Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 403 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 403 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
O dedo democrático
Página 1 de 1
O dedo democrático
A ruptura imediata das negociações com a Grécia, após a convocatória do referendo, causou-me uma certa surpresa. Afinal, pensei num primeiro momento, a Grécia é o berço da democracia e qualquer referendo é, em termos absolutos, uma boa prática democrática.
Mas a reação fulminante dos representantes das instituições europeias, além de delatar fragilidades no comportamento de todos os intervenientes neste processo, responde provavelmente à constatação da falta de um interlocutor legítimo para prosseguir as negociações.
Nos países e nas empresas, qualquer revalorização da assembleia supõe uma desvalorização da liderança. Em circunstâncias tão sensíveis como as referidas, as empresas e os países precisam de lideranças fortes, reais e visíveis, que assumam responsabilidades e não deleguem as decisões difíceis. Que somem o valor de Aquiles, a cautela de Ulisses e o bom critério de Agamenon, nessa particular Ilíada da Grécia atual.
Mas, em condições normais, liderança e assembleia são necessárias em conjunto. Nas empresas, a assembleia orienta e controla o exercício da liderança por parte dos executivos. O destino da PT, por exemplo, teria sido diferente com uma assembleia mais funcional, a controlar uma liderança visível e aparentemente forte, como foi a anterior, e que agora tornou-se numa liderança forte mas invisível. As empresas não são democracias, mas também não podem ser deixadas ao livre alvedrio de pessoas que são, como qualquer outro indivíduo, falíveis. O excesso de liderança e a falta de uma assembleia eficaz explica uma parte significativa dos problemas que provocaram a crise, tangibilizados no caudilhismo empresarial ou no famoso "dedo democrático" no âmbito político.
Todas as instituições, gregas e europeias, sabem que a situação atual é, dado o seu enunciado atual, uma aporia, que é mais uma palavra grega para referir um problema irresolúvel. Não há forma de pagar uma dívida desproporcionada com a realidade económica de um país ainda mais fragilizado após o insucesso das medidas económicas impostas pelos credores. A Grécia deve mostrar o seu compromisso para corrigir os desequilíbrios que provocaram esta situação e a Europa deve aliviar a carga financeira para facilitar a transformação do país e deve também reservar as demonstrações de força para enfrentar as potências que ameaçam os nossos valores em lugar de as aplicar aos seus sócios mais frágeis.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
Mas a reação fulminante dos representantes das instituições europeias, além de delatar fragilidades no comportamento de todos os intervenientes neste processo, responde provavelmente à constatação da falta de um interlocutor legítimo para prosseguir as negociações.
Nos países e nas empresas, qualquer revalorização da assembleia supõe uma desvalorização da liderança. Em circunstâncias tão sensíveis como as referidas, as empresas e os países precisam de lideranças fortes, reais e visíveis, que assumam responsabilidades e não deleguem as decisões difíceis. Que somem o valor de Aquiles, a cautela de Ulisses e o bom critério de Agamenon, nessa particular Ilíada da Grécia atual.
Mas, em condições normais, liderança e assembleia são necessárias em conjunto. Nas empresas, a assembleia orienta e controla o exercício da liderança por parte dos executivos. O destino da PT, por exemplo, teria sido diferente com uma assembleia mais funcional, a controlar uma liderança visível e aparentemente forte, como foi a anterior, e que agora tornou-se numa liderança forte mas invisível. As empresas não são democracias, mas também não podem ser deixadas ao livre alvedrio de pessoas que são, como qualquer outro indivíduo, falíveis. O excesso de liderança e a falta de uma assembleia eficaz explica uma parte significativa dos problemas que provocaram a crise, tangibilizados no caudilhismo empresarial ou no famoso "dedo democrático" no âmbito político.
Todas as instituições, gregas e europeias, sabem que a situação atual é, dado o seu enunciado atual, uma aporia, que é mais uma palavra grega para referir um problema irresolúvel. Não há forma de pagar uma dívida desproporcionada com a realidade económica de um país ainda mais fragilizado após o insucesso das medidas económicas impostas pelos credores. A Grécia deve mostrar o seu compromisso para corrigir os desequilíbrios que provocaram esta situação e a Europa deve aliviar a carga financeira para facilitar a transformação do país e deve também reservar as demonstrações de força para enfrentar as potências que ameaçam os nossos valores em lugar de as aplicar aos seus sócios mais frágeis.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
Tópicos semelhantes
» Pôr o dedo na desigualdade
» Ordem dos Engenheiros volta a apontar o dedo à estratégia portuária deste Governo
» O défice democrático em Lisboa
» Ordem dos Engenheiros volta a apontar o dedo à estratégia portuária deste Governo
» O défice democrático em Lisboa
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin