valor irrealista, em particular numa economia que desde 2008 viu o seu produto recuar mais de 25%.
Num artigo anterior já referi que sou de opinião que um "default" grego seguido se uma saída do euro - mesmo que controlada - teria um impacto muito negativo sobre a coesão da Europa do euro, com dificuldades crescentes para as economias devedoras periféricas. Assim como permaneço convencido de que, a acontecer, tal saída forçaria uma aceleração do movimento de integração financeira da Zona Euro, com um avanço na direcção de uma união financeira - monetária, bancária e de capitais. A alternativa, na ausência de condições políticas capazes de sustentar tal avanço, seria uma intensificação das pressões sobre as economias mais frágeis e um risco crescente de fragmentação da Zona Euro.
2. Além do desfecho do drama grego e do seu impacto sobre a Europa do euro - permaneço aliás convencido de que a Grécia não vai sair no âmbito das presentes negociações - a nossa economia está, como sabemos, a beneficiar de um contexto muito favorável - aquisições maciças de dívida soberana pelo BCE, queda do valor externo do euro e baixa do preço do petróleo.
Trata-se, no entanto, de uma conjuntura excepcional e como tal temporária, que não nos deve desviar das questões de que depende uma evolução favorável da nossa economia e a que deixei uma referência num artigo anterior. Verificando-se um consenso sobre a importância crucial do crescimento - tanto para a absorção do desemprego como para a sustentabilidade do Estado social - considero que um programa que se proponha relançar a nossa economia deve ter duas preocupações centrais: estabilizar a situação financeira e impulsionar um movimento de melhoria da produtividade global da economia.
Sabemos que a evolução da produtividade tende a ser lenta e que depende sobretudo de três tipos de factores: investimento em capital; educação e formação profissional; qualidade empresarial e de gestão.
Trata-se de uma questão que, pela sua importância central, devia mobilizar tanto o poder político como a sociedade civil - organizações empresariais, sindicatos e universidades - em torno de um programa global e articulado, dirigido à ultrapassagem de bloqueamentos que têm travado a produtividade e afectado negativamente o crescimento potencial da nossa economia.
A estabilidade financeira - que condiciona o acesso aos mercados financeiros e o financiamento da actividade económica - depende, por sua vez, de um complexo conjunto de factores, que vão desde a evolução do "stock" da dívida e do seu serviço, até à consolidação do nosso sistema bancário e ao lançamento de um processo de reorganização dos mercados financeiros.
Dado o peso já atingido pelo "stock" da dívida, a capacidade para nos continuarmos a financiar nos mercados depende fortemente da adopção de um programa credível de reequilíbrio orçamental que, por um lado, assegure a interrupção do círculo vicioso insustentável - acumulação de mais dívida para financiar novos deficits - e, por outro, não estrangule o relançamento da actividade económica. O que inevitavelmente nos reconduz à reforma do Estado e à reconfiguração gradual da política fiscal.
Quanto ao interesse em consolidar o sistema bancário e em reorganizar os nossos mercados financeiros, este decorre de dois tipos de considerações: por um lado, da necessidade de preservar a confiança dos aforradores no sistema bancário e de normalizar a oferta de crédito, reduzindo a aversão ao risco que ainda condiciona a generalidade dos principais bancos; por outro, do interesse em criar condições - institucionais, jurídico/regulamentares e fiscais - favoráveis à reorganização do mercado de capitais.
Assume aqui particular importância a reorganização do mercado doméstico da dívida pública e a diversificação das fontes e dos instrumentos de financiamento das PME, questões que me proponho abordar outro dia.
Economista
01 Junho 2015, 20:30 por João Costa Pinto
Negócios
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