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Não vale tudo
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Não vale tudo
Não é que as chamadas "universidades de verão" dos partidos sejam necessariamente locais de conhecimento e de bom senso. Sabemos que são pseudoacontecimentos, criados para preparar o palco para os discursos de reentrée dos líderes. Agora o que não esperamos é que, pelo facto de este ser um ano eleitoral, venha um político com a responsabilidade e a inteligência de Paulo Rangel debitar enormidades sobre o Estado de direito em Portugal, cedendo a um registo populista, no mínimo, pouco recomendável.
Ao dizer que, se o Partido Socialista fosse Governo, ninguém acreditaria que um ex-primeiro-ministro ou o maior banqueiro estivessem sob investigação, Paulo Rangel estilhaça a sua credibilidade e põe a nu as razões pelas quais não passa do estatuto de eterna promessa. De uma penada, sugere a partidarização da justiça, subscreve a argumentação de José Sócrates e branqueia a política medíocre de uma má ministra da Justiça.
O líder do Partido Socialista tem sido muito claro naquilo que se refere à detenção de Sócrates. Respeito pelo princípio da separação de poderes, remetendo a matéria para a esfera da justiça, como compete a um homem de Estado. Assim, ao dirigir-se a uma plateia de jovens, seria de esperar de Paulo Rangel o elogio deste posicionamento do líder socialista. Na política não vale tudo!
Por outro lado, José Sócrates tem procurado vestir a pele de preso político, ao ponto de ter afirmado que a sua prisão tem por objetivo evitar que o PS ganhe as eleições. Esta tentativa de politizar um caso que é só e apenas um assunto de Polícia, muito grave por sinal, não teve suporte da liderança socialista nem eco nos media. Estranho que seja o eurodeputado do PSD Paulo Rangel a forçar esta tecla, como que a lançar uma boia à qual Sócrates se possa agarrar. Um mau serviço à democracia e ao Estado de direito.
Por fim, Rangel socorre-se de um argumento demagógico: "Foi durante este Governo, não é obra deste Governo, não é mérito deste Governo, mas foi durante este Governo...". Mas o que quer exatamente isto dizer, qual é a mensagem? Se não tem nada a ver com este Governo, para quê referi-lo? Será para branquear a política de justiça dos últimos quatro anos? Uma legislatura em que a única reforma foi o fecho de tribunais, sonegando a tantos o acesso à justiça em condições aceitáveis e provocando a ira da população, dos autarcas, dos juízes e dos advogados.
Se é para endereçar a temática da justiça, poderia Paulo Rangel ter discutido a solidez do sistema informático Citius, uma ferramenta central que a senhora ministra fez o favor de colapsar por umas quantas semanas.
*PROFESSOR CATEDRÁTICO DA UNIVERSIDADE DO MINHO
31.08.2015
JOSÉ MENDES
Jornal de Notícias
Ao dizer que, se o Partido Socialista fosse Governo, ninguém acreditaria que um ex-primeiro-ministro ou o maior banqueiro estivessem sob investigação, Paulo Rangel estilhaça a sua credibilidade e põe a nu as razões pelas quais não passa do estatuto de eterna promessa. De uma penada, sugere a partidarização da justiça, subscreve a argumentação de José Sócrates e branqueia a política medíocre de uma má ministra da Justiça.
O líder do Partido Socialista tem sido muito claro naquilo que se refere à detenção de Sócrates. Respeito pelo princípio da separação de poderes, remetendo a matéria para a esfera da justiça, como compete a um homem de Estado. Assim, ao dirigir-se a uma plateia de jovens, seria de esperar de Paulo Rangel o elogio deste posicionamento do líder socialista. Na política não vale tudo!
Por outro lado, José Sócrates tem procurado vestir a pele de preso político, ao ponto de ter afirmado que a sua prisão tem por objetivo evitar que o PS ganhe as eleições. Esta tentativa de politizar um caso que é só e apenas um assunto de Polícia, muito grave por sinal, não teve suporte da liderança socialista nem eco nos media. Estranho que seja o eurodeputado do PSD Paulo Rangel a forçar esta tecla, como que a lançar uma boia à qual Sócrates se possa agarrar. Um mau serviço à democracia e ao Estado de direito.
Por fim, Rangel socorre-se de um argumento demagógico: "Foi durante este Governo, não é obra deste Governo, não é mérito deste Governo, mas foi durante este Governo...". Mas o que quer exatamente isto dizer, qual é a mensagem? Se não tem nada a ver com este Governo, para quê referi-lo? Será para branquear a política de justiça dos últimos quatro anos? Uma legislatura em que a única reforma foi o fecho de tribunais, sonegando a tantos o acesso à justiça em condições aceitáveis e provocando a ira da população, dos autarcas, dos juízes e dos advogados.
Se é para endereçar a temática da justiça, poderia Paulo Rangel ter discutido a solidez do sistema informático Citius, uma ferramenta central que a senhora ministra fez o favor de colapsar por umas quantas semanas.
*PROFESSOR CATEDRÁTICO DA UNIVERSIDADE DO MINHO
31.08.2015
JOSÉ MENDES
Jornal de Notícias
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