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Desigualdades de género
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Desigualdades de género
A discussão não pode cingir-se a cerimónias de circunstância para marcar agenda uma vez por ano
Se muitas das certezas se vão esbatendo com o passar do tempo e os embates da vida, há uma convicção que ainda prevalece: o combate à desigualdade e à injustiça tem de transcender limitações cromáticas na política e no género; é tão só uma questão de luta pela dignidade humana. Por isso, é inevitável chegar ao mês de março sem abordar as desigualdades que ainda se verificam, ou até recrudescem no feminino, apesar das conquistas civilizacionais em termos de empoderamento das mulheres. Porque falta ainda muito por fazer junto de tantos contextos culturais, onde ser mulher significa ter um grau secundário ou nulo de dignidade, e se assiste ao inaceitável ressuscitar de mitos e estereótipos de género que pretendem constranger a participação das mulheres na cidadania ativa.
Num dos debates do último dia 8 deste mês, alguém lançava a questão: Faz ainda sentido, assinalar o Dia Internacional da Mulher? Evidências não faltarão. Não será só o eurodeputado polaco a ver as mulheres como seres inferiores. O mundo da política precisou impor quotas para possibilitar participação feminina num reduto tradicionalmente masculino. Escasseiam os exemplos de empresas/serviços onde as questões de género são acauteladas, de modo a possibilitar equidade nos salários, nas promoções e uma adequada conciliação da vida laboral e familiar. Olhe-se para as licenças parentais: a quantos pais e mães é permitido pelas respetivas vidas profissionais partilhá-las? Que dizer dos exemplos preocupantes de discriminação e assédio no mundo do trabalho no feminino, ilegalidades abusivamente desvalorizadas, ignoradas por quem de direito? E não esquecendo, infelizmente, a trágica estatística da violência doméstica, etc., etc...
A discussão sobre a desigualdade das mulheres na sociedade atual não pode cingir-se todavia, a cerimónias de circunstância para marcar agenda uma vez por ano. Há questões antigas que persistem, há retrocessos preocupantes e há também fenómenos inerentes à evolução dos tempos. O impacto das alterações climáticas, dos cenários de guerra, das cises financeiras da banca, determina crises humanitárias, mobilidade humana, alterações profundas na vida das pessoas, das famílias, das sociedades, na economia dos países, na elaboração dos orçamentos e nas funções e responsabilidades do Estado. A tecnologia digital e a ditadura dos mercados financeiros determinam mudanças, ajustamentos que em regra significam austeridade, desemprego, precariedade e regressão laboral, restrição ou até eliminação de mecanismos de proteção social por parte do Estado. Desde o universo privado, à vida pública, muito tem redundado em quebra de rendimentos, instabilidade individual e coletiva, desigualdade, pobreza e exclusão social, em maior grau para as mulheres. Faltam políticas de género e humanidade à globalização da economia, submetida a lógicas financistas e à ganância.
Por um imperativo ético, urge valorizar o trabalho doméstico, não qualificado, ignorado, invisível, executado diariamente e de forma gratuita, sem proteção social, por milhões de mulheres e meninas, no seio da família e não só, no cuidado das crianças, dos doentes e dos idosos, na agricultura, sem o qual o mundo colapsaria, tarefas que no seu conjunto impedem as mulheres de realizarem o seu total potencial humano, o tal que a estatística diz contribuir para o crescimento da economia. E quando dados da ONU indicam que apenas 4% das mulheres são CEOs à escala global, há muito a fazer para combater estereótipos de género, porque em matéria de saberes, competências, capacidades e aptidões, mulheres e homens são indispensáveis à construção de uma sociedade mais equilibrada para uma economia sustentável. Por enquanto, o único trabalho exclusivo das mulheres ainda é o trabalho de parto! Tudo o resto pode ser objeto de partilha, em benefício da humanidade.
JÚLIA CARÉ / 17 MAR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
Se muitas das certezas se vão esbatendo com o passar do tempo e os embates da vida, há uma convicção que ainda prevalece: o combate à desigualdade e à injustiça tem de transcender limitações cromáticas na política e no género; é tão só uma questão de luta pela dignidade humana. Por isso, é inevitável chegar ao mês de março sem abordar as desigualdades que ainda se verificam, ou até recrudescem no feminino, apesar das conquistas civilizacionais em termos de empoderamento das mulheres. Porque falta ainda muito por fazer junto de tantos contextos culturais, onde ser mulher significa ter um grau secundário ou nulo de dignidade, e se assiste ao inaceitável ressuscitar de mitos e estereótipos de género que pretendem constranger a participação das mulheres na cidadania ativa.
Num dos debates do último dia 8 deste mês, alguém lançava a questão: Faz ainda sentido, assinalar o Dia Internacional da Mulher? Evidências não faltarão. Não será só o eurodeputado polaco a ver as mulheres como seres inferiores. O mundo da política precisou impor quotas para possibilitar participação feminina num reduto tradicionalmente masculino. Escasseiam os exemplos de empresas/serviços onde as questões de género são acauteladas, de modo a possibilitar equidade nos salários, nas promoções e uma adequada conciliação da vida laboral e familiar. Olhe-se para as licenças parentais: a quantos pais e mães é permitido pelas respetivas vidas profissionais partilhá-las? Que dizer dos exemplos preocupantes de discriminação e assédio no mundo do trabalho no feminino, ilegalidades abusivamente desvalorizadas, ignoradas por quem de direito? E não esquecendo, infelizmente, a trágica estatística da violência doméstica, etc., etc...
A discussão sobre a desigualdade das mulheres na sociedade atual não pode cingir-se todavia, a cerimónias de circunstância para marcar agenda uma vez por ano. Há questões antigas que persistem, há retrocessos preocupantes e há também fenómenos inerentes à evolução dos tempos. O impacto das alterações climáticas, dos cenários de guerra, das cises financeiras da banca, determina crises humanitárias, mobilidade humana, alterações profundas na vida das pessoas, das famílias, das sociedades, na economia dos países, na elaboração dos orçamentos e nas funções e responsabilidades do Estado. A tecnologia digital e a ditadura dos mercados financeiros determinam mudanças, ajustamentos que em regra significam austeridade, desemprego, precariedade e regressão laboral, restrição ou até eliminação de mecanismos de proteção social por parte do Estado. Desde o universo privado, à vida pública, muito tem redundado em quebra de rendimentos, instabilidade individual e coletiva, desigualdade, pobreza e exclusão social, em maior grau para as mulheres. Faltam políticas de género e humanidade à globalização da economia, submetida a lógicas financistas e à ganância.
Por um imperativo ético, urge valorizar o trabalho doméstico, não qualificado, ignorado, invisível, executado diariamente e de forma gratuita, sem proteção social, por milhões de mulheres e meninas, no seio da família e não só, no cuidado das crianças, dos doentes e dos idosos, na agricultura, sem o qual o mundo colapsaria, tarefas que no seu conjunto impedem as mulheres de realizarem o seu total potencial humano, o tal que a estatística diz contribuir para o crescimento da economia. E quando dados da ONU indicam que apenas 4% das mulheres são CEOs à escala global, há muito a fazer para combater estereótipos de género, porque em matéria de saberes, competências, capacidades e aptidões, mulheres e homens são indispensáveis à construção de uma sociedade mais equilibrada para uma economia sustentável. Por enquanto, o único trabalho exclusivo das mulheres ainda é o trabalho de parto! Tudo o resto pode ser objeto de partilha, em benefício da humanidade.
JÚLIA CARÉ / 17 MAR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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