A (nota) mentos Bastonário da Ordem do Engenheiros contra a construção do Porto do Barreiro. Não, apenas, porque não…

O artigo de opinião do Bastonário da Ordem dos Engenheiros na verdade é coerente com as sucessivas opiniões que tem manifestado, quer em artigos, quer em conferências, de oposição à construção do Terminal de Contentores do Barreiro.

O Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, hoje, no jornal «Público», escreve mais um dos seus artigos de critica à decisão do Governo de opção “politica referente à localização do porto no Barreiro”.

Na sua opinião este é um “exemplo paradigmático” de que não foi feito “o trabalho de casa” com base em “estudos técnicos e económicos rigorosos, altamente ‘blindados’ a inconformidades de modo a sustentarem candidaturas elegíveis” ao quadro financeiro plurianual de 2014-2020.

O artigo de opinião do Bastonário da Ordem dos Engenheiros na verdade é coerente com as sucessivas opiniões que tem manifestado, quer em artigos, quer em conferências, de oposição à construção do Terminal de Contentores do Barreiro.

Mas, na verdade, o que se sabe sobre a construção do Terminal de Contentores do Barreiro é que, existe a decisão politica de construção, em segundo lugar sabe-se que essa opção passa pela eventual existência de investidores privados interessados, em terceiro lugar, quanto a estudo técnicos e económicos, o que já existe de concreto é a aprovação por Bruxelas de uma candidatura de apoio aos estudos de impacto ambiental e estudo prévio do projecto.

Se a União Europeia disponibilizou meios financeiros para dar o apoio aos estudos técnicos e económicos, e se eles vão avançar, já existindo candidatos que serão conhecidos em Setembro, não se percebe como é dito que “não foi feito trabalho de casa”.

Por outro lado, os estudos serão o caminho para comprovar a viabilidade do projecto de forma a criar as condições necessárias para que avancem, posteriormente, os candidatos privados interessados em investir, o que significará, caso os estudos o comprovem que a obra avança com o recurso ao investimento de privados.

Naturalmente, de forma adjacente, terá que existir o recurso aos fundos europeus, de forma a que sejam concretizadas outras obras complementares e indispensáveis, ao nível das acessibilidades, nomeadamente, as ligações por ponte ao Seixal e acessos diversos no contexto urbano dos dois concelhos, visando a criação de uma plataforma logística que abrangerá os territórios da Baía do Tejo, no Barreiro e Seixal.

O Terminal de Contentores do Barreiro, acredito, só por si, não será um equipamento âncora na região se, de facto, apenas se limitar ao mero Terminal de Contentores e, naturalmente, se não trouxer consigo a emergência de um novo tecido empresarial e económico para a região, alargando a importância do Porto de Lisboa para as duas margens.

Este investimento contrariamente ao que diz o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, caso venha a concretizar-se, e tenho dúvidas, será um investimento “paradigmático” de uma politica de um país que acredita que pode ter um papel importante como “porta do Atlântico” e, quer, na realidade, transformar Lisboa num motor de desenvolvimento de importância mundial.

O Bastonário da Ordem dos Engenheiros deve ignorar que no Barreiro, já hoje, existem dois Terminais – o porto da Baía do Tejo e o Porto da LBC Tanquipor.

E, pelo que tem sido dito e está demonstrado, contrariamente ao que afirma, com base em regulares dragagens, que são efectuadas, ao nível da actual situação ambiental no Rio Tejo, assim como as futuras dragagens para o novo Terminal não são um problema de incumprimento de legislação ambiental.

Neste regresso de férias, dou comigo sentado na Avenida da Praia, vendo um navio a entrar no Porto da Baía do Tejo, ao mesmo tempo que leio, mais um, de outros, artigos de opinião do Bastonário da Ordem do Engenheiros que se manifesta contra a construção do Porto do Barreiro, mas que, mais uma vez, fica pela argumentação sem justificar as razões do seu não, ficando apenas, no não, porque não…

António Sousa Pereira
27.08.2015 - 16:25
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