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A fuga de capitais
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A fuga de capitais
A fuga de moeda dos bancos para os colchões gregos destrói o sistema bancário.
Imagine que tem créditos sobre gregos e acha provável, se não mesmo inevitável, a Grécia sair do euro. O primeiro passo nessa saída será redenominar as dívidas gregas em dracmas, que valerão bastante menos em euros.
Logo, a não ser que seja tonto, você vai cobrar estes créditos hoje, em euros, e transferi-los para uma conta noutro sítio da zona euro. Assim fizeram os bancos, investidores, especuladores e pessoas com algum cuidado nos últimos anos. A dívida externa grega é quase exclusivamente ao FMI, ao BCE e aos países da União Europeia; não restam nenhuns privados.
Muitas empresas e particulares europeus continuam no entanto a ter negócios na Grécia. As empresas europeias continuam a vender produtos aos gregos, alguns a crédito, e os turistas europeus continuam a reservar férias nas ilhas gregas. Depois da convocação do referendo grego ter tornado a Grexit mais provável, os gregos tentaram cobrar as suas dívidas. A Grécia impôs controlos de capitais: não deixando transferir euros para o exterior. A consequência imediata foi ninguém de bom juízo na Europa continuar a fornecer serviços ou vender produtos à Grécia, visto não poder ser pagos em euros.
A fuga de capitais da economia grega parou. O Estado não deixa sair um euro pela fronteira grega. Mas há uma outra fuga, da zona euro para a Grécia, que a arquitectura do Eurosistema permite. Esta fuga é mais subtil mas mais relevante hoje.
Ponha-se nos pés de um grego com um depósito em euros. Sabe que mesmo depois do dracma voltar, o euro vai continuar a existir e a valer mais do que a nova moeda grega. Logo, você vai rapidamente levantar notas de euro no multibanco e pô-las debaixo do colchão. Daqui a umas semanas, meses ou anos, vai usar estes poucos euros para comprar muitos dracmas. Esta fuga de moeda dos bancos para os colchões gregos destrói o sistema bancário.
Por sua vez, os bancos gregos têm de pedir os euros emprestados ao banco central grego. Através do program E.L.A. o banco central grego pode imprimir euros para satisfazer estes pedidos, aceitando como garantia dívida pública grega. Mas, quando o faz, está a assumir uma dívida para com os restantes países to Eurosistema. O que vão querer fazer os gregos, Estado e particulares, se prevêem a Grexit? Saindo do euro, ficam com muita valiosa moeda estrangeira (euros), e a dívida do banco central ao BCE desaparece, tal como a restante dívida pública grega.
Através destes últimos dois canais, são os próprios gregos, quer os cidadãos, quer o Estado, que estão a executar a fuga de capitais. Ao mesmo tempo que votam "Não" no referendo, correm para conseguir um precioso activo estrangeiro-os euros-oferecendo em troca dívida pública e dívidas do banco central grego que querem abertamente não pagar. É por isto que Mario Draghi hesita tanto em estender liquidez à Grécia. Por cada euro que aumenta o limite do E.L.A., Draghi está a alimentar a fuga de capitais da zona euro para a Grécia, à margem dos acordos das cimeiras europeias.
Por Ricardo Reis
18/07/2015 | 00:01 | Dinheiro Vivo
Imagine que tem créditos sobre gregos e acha provável, se não mesmo inevitável, a Grécia sair do euro. O primeiro passo nessa saída será redenominar as dívidas gregas em dracmas, que valerão bastante menos em euros.
Logo, a não ser que seja tonto, você vai cobrar estes créditos hoje, em euros, e transferi-los para uma conta noutro sítio da zona euro. Assim fizeram os bancos, investidores, especuladores e pessoas com algum cuidado nos últimos anos. A dívida externa grega é quase exclusivamente ao FMI, ao BCE e aos países da União Europeia; não restam nenhuns privados.
Muitas empresas e particulares europeus continuam no entanto a ter negócios na Grécia. As empresas europeias continuam a vender produtos aos gregos, alguns a crédito, e os turistas europeus continuam a reservar férias nas ilhas gregas. Depois da convocação do referendo grego ter tornado a Grexit mais provável, os gregos tentaram cobrar as suas dívidas. A Grécia impôs controlos de capitais: não deixando transferir euros para o exterior. A consequência imediata foi ninguém de bom juízo na Europa continuar a fornecer serviços ou vender produtos à Grécia, visto não poder ser pagos em euros.
A fuga de capitais da economia grega parou. O Estado não deixa sair um euro pela fronteira grega. Mas há uma outra fuga, da zona euro para a Grécia, que a arquitectura do Eurosistema permite. Esta fuga é mais subtil mas mais relevante hoje.
Ponha-se nos pés de um grego com um depósito em euros. Sabe que mesmo depois do dracma voltar, o euro vai continuar a existir e a valer mais do que a nova moeda grega. Logo, você vai rapidamente levantar notas de euro no multibanco e pô-las debaixo do colchão. Daqui a umas semanas, meses ou anos, vai usar estes poucos euros para comprar muitos dracmas. Esta fuga de moeda dos bancos para os colchões gregos destrói o sistema bancário.
Por sua vez, os bancos gregos têm de pedir os euros emprestados ao banco central grego. Através do program E.L.A. o banco central grego pode imprimir euros para satisfazer estes pedidos, aceitando como garantia dívida pública grega. Mas, quando o faz, está a assumir uma dívida para com os restantes países to Eurosistema. O que vão querer fazer os gregos, Estado e particulares, se prevêem a Grexit? Saindo do euro, ficam com muita valiosa moeda estrangeira (euros), e a dívida do banco central ao BCE desaparece, tal como a restante dívida pública grega.
Através destes últimos dois canais, são os próprios gregos, quer os cidadãos, quer o Estado, que estão a executar a fuga de capitais. Ao mesmo tempo que votam "Não" no referendo, correm para conseguir um precioso activo estrangeiro-os euros-oferecendo em troca dívida pública e dívidas do banco central grego que querem abertamente não pagar. É por isto que Mario Draghi hesita tanto em estender liquidez à Grécia. Por cada euro que aumenta o limite do E.L.A., Draghi está a alimentar a fuga de capitais da zona euro para a Grécia, à margem dos acordos das cimeiras europeias.
Por Ricardo Reis
18/07/2015 | 00:01 | Dinheiro Vivo
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