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A política económica dos programas eleitorais
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A política económica dos programas eleitorais
A estagnação económica dos últimos 20 anos e do desastre dos últimos 10 não foram suficientes para que se produzissem novidades positivas nas propostas dos principais partidos para as próximas eleições.
Os media bem se esforçam por descobrir diferenças de propostas e de estratégias. Este jornal dedicou, no passado dia 17 de Agosto, quatro páginas ao assunto e o que melhor conseguiu foi uma velha e estafada dicotomia entre estímulo da oferta e estímulo da procura, distinção afinal não adoptada por todos os proponentes (o representante do PS recusou-a explicitamente em declarações ao jornal).
A implementação de políticas económicas promotoras de crescimento económico não dispensa a existência de convergência de políticas entre as duas principais forças políticas.
Neste estio pré-eleitoral o que me ficou da observação das propostas eleitorais de política económica das principais forças políticas?
Não descortino as necessárias convergências positivas e, pelo contrário, vejo cinco pontos comuns negativos:
1. Insistência na ideia dos "estímulos", conduzindo a um paternalismo generalizado. Os media excitam-se procurando alinhar programas em propostas divergentes sobre o que "estimular". (No trabalho do Jornal de Negócios, acima referido, numa das respostas, o representante de um dos partidos usa quatro vezes em 10 curtas linhas o termo estímulo). Em vez de procurar libertar as energias dos cidadãos querem estimular-nos. Mais do que "estímulos" falta retirar "obstáculos". Ao contrário do que se possa imaginar, não se trata de uma questão formal ou de semântica.
2. Não apresentação de equipas de governo. A generalizada quebra de credibilidade dos políticos obriga a que se ofereçam novas garantias fora do palavreado habitual. A apresentação de equipas ministeriais com nomes de confiança não pode mais ser recusada.
3. Promessas de mais consumo e dificuldade de formular propostas credíveis de redução de despesa pública.
4. Cortejo inconsequente do emprego. PSD/CDS: isenções da TSU para empresas que contratem desempregados e um prémio de activação para desempregados que encontrem trabalho. PS: penalizar as empresas que despeçam trabalhadores, desincentivando a destruição de postos de trabalho. São medidas voluntaristas sem efeito permanente sobre o emprego com consequências perversas sobre o emprego duradouro.
5. Ausência de propostas credíveis de reforma do Estado. A contradição entre a necessária reforma do Estado e a defesa dos interesses globais do sector estatal funciona em pleno. Os políticos defendem generalizadamente o Estado que é identificado perversamente com a Nação. A crescente profissionalização da política agravou a contradição. Confundem o país com o Estado, privilegiando a defesa dos interesses deste que deixou de ser um instrumento da Nação para se constituir um sector com interesses próprios, frequentemente em contradição com os interesses gerais.
Economista e professor do ISEG
25 Agosto 2015, 00:01 por Avelino de Jesus
Negócios
Os media bem se esforçam por descobrir diferenças de propostas e de estratégias. Este jornal dedicou, no passado dia 17 de Agosto, quatro páginas ao assunto e o que melhor conseguiu foi uma velha e estafada dicotomia entre estímulo da oferta e estímulo da procura, distinção afinal não adoptada por todos os proponentes (o representante do PS recusou-a explicitamente em declarações ao jornal).
A implementação de políticas económicas promotoras de crescimento económico não dispensa a existência de convergência de políticas entre as duas principais forças políticas.
Neste estio pré-eleitoral o que me ficou da observação das propostas eleitorais de política económica das principais forças políticas?
Não descortino as necessárias convergências positivas e, pelo contrário, vejo cinco pontos comuns negativos:
1. Insistência na ideia dos "estímulos", conduzindo a um paternalismo generalizado. Os media excitam-se procurando alinhar programas em propostas divergentes sobre o que "estimular". (No trabalho do Jornal de Negócios, acima referido, numa das respostas, o representante de um dos partidos usa quatro vezes em 10 curtas linhas o termo estímulo). Em vez de procurar libertar as energias dos cidadãos querem estimular-nos. Mais do que "estímulos" falta retirar "obstáculos". Ao contrário do que se possa imaginar, não se trata de uma questão formal ou de semântica.
2. Não apresentação de equipas de governo. A generalizada quebra de credibilidade dos políticos obriga a que se ofereçam novas garantias fora do palavreado habitual. A apresentação de equipas ministeriais com nomes de confiança não pode mais ser recusada.
3. Promessas de mais consumo e dificuldade de formular propostas credíveis de redução de despesa pública.
4. Cortejo inconsequente do emprego. PSD/CDS: isenções da TSU para empresas que contratem desempregados e um prémio de activação para desempregados que encontrem trabalho. PS: penalizar as empresas que despeçam trabalhadores, desincentivando a destruição de postos de trabalho. São medidas voluntaristas sem efeito permanente sobre o emprego com consequências perversas sobre o emprego duradouro.
5. Ausência de propostas credíveis de reforma do Estado. A contradição entre a necessária reforma do Estado e a defesa dos interesses globais do sector estatal funciona em pleno. Os políticos defendem generalizadamente o Estado que é identificado perversamente com a Nação. A crescente profissionalização da política agravou a contradição. Confundem o país com o Estado, privilegiando a defesa dos interesses deste que deixou de ser um instrumento da Nação para se constituir um sector com interesses próprios, frequentemente em contradição com os interesses gerais.
Economista e professor do ISEG
25 Agosto 2015, 00:01 por Avelino de Jesus
Negócios
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