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Verão quente
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Verão quente
Serão dias de aquecimento global estes que temos pela frente. E, neste tempo, a classe política não terá margem de manobra para descansar. Vai ser o dar tudo por tudo para fazer crescer as intenções de voto numas eleições sem maioria absoluta à vista. É exatamente aí que se jogará o futuro do país.
O tom da campanha eleitoral foi reiterado anteontem no último debate da nação desta legislatura, dividindo-se os discursos entre o país em crescimento e o país empobrecido. Será esta dicotomia a separar a coligação PSD/CDS dos restantes partidos, sendo que cada um dos lados vai ter que extremar posições para reclamar traços distintivos. Não há margem para o meio-termo. E isso comprometerá acordos pós-eleitorais que terão forçosamente de existir, se nenhum partido reunir a maioria dos votos. Todos sabem que isto constitui um problema. No entanto, é impossível evitar esta quadratura do círculo, que criará um complexo dédalo depois do escrutínio eleitoral.
Claro que as sondagens poderão estar erradas. É óbvio que o futuro da Grécia será determinante para o triunfo da esquerda assim como as decisões do FMI e do BCE serão decisivas para a coligação. Também será evidente que a continuação, ou não, de José Sócrates em prisão preventiva interferirá nas intenções de voto no PS. A oposição poderá ter uma inesperada ajuda de dois ministros de Pedro Passos Coelho: Anabela Rodrigues e Nuno Crato. Os últimos dias revelaram um país em descontrolo moderado ao nível dos incêndios. Com as temperaturas a subir, as chamas não darão tréguas. Se os média criarem uma onda noticiosa à volta deste tópico, a ministra da Administração Interna terá aqui a sua maior frente de combate e não será certo que seja tão hábil quanto o seu antecessor Miguel Macedo o foi a contornar a habitual época de fogos que se repete em cada verão, embora havendo anos mais intensos do que outros. O ministro da Educação poderá também constituir-se como um foco de crise no arranque do próximo ano letivo que coincide com o auge da campanha eleitoral. Envolvendo uma classe numerosa, como a dos professores, e afetando milhares de famílias, um início de ano escolar tumultuoso terá efeitos políticos que os sindicatos, hábeis em fazer prolongar polémicas, não irão desbaratar.
Há, pois, demasiadas variáveis a condicionar o sentido de voto dos portugueses. Por isso, os partidos do chamado arco da governação vão atravessar este período de campanha eleitoral declarando-se crentes na conquista da maioria absoluta. Léxico religioso não falta à classe política, a crer nas intervenções que Governo e deputados fizeram anteontem na Assembleia da República.
Depois de uma sondagem que mostrava PSD/CDS e o PS muito próximos, uma outra sondagem divulgada ontem coloca o Partido Socialista cinco pontos à frente da coligação, o que certamente fez recuperar algum ânimo no Largo do Rato. Avalia-se também o líder mais bem colocado para ser primeiro-ministro. Aí António Costa soma mais pontos do que Pedro Passos Coelho. Aliás, na ponderação das qualidades destes líderes partidários, o secretário-geral do PS reúne mais votação na maior parte das qualidades sujeitas a análise (simpatia, sensibilidade social, honestidade, competência, liderança, capacidade de decisão e de diálogo). Curioso o facto de nenhum dos dois estar bem classificado na confiança que transmitem aos portugueses e na capacidade para falar verdade...
Com o programa eleitoral ainda por divulgar, a coligação tentará, nos próximos dias, contornar o problema da Grécia e clamar por um segundo mandato para fazer crescer um país que andou estes anos vergado à austeridade. O PS procurará assumir-se como alternativa, fazendo uma profissão de fé numa Europa solidária com aqueles que atravessam fases difíceis, declarando-se energicamente contra qualquer linha que acentue políticas mais severas. O discurso deverá situar-se ao centro, mas António Costa sabe que precisa dos votos da esquerda. Em outubro, ver-se-á com quem cada um destes dois lados fará acordos. Por isso, ninguém pode esticar demasiado a corda. E isso não é forçosamente bom.
*Prof. Associada com Agregação da UMinho
10.07.2015
FELISBELA LOPES
Jornal de Notícias
O tom da campanha eleitoral foi reiterado anteontem no último debate da nação desta legislatura, dividindo-se os discursos entre o país em crescimento e o país empobrecido. Será esta dicotomia a separar a coligação PSD/CDS dos restantes partidos, sendo que cada um dos lados vai ter que extremar posições para reclamar traços distintivos. Não há margem para o meio-termo. E isso comprometerá acordos pós-eleitorais que terão forçosamente de existir, se nenhum partido reunir a maioria dos votos. Todos sabem que isto constitui um problema. No entanto, é impossível evitar esta quadratura do círculo, que criará um complexo dédalo depois do escrutínio eleitoral.
Claro que as sondagens poderão estar erradas. É óbvio que o futuro da Grécia será determinante para o triunfo da esquerda assim como as decisões do FMI e do BCE serão decisivas para a coligação. Também será evidente que a continuação, ou não, de José Sócrates em prisão preventiva interferirá nas intenções de voto no PS. A oposição poderá ter uma inesperada ajuda de dois ministros de Pedro Passos Coelho: Anabela Rodrigues e Nuno Crato. Os últimos dias revelaram um país em descontrolo moderado ao nível dos incêndios. Com as temperaturas a subir, as chamas não darão tréguas. Se os média criarem uma onda noticiosa à volta deste tópico, a ministra da Administração Interna terá aqui a sua maior frente de combate e não será certo que seja tão hábil quanto o seu antecessor Miguel Macedo o foi a contornar a habitual época de fogos que se repete em cada verão, embora havendo anos mais intensos do que outros. O ministro da Educação poderá também constituir-se como um foco de crise no arranque do próximo ano letivo que coincide com o auge da campanha eleitoral. Envolvendo uma classe numerosa, como a dos professores, e afetando milhares de famílias, um início de ano escolar tumultuoso terá efeitos políticos que os sindicatos, hábeis em fazer prolongar polémicas, não irão desbaratar.
Há, pois, demasiadas variáveis a condicionar o sentido de voto dos portugueses. Por isso, os partidos do chamado arco da governação vão atravessar este período de campanha eleitoral declarando-se crentes na conquista da maioria absoluta. Léxico religioso não falta à classe política, a crer nas intervenções que Governo e deputados fizeram anteontem na Assembleia da República.
Depois de uma sondagem que mostrava PSD/CDS e o PS muito próximos, uma outra sondagem divulgada ontem coloca o Partido Socialista cinco pontos à frente da coligação, o que certamente fez recuperar algum ânimo no Largo do Rato. Avalia-se também o líder mais bem colocado para ser primeiro-ministro. Aí António Costa soma mais pontos do que Pedro Passos Coelho. Aliás, na ponderação das qualidades destes líderes partidários, o secretário-geral do PS reúne mais votação na maior parte das qualidades sujeitas a análise (simpatia, sensibilidade social, honestidade, competência, liderança, capacidade de decisão e de diálogo). Curioso o facto de nenhum dos dois estar bem classificado na confiança que transmitem aos portugueses e na capacidade para falar verdade...
Com o programa eleitoral ainda por divulgar, a coligação tentará, nos próximos dias, contornar o problema da Grécia e clamar por um segundo mandato para fazer crescer um país que andou estes anos vergado à austeridade. O PS procurará assumir-se como alternativa, fazendo uma profissão de fé numa Europa solidária com aqueles que atravessam fases difíceis, declarando-se energicamente contra qualquer linha que acentue políticas mais severas. O discurso deverá situar-se ao centro, mas António Costa sabe que precisa dos votos da esquerda. Em outubro, ver-se-á com quem cada um destes dois lados fará acordos. Por isso, ninguém pode esticar demasiado a corda. E isso não é forçosamente bom.
*Prof. Associada com Agregação da UMinho
10.07.2015
FELISBELA LOPES
Jornal de Notícias
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