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S. João: a festa do povo
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S. João: a festa do povo
Gosto do mês de junho, o mês em que os dias ainda crescem e a vida rompe no máximo da plenitude antes de amadurecer; o mês do S. João, esse santo rapioqueiro que inflama a multidão com martelinhos e cheiros de alho-porro, que entra anónimo em qualquer bailarico, acende fogueiras e palavras atrevidas, para adormecer na neblina da manhã, junto ao rio, cansado de tanto amor.
O Porto e o S. João são um só, nessa noite. A minha cidade - invicta, leal e nobre - tem na multidão indistinta, sem classes ou cores, que invade as ruas, a força telúrica e impetuosa do seu povo. Na festa pagã do solstício, na multidão que se move caótica nas ruas, lateja o coração rebelde, livre e independente do Porto, um coração que acorda e faz estremecer quem não o compreende.
Sonho com esse coração exaltado.
Mas o Porto é mais do que a cidade. Quando falamos de políticas públicas e das apostas no desenvolvimento social e económico do país, ganha sentido referir o Porto como a sede do Norte, esse Norte que permanece ao fim de quatro programas-quadro comunitários como região de convergência, uma das mais pobres da Europa, com uma taxa de desemprego superior à média nacional, com índices baixíssimos de qualificação das pessoas, onde a emigração cresce e os custos da mão de obra diminuem. O Norte que continua, contudo, a ser a região que mais contribui, com a exportação de bens para o equilíbrio da balança externa! O Norte, onde, em 2013, 16 900 euros de PIB per capita correspondia a 59% dos 28 800 euros de Lisboa.
Ainda esta semana, o presidente da Câmara de Baião destacava que "o poder político nacional tem o dever de acompanhar a vitalidade e tenacidade da região".
Estive, há dias, no Luxemburgo, numa mostra de produtos alimentares regionais, organizada pela CIM do Tâmega e Sousa. Vi, de novo, a tenacidade dos produtores, de jovens em início de atividade, de organismos e pessoas do território. E perguntei-me onde estão os apoios "inteligentes" a estas pessoas que querem fazer.
O Norte e o Porto têm protagonizado essa resiliência pela voz dos seus atores, instituições, autarquias... Mas, o poder central escolhe tradicionalmente caminhos feitos segundo um figurino preconcebido, avaliados de forma idêntica. Fora do crivo, fica a realidade que os números do subdesenvolvimento atestam. Ficam as pessoas.
O S. João, esse, permanece, com força, do povo.
O Porto e o S. João são um só, nessa noite. A minha cidade - invicta, leal e nobre - tem na multidão indistinta, sem classes ou cores, que invade as ruas, a força telúrica e impetuosa do seu povo.
19.06.2015
ROSÁRIO GAMBOA
Jornal de Notícias
O Porto e o S. João são um só, nessa noite. A minha cidade - invicta, leal e nobre - tem na multidão indistinta, sem classes ou cores, que invade as ruas, a força telúrica e impetuosa do seu povo. Na festa pagã do solstício, na multidão que se move caótica nas ruas, lateja o coração rebelde, livre e independente do Porto, um coração que acorda e faz estremecer quem não o compreende.
Sonho com esse coração exaltado.
Mas o Porto é mais do que a cidade. Quando falamos de políticas públicas e das apostas no desenvolvimento social e económico do país, ganha sentido referir o Porto como a sede do Norte, esse Norte que permanece ao fim de quatro programas-quadro comunitários como região de convergência, uma das mais pobres da Europa, com uma taxa de desemprego superior à média nacional, com índices baixíssimos de qualificação das pessoas, onde a emigração cresce e os custos da mão de obra diminuem. O Norte que continua, contudo, a ser a região que mais contribui, com a exportação de bens para o equilíbrio da balança externa! O Norte, onde, em 2013, 16 900 euros de PIB per capita correspondia a 59% dos 28 800 euros de Lisboa.
Ainda esta semana, o presidente da Câmara de Baião destacava que "o poder político nacional tem o dever de acompanhar a vitalidade e tenacidade da região".
Estive, há dias, no Luxemburgo, numa mostra de produtos alimentares regionais, organizada pela CIM do Tâmega e Sousa. Vi, de novo, a tenacidade dos produtores, de jovens em início de atividade, de organismos e pessoas do território. E perguntei-me onde estão os apoios "inteligentes" a estas pessoas que querem fazer.
O Norte e o Porto têm protagonizado essa resiliência pela voz dos seus atores, instituições, autarquias... Mas, o poder central escolhe tradicionalmente caminhos feitos segundo um figurino preconcebido, avaliados de forma idêntica. Fora do crivo, fica a realidade que os números do subdesenvolvimento atestam. Ficam as pessoas.
O S. João, esse, permanece, com força, do povo.
O Porto e o S. João são um só, nessa noite. A minha cidade - invicta, leal e nobre - tem na multidão indistinta, sem classes ou cores, que invade as ruas, a força telúrica e impetuosa do seu povo.
19.06.2015
ROSÁRIO GAMBOA
Jornal de Notícias
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