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Que Europa queremos afinal?
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Que Europa queremos afinal?
Nos últimos anos a liderança europeia tem surpreendido desagradavelmente pelas piores razões. O que se passa com a Europa?
Após o aparecimento em 2007 dos primeiros sinais de crise nos EUA, a Reserva Federal norte-americana decidiu logo em 2008 apoiar o seu sistema financeiro, anunciando a decisão de injectar liquidez no mercado de forma sistemática, num valor que em termos acumulados rondará hoje os 2,3 triliões de dólares. Desta forma o FED não só conteve a crise, como contribuiu para uma recuperação rápida da economia e para o saneamento do sistema bancário, como ainda provocou uma desvalorização sustentada do dólar que fortaleceu a competitividade externa dos bens e serviços norte-americanos.
O que fez a Europa? Enfrentou desde início a crise com uma política monetarista que conduziu a uma forte valorização do euro e, posteriormente, com a imposição das violentas políticas de austeridade aos países mais expostos à crise, originou uma generalizada recessão económica, uma redução do investimento público e privado, um aumento preocupante do desemprego e uma perda da competitividade externa da Europa. Só recentemente o BCE adoptou medidas semelhantes às do FED para evitar o perigo de uma deflação na Europa, mas só depois de seis anos de uma crise generalizada, em especial na zona euro e nos países periféricos.
A somar a tudo isto o que se constata é que a Europa continua por fazer, apesar das promessas e dos discursos dos seus líderes, sem que se implemente uma integração das economias da União, sem que se ganhe escala e competitividade global, sem que se reestruture o sistema bancário e consolide o sistema financeiro europeu, sem que se implemente uma harmonização fiscal e um sistema de transferências e consolidação de contas que conduzam a um maior equilíbrio e solidariedade na Europa e se concretize o projecto europeu.
A agravar tudo isto assistimos hoje à preocupante questão dos refugiados, onde a Europa voltou a hesitar e onde apenas a Alemanha, felizmente, se apercebeu a tempo da dimensão do desastre e do impacto que esta movimentação migratória poderia originar evitando que e Europa voltasse a falhar, apesar do dramático quadro humanitário a que se assistia. Como é possível assistir a tão insensível reacção europeia perante um quadro humanitário de morte e miséria que todos os dias nos envergonhava?
Sente-se hoje uma grande necessidade de questionar que Europa afinal estamos a construir? Os europeus sentem hoje algum mau estar em viverem numa Europa onde tudo se adia e pouco se concretiza, numa região que perdeu a iniciativa e a competitividade cai a olhos vistos. Será que os líderes europeus querem mesmo construir uma União Económica e Monetária? Se sim porque a não fazem então?
Não vale a pena enterrar a cabeça na areia: a Europa enfrenta hoje uma grave crise de estratégia, de liderança e mesmo de valores que, se não for alterada, porá em risco o seu futuro e deixará de ser honroso nela viver.
00:05 h
Francisco Murteira Nabo
Económico
Após o aparecimento em 2007 dos primeiros sinais de crise nos EUA, a Reserva Federal norte-americana decidiu logo em 2008 apoiar o seu sistema financeiro, anunciando a decisão de injectar liquidez no mercado de forma sistemática, num valor que em termos acumulados rondará hoje os 2,3 triliões de dólares. Desta forma o FED não só conteve a crise, como contribuiu para uma recuperação rápida da economia e para o saneamento do sistema bancário, como ainda provocou uma desvalorização sustentada do dólar que fortaleceu a competitividade externa dos bens e serviços norte-americanos.
O que fez a Europa? Enfrentou desde início a crise com uma política monetarista que conduziu a uma forte valorização do euro e, posteriormente, com a imposição das violentas políticas de austeridade aos países mais expostos à crise, originou uma generalizada recessão económica, uma redução do investimento público e privado, um aumento preocupante do desemprego e uma perda da competitividade externa da Europa. Só recentemente o BCE adoptou medidas semelhantes às do FED para evitar o perigo de uma deflação na Europa, mas só depois de seis anos de uma crise generalizada, em especial na zona euro e nos países periféricos.
A somar a tudo isto o que se constata é que a Europa continua por fazer, apesar das promessas e dos discursos dos seus líderes, sem que se implemente uma integração das economias da União, sem que se ganhe escala e competitividade global, sem que se reestruture o sistema bancário e consolide o sistema financeiro europeu, sem que se implemente uma harmonização fiscal e um sistema de transferências e consolidação de contas que conduzam a um maior equilíbrio e solidariedade na Europa e se concretize o projecto europeu.
A agravar tudo isto assistimos hoje à preocupante questão dos refugiados, onde a Europa voltou a hesitar e onde apenas a Alemanha, felizmente, se apercebeu a tempo da dimensão do desastre e do impacto que esta movimentação migratória poderia originar evitando que e Europa voltasse a falhar, apesar do dramático quadro humanitário a que se assistia. Como é possível assistir a tão insensível reacção europeia perante um quadro humanitário de morte e miséria que todos os dias nos envergonhava?
Sente-se hoje uma grande necessidade de questionar que Europa afinal estamos a construir? Os europeus sentem hoje algum mau estar em viverem numa Europa onde tudo se adia e pouco se concretiza, numa região que perdeu a iniciativa e a competitividade cai a olhos vistos. Será que os líderes europeus querem mesmo construir uma União Económica e Monetária? Se sim porque a não fazem então?
Não vale a pena enterrar a cabeça na areia: a Europa enfrenta hoje uma grave crise de estratégia, de liderança e mesmo de valores que, se não for alterada, porá em risco o seu futuro e deixará de ser honroso nela viver.
00:05 h
Francisco Murteira Nabo
Económico
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