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No altar das redes sociais
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No altar das redes sociais
Eu gosto. Tu segues. Ele partilha. Nós gostamos, vós partilhais, eles comentam. É assim que se conjuga o verbo social. Eis o mistério da net. O sucesso das grandes causas, e dos grandes discursos que as suportam, reside na facilidade, e na vontade, com que as pessoas aderem a elas. Ao longo da história podemos encontrar muitos exemplos.
Sempre acontece quando alguém, ou alguma instituição, consegue despertar nos elementos da sociedade uma vontade imparável em fazer parte de um determinado modo de vida. As redes sociais têm todas essas características. E até mais.Há uns anos, fui convidado pela editora Silvia Reig da Levoir, a prefaciar um livro que se chamava "Os discursos que mudaram o mundo".
Juntava as palavras que suportavam as causas dos protagonistas mais importantes do século XX - desde o discurso "Liberdade ou morte" de Emmeline Pankhurst, a sufragista que ficou famosa por lutar pelos direitos das mulheres, até ao famoso discurso "Yes we can" que Barack Obama fez em Chicago pouco tempo antes de se ter tornado, simultaneamente, o primeiro negro presidente dos Estados Unidos da América (o que mesmo à altura parecia quase impossível) e o primeiro ícone político universal da era da globalização. Pelo meio ficavam todas as palavras do século da tecnologia.
As de Lenine, Roosevelt, Hitler, Estaline, Churchill, Monet, Tse Tung, Teatcher, Arafat, Mandela, Putin, e muitos outros.
Todos os discursos tinham em comum o facto de enunciarem uma rutura ou uma novidade que não deixava ninguém indiferente. Todos praticavam a mesma lógica discursiva que o mundo ocidental herdou da antiguidade clássica.
Todos remetiam para o universo do desejo e para o que iria acontecer no futuro. Todos enunciavam as mudanças que se seguiriam e era uma espécie de receita para fazer parte desse novo Mundo.
Se olharmos bem verificamos que mesmo os próprios evangelhos, os discursos oficiais da nova maneira de ver o mundo que era o cristianismo, continham também estes ingredientes de simplicidade e magnetismo.
"Todos os homens são iguais perante deus" era algo de completamente inovador e uma ideia à qual, em pouco tempo, todos quiseram aderir. Em menos de dois séculos o cristianismo destronou os ídolos de Roma e tornou-se a religião oficial em todo o império. Desde então o cristianismo sobreviveu a toda a história e a todos os impérios e foi, até à Segunda Guerra Mundial, a organização com maior poder em todo o mundo ocidental.
Apenas um apelo maior, ou um discurso melhor - o do luxo e do consumo - disputaram e diminuíram o poder social, até então hegemónico, dos valores do cristianismo e em larga escala da Igreja Católica.As redes sociais têm todos estes condimentos. Como nas religiões e na política, o seu discurso base assenta numa proposta inovadora, irresistível e aparentemente impossível de alcançar: a partilha universal.
As redes são feitas da matéria dos sonhos e têm a virtude de transformar em realidade coisas que antes eram anunciadas apenas como desejos.A relação das pessoas com o tempo, mas sobretudo com o espaço, altera-se definitivamente. Tudo é "já" e nada é "longe". De cada altar privado, de cada "smartphone", cada indivíduo isoladamente pode estar em contacto com o mundo fazendo aquilo que, no caso particular do cristianismo, a religião mais incentiva a praticar: partilhar.
Não é pois por acaso que o Facebook seja hoje o maior país do Mundo. Uma imensa comunidade de 1500 milhões de fiéis em contacto permanente uns com os outros e todos com o seu criador. Todos debaixo do imenso manto protetor do "f" azul.
Para aqueles que se recusam a entrar nas redes sociais fica este parágrafo. Não adianta condenar o lugar onde todos estão. Nem fazer de conta que não existe. O que é preciso é levar as "nossas" qualidades lá para dentro. Se não nos evangelizarmos, corremos risco de excomunhão.
03.08.2015
JOSÉ MANUEL DIOGO
Jornal de Notícias
Sempre acontece quando alguém, ou alguma instituição, consegue despertar nos elementos da sociedade uma vontade imparável em fazer parte de um determinado modo de vida. As redes sociais têm todas essas características. E até mais.Há uns anos, fui convidado pela editora Silvia Reig da Levoir, a prefaciar um livro que se chamava "Os discursos que mudaram o mundo".
Juntava as palavras que suportavam as causas dos protagonistas mais importantes do século XX - desde o discurso "Liberdade ou morte" de Emmeline Pankhurst, a sufragista que ficou famosa por lutar pelos direitos das mulheres, até ao famoso discurso "Yes we can" que Barack Obama fez em Chicago pouco tempo antes de se ter tornado, simultaneamente, o primeiro negro presidente dos Estados Unidos da América (o que mesmo à altura parecia quase impossível) e o primeiro ícone político universal da era da globalização. Pelo meio ficavam todas as palavras do século da tecnologia.
As de Lenine, Roosevelt, Hitler, Estaline, Churchill, Monet, Tse Tung, Teatcher, Arafat, Mandela, Putin, e muitos outros.
Todos os discursos tinham em comum o facto de enunciarem uma rutura ou uma novidade que não deixava ninguém indiferente. Todos praticavam a mesma lógica discursiva que o mundo ocidental herdou da antiguidade clássica.
Todos remetiam para o universo do desejo e para o que iria acontecer no futuro. Todos enunciavam as mudanças que se seguiriam e era uma espécie de receita para fazer parte desse novo Mundo.
Se olharmos bem verificamos que mesmo os próprios evangelhos, os discursos oficiais da nova maneira de ver o mundo que era o cristianismo, continham também estes ingredientes de simplicidade e magnetismo.
"Todos os homens são iguais perante deus" era algo de completamente inovador e uma ideia à qual, em pouco tempo, todos quiseram aderir. Em menos de dois séculos o cristianismo destronou os ídolos de Roma e tornou-se a religião oficial em todo o império. Desde então o cristianismo sobreviveu a toda a história e a todos os impérios e foi, até à Segunda Guerra Mundial, a organização com maior poder em todo o mundo ocidental.
Apenas um apelo maior, ou um discurso melhor - o do luxo e do consumo - disputaram e diminuíram o poder social, até então hegemónico, dos valores do cristianismo e em larga escala da Igreja Católica.As redes sociais têm todos estes condimentos. Como nas religiões e na política, o seu discurso base assenta numa proposta inovadora, irresistível e aparentemente impossível de alcançar: a partilha universal.
As redes são feitas da matéria dos sonhos e têm a virtude de transformar em realidade coisas que antes eram anunciadas apenas como desejos.A relação das pessoas com o tempo, mas sobretudo com o espaço, altera-se definitivamente. Tudo é "já" e nada é "longe". De cada altar privado, de cada "smartphone", cada indivíduo isoladamente pode estar em contacto com o mundo fazendo aquilo que, no caso particular do cristianismo, a religião mais incentiva a praticar: partilhar.
Não é pois por acaso que o Facebook seja hoje o maior país do Mundo. Uma imensa comunidade de 1500 milhões de fiéis em contacto permanente uns com os outros e todos com o seu criador. Todos debaixo do imenso manto protetor do "f" azul.
Para aqueles que se recusam a entrar nas redes sociais fica este parágrafo. Não adianta condenar o lugar onde todos estão. Nem fazer de conta que não existe. O que é preciso é levar as "nossas" qualidades lá para dentro. Se não nos evangelizarmos, corremos risco de excomunhão.
03.08.2015
JOSÉ MANUEL DIOGO
Jornal de Notícias
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