Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 78 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 78 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
MORAL CONTEMPORÂNEA - A ideologia de género, que género de ideologia é?
Página 1 de 1
MORAL CONTEMPORÂNEA - A ideologia de género, que género de ideologia é?
A ideologia de género não é a nova vanguarda dos direitos humanos, da igualdade sexual ou da não discriminação, mas uma nova versão do marxismo.
A pergunta foi formulada nestes termos: “Estamos prontos para abraçar a ideia de que o género de cada um depende da identidade de género e não de características do corpo, como a genitália?”.
É a esta questão que procura responder afirmativamente o autor da tese de doutoramento que, no passado dia 19 de Junho, foi aprovada com distinção pelo ISCTE e que mereceu uma ampla reportagem no Público de 11 de Agosto passado.
A ideologia de género entende que não se é do sexo a que corresponde a masculinidade ou a feminilidade biológica, mas do género a que cada qual, liberrimamente, decide pertencer. Ou seja, como se afirma na fórmula enunciada, “o género de cada um depende da identidade de género e não de características do corpo”. A substituição do ‘sexo’, que são só dois – o feminino e o masculino – pelo ‘género’, que não se sabe quantos são, permite todas as variantes que o lóbi LGBT agrega e promove.
Em abono da sua tese, o respectivo autor entrevistou 22 transexuais. Está fora de questão o respeito que lhes é devido, bem como a qualquer outra pessoa, independentemente da sua orientação sexual, como também são de excluir todas as formas de injusta discriminação. Mas, como reconhecer, juridicamente, uma identidade sexual variável?
Segundo o autor deste estudo, “ser transsexual não significa ter uma identidade sexual”. Quer isto dizer que a transexualidade não é uma identidade de género? Se assim for, então não faz sentido que uma condição, que não é identitária, tenha relevância no registo civil. Se, como se diz, “muitos participantes declaram que se reconhecem como mulheres ou homens ao longo das suas trajectórias, de acordo com a sua identidade de género”, é óbvio que tais participantes não podem, pura e simplesmente, ser tidos como femininos ou masculinos. Se ser transexual não define nenhuma identidade sexual, na medida em que tal sujeito tanto pode ser homem ou mulher, qual a relevância da transexualidade em termos de identificação pessoal?
Para além das 22 entrevistas a transexuais, o autor também consultou “79 artigos publicados nas edições electrónicas dos quatro principais diários”, supõe-se que sem especial relevância científica; “uma extensa reportagem de uma revista semanal” que não se identifica; “o debate parlamentar” que antecedeu a aprovação da correspondente lei; “a transcrição de um programa de televisão emitido pela RTP”, que também não se menciona; “a mensagem do presidente da República”, a quem se desconhece qualquer especial competência nesta temática e, ainda, “quatro comunicados emitidos pela maior organização de direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT)”. Se é tudo, na realidade é muito pouco.
Se a identidade de género se determina apenas por opção pessoal, a identidade sexual, pelo contrário, decorre da própria natureza. Talvez alguns neguem a relevância do sexo biológico, mas o sexo não é, por regra, apenas biológico, mas sobretudo psicológico e até espiritual, muito antes de ser, também, uma realidade cultural. Ou seja, nasce-se masculino ou feminino e essa condição não é meramente anatómica, mas constitutiva da personalidade do sujeito, ao nível da sua intelectualidade, da sua afectividade, da sua sociabilidade, etc.
O professor Richard A. Lippa, da Universidade da Califórnia, realizou, com o apoio da BBC, uma interessante investigação sobre preferências profissionais. A partir de duzentas mil entrevistas a outras tantas pessoas de 53 países da Europa, América, África e Ásia, concluiu que os homens tendem para os trabalhos mais técnicos, enquanto as mulheres preferem as ocupações sociais. É significativo que esta tendência se mantenha em todos os países e continentes, não obstante a diversidade de culturas e de condições socio-económicas. Por sua vez, o professor Simon Baron-Cohen, do prestigiado Trinity College da Universidade de Cambridge, que é autor do ‘Sex differences in human neonatal social perception’, chegou ao mesmo resultado, ao constatar que os rapazes, com apenas poucas horas de vida, fixam-se de preferência em objectos mecânicos, enquanto as raparigas, da mesma idade, dão mais atenção aos rostos humanos.
Mas há algo em que a ideologia de género não engana: o seu carácter predominantemente ideológico. Se se tiver em conta que já Engels afirmava que a primeira luta de classes é a que ocorre no âmbito do matrimónio e que a dialéctica do feminino e do masculino deve ser abolida, não é temerário afirmar que a ideologia de género é neo-marxista. D. José Ignacio Munilla, bispo de San Sebastián, foi ainda mais longe quando disse, no passado dia 15, que esta ideologia é uma “metástase do marxismo”. “De acordo com os mais agudos analistas – acrescentou o prelado espanhol – o marxismo fracassou por se ter centrado na teoria económica da luta de classes, sem atacar directamente a família, que é a que verdadeiramente configura os valores da pessoa. Por isso, na actualidade, é através da ideologia de género que se procura destruir a família e a concepção natural do homem”.
Não obstante a matriz profundamente anticristã da ideologia de género, a verdade é que, como enfaticamente escreve a autora da reportagem em apreço, em Janeiro de 2011, “o país decidiu” autorizar a mudança de género sem necessidade de esterilização ou qualquer tratamento. Mais ainda, “Portugal tornou-se o primeiro país europeu” a fazê-lo, pois “nem a Espanha, nem o Reino Unido tinham ido tão longe”.
Em vésperas de eleições legislativas, os partidos deveriam elucidar o eleitorado sobre este particular, não aconteça que, depois, “o país” venha a decidir sobre uma ideologia que ainda nenhum partido político teve a coragem de dizer o que é.
Sacerdote católico
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
22/8/2015, 0:00
OBSERVADOR
A pergunta foi formulada nestes termos: “Estamos prontos para abraçar a ideia de que o género de cada um depende da identidade de género e não de características do corpo, como a genitália?”.
É a esta questão que procura responder afirmativamente o autor da tese de doutoramento que, no passado dia 19 de Junho, foi aprovada com distinção pelo ISCTE e que mereceu uma ampla reportagem no Público de 11 de Agosto passado.
A ideologia de género entende que não se é do sexo a que corresponde a masculinidade ou a feminilidade biológica, mas do género a que cada qual, liberrimamente, decide pertencer. Ou seja, como se afirma na fórmula enunciada, “o género de cada um depende da identidade de género e não de características do corpo”. A substituição do ‘sexo’, que são só dois – o feminino e o masculino – pelo ‘género’, que não se sabe quantos são, permite todas as variantes que o lóbi LGBT agrega e promove.
Em abono da sua tese, o respectivo autor entrevistou 22 transexuais. Está fora de questão o respeito que lhes é devido, bem como a qualquer outra pessoa, independentemente da sua orientação sexual, como também são de excluir todas as formas de injusta discriminação. Mas, como reconhecer, juridicamente, uma identidade sexual variável?
Segundo o autor deste estudo, “ser transsexual não significa ter uma identidade sexual”. Quer isto dizer que a transexualidade não é uma identidade de género? Se assim for, então não faz sentido que uma condição, que não é identitária, tenha relevância no registo civil. Se, como se diz, “muitos participantes declaram que se reconhecem como mulheres ou homens ao longo das suas trajectórias, de acordo com a sua identidade de género”, é óbvio que tais participantes não podem, pura e simplesmente, ser tidos como femininos ou masculinos. Se ser transexual não define nenhuma identidade sexual, na medida em que tal sujeito tanto pode ser homem ou mulher, qual a relevância da transexualidade em termos de identificação pessoal?
Para além das 22 entrevistas a transexuais, o autor também consultou “79 artigos publicados nas edições electrónicas dos quatro principais diários”, supõe-se que sem especial relevância científica; “uma extensa reportagem de uma revista semanal” que não se identifica; “o debate parlamentar” que antecedeu a aprovação da correspondente lei; “a transcrição de um programa de televisão emitido pela RTP”, que também não se menciona; “a mensagem do presidente da República”, a quem se desconhece qualquer especial competência nesta temática e, ainda, “quatro comunicados emitidos pela maior organização de direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT)”. Se é tudo, na realidade é muito pouco.
Se a identidade de género se determina apenas por opção pessoal, a identidade sexual, pelo contrário, decorre da própria natureza. Talvez alguns neguem a relevância do sexo biológico, mas o sexo não é, por regra, apenas biológico, mas sobretudo psicológico e até espiritual, muito antes de ser, também, uma realidade cultural. Ou seja, nasce-se masculino ou feminino e essa condição não é meramente anatómica, mas constitutiva da personalidade do sujeito, ao nível da sua intelectualidade, da sua afectividade, da sua sociabilidade, etc.
O professor Richard A. Lippa, da Universidade da Califórnia, realizou, com o apoio da BBC, uma interessante investigação sobre preferências profissionais. A partir de duzentas mil entrevistas a outras tantas pessoas de 53 países da Europa, América, África e Ásia, concluiu que os homens tendem para os trabalhos mais técnicos, enquanto as mulheres preferem as ocupações sociais. É significativo que esta tendência se mantenha em todos os países e continentes, não obstante a diversidade de culturas e de condições socio-económicas. Por sua vez, o professor Simon Baron-Cohen, do prestigiado Trinity College da Universidade de Cambridge, que é autor do ‘Sex differences in human neonatal social perception’, chegou ao mesmo resultado, ao constatar que os rapazes, com apenas poucas horas de vida, fixam-se de preferência em objectos mecânicos, enquanto as raparigas, da mesma idade, dão mais atenção aos rostos humanos.
Mas há algo em que a ideologia de género não engana: o seu carácter predominantemente ideológico. Se se tiver em conta que já Engels afirmava que a primeira luta de classes é a que ocorre no âmbito do matrimónio e que a dialéctica do feminino e do masculino deve ser abolida, não é temerário afirmar que a ideologia de género é neo-marxista. D. José Ignacio Munilla, bispo de San Sebastián, foi ainda mais longe quando disse, no passado dia 15, que esta ideologia é uma “metástase do marxismo”. “De acordo com os mais agudos analistas – acrescentou o prelado espanhol – o marxismo fracassou por se ter centrado na teoria económica da luta de classes, sem atacar directamente a família, que é a que verdadeiramente configura os valores da pessoa. Por isso, na actualidade, é através da ideologia de género que se procura destruir a família e a concepção natural do homem”.
Não obstante a matriz profundamente anticristã da ideologia de género, a verdade é que, como enfaticamente escreve a autora da reportagem em apreço, em Janeiro de 2011, “o país decidiu” autorizar a mudança de género sem necessidade de esterilização ou qualquer tratamento. Mais ainda, “Portugal tornou-se o primeiro país europeu” a fazê-lo, pois “nem a Espanha, nem o Reino Unido tinham ido tão longe”.
Em vésperas de eleições legislativas, os partidos deveriam elucidar o eleitorado sobre este particular, não aconteça que, depois, “o país” venha a decidir sobre uma ideologia que ainda nenhum partido político teve a coragem de dizer o que é.
Sacerdote católico
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
22/8/2015, 0:00
OBSERVADOR
Tópicos semelhantes
» O poder da linguagem política contemporânea – perceções e realidades
» A liderança e o género
» BLOCO DE ESQUERDA: A mudança de género e a antipsiquiatria
» A liderança e o género
» BLOCO DE ESQUERDA: A mudança de género e a antipsiquiatria
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin