"Cosmos". 2014, nova odisseia no espaço

Estreia hoje uma nova missão espacial. Às 23h, em todos os canais FOX e National Geographic

Joguemos ao quem disse esta frase: "O Cosmos é tudo o que é, foi, ou sempre será". Se ninguém se manifesta, ganhamos nós e respondemos com detalhe. O autor é Carl Sagan, no primeiro episódio - "The Shores of the Cosmic Ocean" - de "Cosmos: A Personal Voyage", no dia 28 de Setembro de 1980, transmitido pela PBS. E talvez Sagan, grande astrónomo e escritor do século XX, estivesse certo quando proferiu sábias palavras antes de entrar na Nave da Imaginação para durante uma hora nos contar segredos intergalácticos e guerras entre estrelas. Foi assim durante 13 episódios.


Agora, mais de três décadas e milhares de mutações tecnológicas depois, alguém descobriu que há sempre espaço, ou tempo, para mais uma voltinha. Ann Druyan, viúva de Sagan (morreu em 1996), e Steven Soter mantêm-se na tripulação, à qual se juntou Seth MacFarlane (criador de "Family Guy") e o astrofísico de maior sucesso nos EUA, Dr. Neil deGrasse Tyson.


A FOX Internacional Channels e o National Geographic Channel dão a mão para a apresentação à escala mundial que vai acontecer hoje (às 23h) em todos os seus canais - assim como o fizeram com a série "The Bridge" - e com menos de 24 horas de diferença da sua estreia nos EUA. Se isto não é a mais pura das vanguardas, o que será?


A resposta fica para quem a quiser dar. Embora este novo "Cosmos: Odisseia no Espaço" não possa ser considerado um remake daquele em que Sagan desbravava caminhos desconhecidos, há por aqui uma certa continuidade. Além da reunião de alguns dos membros da anterior equipa de criativos, há ainda dois elementos da série original que voltam a ganhar vida. São eles o Calendário Cósmico e a Nave da Imaginação. O primeiro serve para mapear toda a história do Universo em apenas um ano, o segundo é aquilo que se espera, o meio de transporte onde espreitamos por debaixo de todos os sóis e luas postas. 


Se, em 1980, os efeitos visuais e sonoros já eram uma pedrada no charco, imagine-se isto tudo em pleno 2014, com os computadores e seus softwares ultradesenvolvidos a construírem uma narrativa cheia de imagens mais convincentes, que prometem dar luta às dúvidas dos mais cépticos e desinteressados por tais matérias.


Outra das novidades surpresa foi a inclusão de Seth MacFarlane nesta roda-viva. Já todos sabemos que ele é um homem--faz-tudo e repleto de interesses por coleccionar, mas que os sistemas solares e galáxias perdidas estavam incluídas no cardápio é que já pode ser considerado boa nova. Assim, talvez se expliquem as histórias animadas com bonecos desenhados e um cheirinho de anime a acrescentar mais uma moedinha para tamanha barafunda, das boas.


Neil deGrasse Tyson é o novo comandante da Nave da Imaginação, com créditos de autor e apresentador. Este astrofísico de renome é ainda escritor, professor e director do Hayden Planetarium no Museu de História Natural Americano. Foi Tyson que descobriu um dos maiores erros da história do cinema, obra de James Cameron em "Titanic" (1997). Segundo ele, o céu estrelado que Rose vê não poderia ser aquele em 1912. O realizador desafiou-o a enviar o exacto mapa de constelação, coisa que o cientista fez com prontidão. Motivo suficiente para, na reedição 3D de "Titanic" (2012), James Cameron ter alterado o céu da noite de 15 de Abril de 1912. Se não for por mais nada, que seja por isto. Esta gente sabe o que faz.

Por Miguel Branco
publicado em 10 Mar 2014 - 05:00