Literalmente, não havia necessidade

Cavaco Silva gosta de recomendar aos portugueses que leiam o que ele escreveu e também gosta de dizer "eu avisei".

No caso da ADSE, avisou. Tanto avisou que mandou para trás o aumento da contribuição de 2,5% para 3,5%, apenas para o Governo e a maioria parlamentar ignorarem o Presidente e terem aprovado a subida na mesma.

Agora, um relatório do Tribunal de Contas vem colocar o dedo na ferida: esse aumento, nessa dimensão, não era necessário para assegurar a sustentabilidade do sistema. Ou seja, bastaria uma subida bem mais moderada para esse objectivo - aquele que foi anunciado - ser conseguido com sucesso. 

O excesso de receita conseguido serviu para tornar mais colorido o panorama do défice das contas públicas.

O montante não é extraordinário, ou seja, não é justo extrapolar deste acontecimento toda uma estratégia do Governo. Este tem dado feroz luta ao défice, muitas vezes à custa das receitas, algumas vezes com medidas algo cegas, tendo em vista tapar buracos que vão aparecendo aqui e ali. 

O que foi conseguido não é posto em causa. O que esta oportuna intervenção do Tribunal de Contas traz é o lembrete de que não vale tudo para atingir os objectivos e de que a prudência deve ser guia, num país tão massacrado por impostos, contribuições, taxas e taxinhas. A maturidade democrática também passa por aí.

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Económico