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Mensagem por Admin Sáb Jun 20, 2015 10:56 am

Completaram-se, recentemente, 30 anos desde a nossa integração na Comunidade Económica Europeia, hoje designada por União Europeia (UE). A integração no espaço europeu foi benéfica para Portugal. Acima de tudo, foi um fator decisivo para a consolidação do regime democrático. Mas foi também um catalisador de importantes transformações económicas. Ao expor a economia portuguesa a uma concorrência acrescida, induziu mudanças estruturais relevantes que melhoraram a sua competitividade e o seu desempenho. O setor exportador desenvolveu-se de forma significativa. As exportações, que pesavam pouco mais que 20% no PIB no início dos anos oitenta, pesam hoje cerca de 40%. O crescimento económico intensificou-se permitindo uma melhoria significativa do nível de vida dos portugueses. Usufruímos também de um quadro macroeconómico mais estável: o desemprego baixou, a inflação reduziu-se, o câmbio da moeda estabilizou-se e as taxas de juro baixaram.

Esta estabilização foi reforçada com a nossa entrada no euro. Mas a Europa mais desenvolvida, mais preocupada com o risco que poderíamos representar para a estabilidade dos preços e das taxas de juro, exigiu um Pacto de Estabilidade que impusesse disciplina orçamental. Não quis saber das diferenças acentuadas de produtividade e competitividade entre os países, que ao longo dos anos se refletiram em défices e aumento do endividamento. Um erro da governação económica do euro que temos vindo a pagar caro numa crise que se arrasta. A UE, a Zona Euro, Portugal e outros países sofreram uma recessão prolongada que nos colocou perto da deflação. O PIB reduziu-se, a taxa de desemprego, em especial entre os jovens está elevadíssima. Os níveis de endividamento ameaçam, nalguns casos, a insustentabilidade. As perspetivas de crescimento são frágeis. É urgente que a Zona Euro promova políticas pró-crescimento e se dote da capacidade institucional e financeira necessárias para definir, apoiar e implementar tais políticas. Para o fazer, tem que clarificar uma questão importante: poderá prosseguir nesse sentido com os atuais pesos da dívida no PIB? Não me parece. O caso grego é paradigmático. Se a Grécia tiver que sair do euro, tal significará que a coesão e o crescimento não são de facto as grandes prioridades da política económica e financeira europeia.

A efeméride dos 30 anos de integração europeia ocorre pois num tempo marcado por sérias dificuldades e desafios. Faço votos para que a intransigência e a impaciência não triunfem para que no futuro possa continuar a dizer que valeu a pena.

20.06.2015
FERNANDO TEIXEIRA DOS SANTOS
Jornal de Notícias
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