Henrique Neto: “Porto de Sines tem de ser de transhipment, tem de ser um hub”

O candidato presidencial Henrique Neto quer clareza para a estratégia de Portugal. E defende que o porto de Sines esteja apto a receber grandes navios que descarreguem contentores e outros mais pequenos, que sigam depois para outros portos europeus.

“Gastámos 25 anos a desenvolver a mobilidade interna, quando Portugal é o único país da Europa a exportar 40% do seu produto interno bruto (PIB), os outros exportam 60%. Aquilo que vai desenvolver o País é a mobilidade externa e não a interna”, salientou Henrique Neto, hoje em Lisboa, durante o almoço-debate do International Club of Portugal, sob o tema “Uma estratégia nacional a partir da Presidência da República”.

Segundo o candidato presidencial, “temos um porto que tem tudo para ser um grande porto da Europa, o de Sines. Mas o pensamento nacional trata-o como o de Leixões, como o de Lisboa, ou como o da Figueira da Foz. Ninguém defende que tem de ser um porto de transhipment, é um hub, onde grandes navios chegam e descarregam os contentores para outros mais pequenos que depois rumam a outros portos da Europa. Só assim é que os grandes navios param ali”.

Henrique Neto diz mesmo que o porto de Sines “tem condições para ser o mais barato, relativamente a outros portos europeus, levando-os a pararem ali. Com esta estratégia ganhamos duas coisas para a economia portuguesa. Havendo essa competitividade de preço há um pólo de atracção de investimento estrangeiro. Trás mais empresas para cá. No Atlântico não consigo encontrar melhor que o porto de Sines para atrair investimento estrangeiro”.

Mas o que têm estas ideias a ver com uma candidatura à Presidência da República? Para Henrique Neto, “existe uma ideia de que a Presidência da República está limitada nos seus poderes e que a sua capacidade de intervenção não pode influenciar a estratégia do País. Se na Presidência da República não têm sido usadas muitas ideias, a culpa não é minha”.

O candidato diz mesmo que um Presidente “com ideias pode influenciar, e de que maneira, a vida dos portugueses. Deve convencer os portugueses, as empresas, os agentes económicos que essas ideias são boas e úteis aos país. Portugal não pode navegar à vista, tem de ter uma estratégia”.

“Acontece que Portugal não tem estratégia desde o 25 de abril, ou pelo menos desde a entrada no euro. Essa simples estratégia, se existisse, teria orientado os governos e não estaríamos como estamos depois de vários desvairos económicos e não só”, acrescenta Henrique Neto.

Carlos Caldeira

Por Oje
Data:Junho 25, 2015