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A saúde psicológica dos portugueses
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A saúde psicológica dos portugueses
Em Portugal existem problemas de saúde que afetam uma em cada cinco pessoas, com um impacto profundo e prejudicial nas suas vidas pessoal, familiar e laboral. Não, não estamos a falar do cancro ou da diabetes. Esta é a realidade dos cidadãos portugueses com problemas de saúde psicológica.
Na verdade, Portugal é o 2.º país da Europa com maior prevalência destes problemas na população (23%), sendo os mais comuns a ansiedade e a depressão. Os problemas de saúde psicológica são responsáveis por 40% dos anos vividos com incapacidade e por níveis significativos de sofrimento pessoal e familiar. Além disso, aumentam a probabilidade de problemas de saúde física e são mais debilitantes do que a maior parte deles - em média, uma pessoa com depressão tem 50% mais de incapacidade do que uma pessoa com artrite ou asma. Interferem com a nossa capacidade de realizar tarefas do dia-a-dia, de aproveitar os tempos livres e de manter relações saudáveis. Só a diminuição da produtividade causada pelo absentismo e presentismo atribuíveis a problemas de saúde psicológica custa às empresas portuguesas euro300 milhões por ano.
Ainda assim, o SNS tem apenas 601 psicólogos, imagine-se, sofrendo de insuficiências graves no que diz respeito à acessibilidade e equidade no acesso aos cuidados de saúde psicológica. Se mais de metade dos portugueses com problemas de saúde psicológica não recebe tratamento, uma das principais razões deve-se ao facto de as intervenções psicológicas não estarem disponíveis. Também assim é noutros contextos de atuação da profissão, com destaque para a educação pelo seu papel preventivo, existindo 778 psicólogos no sistema em 2014/ /2015, parte deles em situação precária e com deficientes condições de trabalho, quando de acordo com o rácio recomendado deveriam ser 1280.
Para além de diminuir e prevenir o sofrimento, investir em psicólogos e intervenções psicológicas poupa milhões de euros, com benefícios clínicos, sociais e económicos, a curto, médio e longo prazo.
O exercício da profissão de psicólogo só recentemente foi regulamentado. Desde então, tem vindo a ser crescente a sua visibilidade e reconhecimento, como é exemplo a campanha encontreumasaida.pt. Todavia, está ainda por cumprir a mais importante das dimensões da profissão, aquela que diz respeito à efetiva presença nos serviços aos cidadãos, em todo o território nacional, seja na educação, na saúde, nas organizações, na justiça, nas instituições sociais e comunitárias, dando seguimento ao enorme esforço formativo das famílias e do país em milhares de jovens qualificados em Psicologia.
Se a saúde psicológica é essencial ao bem-estar e à qualidade de vida dos portugueses, se o investimento nela determina poupanças significativas e se o país tem profissionais preparados, o que faltará ou a quem faltará vontade para a posicionar no centro da política de saúde pública? Quem se responsabiliza por esta inépcia? Os próximos candidatos ao governo de Portugal devem responder a esta questão. A nós, e a todos os portugueses, cumpre--nos questionar. O que falta? O que falta?
* Diretor Executivo da Ordem dos Psicólogos
por FRANCISCO MIRANDA RODRIGUES*
Diário de Notícias
Na verdade, Portugal é o 2.º país da Europa com maior prevalência destes problemas na população (23%), sendo os mais comuns a ansiedade e a depressão. Os problemas de saúde psicológica são responsáveis por 40% dos anos vividos com incapacidade e por níveis significativos de sofrimento pessoal e familiar. Além disso, aumentam a probabilidade de problemas de saúde física e são mais debilitantes do que a maior parte deles - em média, uma pessoa com depressão tem 50% mais de incapacidade do que uma pessoa com artrite ou asma. Interferem com a nossa capacidade de realizar tarefas do dia-a-dia, de aproveitar os tempos livres e de manter relações saudáveis. Só a diminuição da produtividade causada pelo absentismo e presentismo atribuíveis a problemas de saúde psicológica custa às empresas portuguesas euro300 milhões por ano.
Ainda assim, o SNS tem apenas 601 psicólogos, imagine-se, sofrendo de insuficiências graves no que diz respeito à acessibilidade e equidade no acesso aos cuidados de saúde psicológica. Se mais de metade dos portugueses com problemas de saúde psicológica não recebe tratamento, uma das principais razões deve-se ao facto de as intervenções psicológicas não estarem disponíveis. Também assim é noutros contextos de atuação da profissão, com destaque para a educação pelo seu papel preventivo, existindo 778 psicólogos no sistema em 2014/ /2015, parte deles em situação precária e com deficientes condições de trabalho, quando de acordo com o rácio recomendado deveriam ser 1280.
Para além de diminuir e prevenir o sofrimento, investir em psicólogos e intervenções psicológicas poupa milhões de euros, com benefícios clínicos, sociais e económicos, a curto, médio e longo prazo.
O exercício da profissão de psicólogo só recentemente foi regulamentado. Desde então, tem vindo a ser crescente a sua visibilidade e reconhecimento, como é exemplo a campanha encontreumasaida.pt. Todavia, está ainda por cumprir a mais importante das dimensões da profissão, aquela que diz respeito à efetiva presença nos serviços aos cidadãos, em todo o território nacional, seja na educação, na saúde, nas organizações, na justiça, nas instituições sociais e comunitárias, dando seguimento ao enorme esforço formativo das famílias e do país em milhares de jovens qualificados em Psicologia.
Se a saúde psicológica é essencial ao bem-estar e à qualidade de vida dos portugueses, se o investimento nela determina poupanças significativas e se o país tem profissionais preparados, o que faltará ou a quem faltará vontade para a posicionar no centro da política de saúde pública? Quem se responsabiliza por esta inépcia? Os próximos candidatos ao governo de Portugal devem responder a esta questão. A nós, e a todos os portugueses, cumpre--nos questionar. O que falta? O que falta?
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