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Poesia numa hora destas?
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Poesia numa hora destas?
Quando a sociedade perde a ingenuidade nos olhos a publicidade, cedo ou tarde, torna-se mais dura
Num mundo de imagens duras há lugar para poemas? Num território de guerrilhas, como as redes sociais, existem tréguas? Soterrados por fotografias que nos fazem perder o ar, como fazemos para respirar?
Poesia? Numa hora destas? (Como diria Veríssimo).
Para quem pensa ser impossível escrever palavras bonitas a partir de alguns dos momentos mais feios da história, lembro o poema "A Rosa de Hiroshima", de Vinicius de Moraes:
"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada".
Também poderia chamar a presença do quadro "Guernica", de Picasso. Ou do filme "O Grande Ditador", de Chaplin.
Tragédias também fazem parte do combustível da arte. Isso não é bom, nem mau. É uma consequência direta daquilo a que chamamos "ser humano". Daí ser natural a quantidade imensa de reinterpretações artísticas da mais que atual tragédia dos refugiados.
É certo que a quase omnipresença dessas imagens (incluindo as cruas fotografias jornalísticas) pode ferir algumas suscetibilidades. Mas o meio (as redes) tem como parte do seu contrato social a liberdade de cada um emitir (no caso, postar) o que quiser, sem intermediações. Exageros sempre vão existir. Temos que ser tolerantes, se quisermos ser tolerados. Simples assim.
E se me pergunta o que isto tem a ver com a publicidade (o foco desta coluna), digo que nada e tudo. A publicidade convive com o ambiente imagético da sociedade. Quando ele muda (o ambiente), a publicidade tem que mudar também.
Pode não ser na hora. Pode não ser no dia. Mas quando a sociedade perde a ingenuidade nos olhos a publicidade, cedo ou tarde, torna-se mais dura. Só não sei (aliás, duvido) se com isto se vai tornar melhor.
Ou como diria o meu Tio Olavo, a citar Drummond: "Chegou um tempo em que não adianta morrer/Chegou um tempo em que a vida é uma ordem/A vida apenas, sem mistificação".
Storyteller e publicitário. Escreve todas as sextas-feiras
Por Edson Athayde
04/09/2015 | 09:42 | Dinheiro Vivo
Num mundo de imagens duras há lugar para poemas? Num território de guerrilhas, como as redes sociais, existem tréguas? Soterrados por fotografias que nos fazem perder o ar, como fazemos para respirar?
Poesia? Numa hora destas? (Como diria Veríssimo).
Para quem pensa ser impossível escrever palavras bonitas a partir de alguns dos momentos mais feios da história, lembro o poema "A Rosa de Hiroshima", de Vinicius de Moraes:
"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada".
Também poderia chamar a presença do quadro "Guernica", de Picasso. Ou do filme "O Grande Ditador", de Chaplin.
Tragédias também fazem parte do combustível da arte. Isso não é bom, nem mau. É uma consequência direta daquilo a que chamamos "ser humano". Daí ser natural a quantidade imensa de reinterpretações artísticas da mais que atual tragédia dos refugiados.
É certo que a quase omnipresença dessas imagens (incluindo as cruas fotografias jornalísticas) pode ferir algumas suscetibilidades. Mas o meio (as redes) tem como parte do seu contrato social a liberdade de cada um emitir (no caso, postar) o que quiser, sem intermediações. Exageros sempre vão existir. Temos que ser tolerantes, se quisermos ser tolerados. Simples assim.
E se me pergunta o que isto tem a ver com a publicidade (o foco desta coluna), digo que nada e tudo. A publicidade convive com o ambiente imagético da sociedade. Quando ele muda (o ambiente), a publicidade tem que mudar também.
Pode não ser na hora. Pode não ser no dia. Mas quando a sociedade perde a ingenuidade nos olhos a publicidade, cedo ou tarde, torna-se mais dura. Só não sei (aliás, duvido) se com isto se vai tornar melhor.
Ou como diria o meu Tio Olavo, a citar Drummond: "Chegou um tempo em que não adianta morrer/Chegou um tempo em que a vida é uma ordem/A vida apenas, sem mistificação".
Storyteller e publicitário. Escreve todas as sextas-feiras
Por Edson Athayde
04/09/2015 | 09:42 | Dinheiro Vivo
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