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Contradições do "capitalismo chinês" - (LV)
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Contradições do "capitalismo chinês" - (LV)
A criação das chamadas Zonas Económicas Especiais - encontrava-me em Macau quando foram criadas as duas primeiras: Shenzhen e Zhuhai, junto a Hong Kong e Macau - deu um impulso decisivo ao crescimento.
1. Desloquei-me pela primeira vez à China (RPC), em 1982, quando, como membro do governo de Macau, visitei a Feira de Cantão, num período em que este país procurava acelerar - sob o impulso do pragmatismo visionário de Deng Xiaoping - o esforço de crescimento e de modernização. O resultado deste esforço foi, como sabemos, extraordinário. Em pouco mais de três décadas, a economia chinesa guindou-se à segunda posição a seguir aos EUA, em termos de PIB nominal e transformou-se na maior economia exportadora, ao mesmo tempo que acumulava enormes reservas financeiras internacionais.
Durante a década de 1980, a questão central que ocupava a generalidade dos académicos e analistas prendia-se sobretudo com as implicações sociais e políticas do modelo de Deng Xiaoping - um país, dois sistemas. No entanto, até agora, a China foi capaz de ultrapassar todos os obstáculos e dificuldades, apesar da acumulação de pressões sociais e mesmo políticas, induzidas por um crescimento económico muito rápido que tem vindo a fragmentar a sociedade chinesa.
Embora fosse de admitir, dada a sua dimensão, que o crescimento da economia chinesa acabaria por ter um forte impacto nos mercados mundiais, surpreendeu a velocidade com que esta cresceu e se integrou na economia global, cavalgando e mesmo influenciando o movimento de globalização - tanto dos mercados de matérias-primas, energia e produtos manufacturados, como financeiros. Compreende-se por isso que a instabilidade que tem vindo a marcar a economia chinesa e o seu sistema financeiro seja motivo de preocupação generalizada. Em particular, reveste-se de interesse avaliar o seu impacto potencial sobre os instáveis mercados financeiros e sobretudo sobre os ainda fragilizados mercados financeiros da Europa do euro. Questão que - a par da presença crescente de capitais chineses na nossa economia - me leva a dedicar-lhe este e próximos artigos.
2. Compreende-se a evolução da sociedade e da economia chinesas, à luz das linhas que orientaram a acção dos dirigentes chineses depois de Deng Xiaoping. Estas foram marcadas por dois vectores centrais que se articulam: internamente, passaram por criar condições - políticas e económicas - capazes de induzir taxas de crescimento susceptíveis de garantir uma melhoria sustentada dos níveis médios de bem-estar. Procurando, por esta via, preservar a estabilidade social e legitimar o controlo do poder político; a nível externo, afirmar gradualmente a China como uma potência de primeira linha, reflectindo a sua importância económica crescente.
A criação das chamadas Zonas Económicas Especiais - encontrava-me em Macau quando foram criadas as duas primeiras: Shenzhen e Zhuhai, junto a Hong Kong e Macau - deu um impulso decisivo ao crescimento. A atracção de capital e tecnologia induziu um movimento de modernização e de crescimento, sustentado por exportações crescentes e por ambiciosos programas de investimento e de obras públicas.
Não me vou aqui referir ao impacto externo deste modelo sobre o comércio internacional e, em particular, sobre os mercados das matérias-primas e da energia. Importa apenas ter presente que se verifica hoje um consenso - partilhado pelos economistas chineses mais influentes - em relação ao seu esgotamento gradual. Assim como sobre a necessidade de reorientar o modelo no sentido do mercado interno, de modo que este - em particular o consumo - passe a dar um maior contributo ao crescimento.
Trata-se de um ajustamento técnica e politicamente complexo e difícil, devido à convergência de três tipos de factores: em primeiro lugar, a dificuldade em manter, durante a transição entre os dois modelos, taxas de crescimento capazes de absorver ou de minorar os efeitos da actual fragmentação económica e social; depois, o novo modelo pressupõe um maior equilíbrio interno na distribuição do rendimento e da riqueza, com inevitáveis implicações sociais e políticas; por último, as dificuldades em manter sob controlo os níveis - já hoje elevados - de endividamento interno, num modelo em que o consumo passa a variável central.
Esta última questão prende-se com a surpreendente evolução do sistema financeiro chinês que, por sua vez, explica em grande parte os desequilíbrios e a instabilidade actuais. Questões a abordar em próximos artigos.
Economista
07 Setembro 2015, 19:30 por João Costa Pinto
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