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Mensagem por Admin Qua Jul 08, 2015 10:43 am

A dicotomia entre o "velho" e o "novo" é permanente na história de Portugal. Estamos a chegar de novo a um desses momentos fraturantes. Por um lado, os poderes fáticos que ajudam a democracia deixaram de funcionar. Não existe já a intelligentzia eficaz que, nos bastidores, garantia os entendimentos, nem os grupos de influência conseguem ir além do "business as usual".

Por outro, (1) a derrota da ideia peregrina de que um confronto judicial Cavaco-Sócrates regeneraria o Sistema Partidário, (2) o facto do PS estar, à esquerda, a segurar a fragmentação, que parecia inevitável e (3) a inexistência de uma agenda nacionalista popular transformam, de algum modo, as próximas legislativas, em mais um episódio desse Portugal velho - resiliente e resistente à mudança, até que a rutura se imponha.

É neste quadro e também mais preocupado com as legislativas do que com as presidenciais, que o líder do PS deixou crescer a candidatura de Sampaio da Nóvoa com o apoio de Jorge Sampaio e Mário Soares e com a resignação de Ramalho Eanes.

É verdade que as legislativas poderão ainda dar a vitória à coligação governamental - é normal, com a economia a crescer. Mas seja qual for a solução governamental, ela será frágil. E é por isso que as presidenciais serão críticas para o novo ciclo.

As próximas presidenciais terão cinco características: (1) serão tendencialmente fragmentadas: é normal que apareçam muitas candidaturas; (2) a divisão far-se-á entre o "novo" e o "velho", e haverá "novo" à direita e à esquerda, do mesmo modo que haverá "velho" à direita e à esquerda; (3) o alinhamento do Portugal velho faz-se antes das legislativas para segurar o atual sistema de partidos, enquanto o alinhamento do Portugal novo se fará apenas depois delas, quando for evidente que o atual sistema de partidos pode não gerar soluções estáveis de governo; (4) a notoriedade dos candidatos, dado o escasso espaço de tempo entre as eleições, é fundamental para a vitória; (5) as candidaturas vencedoras terão, em princípio, que ter o apoio dos partidos políticos tradicionais, em razão do tempo e dos recursos.

A partir de meados de julho - encerradas as listas para as legislativas - arranca, na coligação, o debate sobre o seu candidato. E parece claro que, a haver algum, uma imposição de última hora, a partir de Washington ou de Bruxelas - entenda-se Durão Barroso - seria um erro, aliás, como aqueles que se cometeram em relação à Grécia.

Dos restantes três nomes, Rui Rio não soube descolar da barreira regional do Norte e Marcelo Rebelo de Sousa seria sempre prisioneiro do Portugal velho - como aconteceu a Marcelo Caetano que, depois de tanta esperança, apenas prolongou a agonia do Estado Novo.

A opção da coligação será entre (1) prolongar o sistema tal como ele está e com isso, repetir o desastre marcelista; ou (2) uma transição, como aquela que protagonizou, em Espanha, o rei Juan Carlos, em 1975.

Pedro Santana Lopes, o atual provedor da SCML, tem todas as condições para ser o protagonista da nossa transição. A sua experiência ao longo de uma carreira única assim o demonstra. E vemos isso nos debates semanais com António Vitorino, no conhecimento que revela na área da cultura, por exemplo, ou na experiência enquanto autarca de dois concelhos que agora robustecem ao seu trabalho na SCML. Vemos isso na sua enorme experiência política, também internacional, que adquiriu nos diferentes cargos governativos.Ao contrário de outros, Santana Lopes já trabalhou de perto com todos os futuros intervenientes governativos: como autarca e provedor com António Costa, como provedor com Passos Coelho, como primeiro-ministro e presidente do PSD com Rui Rio e ainda teve Paulo Portas como seu ministro. Estabelece pontes e tem capacidade de diálogo e trabalho com todos os atuais e futuros intervenientes.

É o homem para liderar uma transição que mude o sistema, mas que garanta as liberdades e os direitos fundamentais e que, sobretudo, olhe para as pessoas.Pedro Santana Lopes não se pode eximir de se chegar à frente e ser o presidente da República que o país precisa. Não pode eximir-se à esperança de um Portugal novo.

*PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

08.07.2015
RUI TEIXEIRA SANTOS
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